Falar e escrever fácil é sem dúvida a melhor maneira de conversar e de se fazer entender. A palavra é mais direta e, portanto, tem mais força e verdade quando chega com facilidade com quem pretendemos nos comunicar. Falar fácil e escrever fácil é uma das muitas lições que o jornalismo me ensinou ao longo de uma carreira (longa carreira) de muitas reportagens, muitas crônicas, muitas críticas, muitas legendas, muitos títulos, muitas edições – enfim tudo o que o jornalismo ensina e exige se a carreira for levada a sério e não apenas exercida como um bico. Comunicar-se com facilidade vale para tudo e para todos os momentos da vida. Quem menos complica, mas se comunica e se faz entender.
Mas não é falar e escrever fácil, ou seja, comunicar-se com facilidade e só assim direta e rapidamente ao que interessa é o que encontramos no dia a dia. A exagerada burocracia está sempre presente complicando as coisas. Dificultando a vida. Quando a burocracia (exagerada em sua própria existência) se impõe (e se impõe sempre) o que entra em cena é o absurdo de palavras desnecessárias e complicadas e de exigências ainda mais complicadas e absurdas. O simples pedido de segunda via de um documento extraviado exige sempre uma complicada carta com palavras que na maioria das vezes a maior parte da população não sabe o que significam. E se não sabem por que exigir que as digam e, o que é pior, as escrevam?
Fica evidente que é fundamental desburocratizar a vida. A primeira providência a ser tomada é permitir que qualquer pedido, o especialmente em documentos oficiais possa ser feito com palavras que todas as pessoas consigam entender. Não é isso que acontece: a burocracia insiste em dificultar a língua portuguesa e a comunicação imediata, como se complicando tudo os burocratas pudessem valorizar seus trabalhos. Só estão dificultando inclusive as próprias funções porque os burocratas de plantão não sabem o que significa aquilo que por obrigação exigem
Algumas profissões são tão complicadas com a língua que os sempre se transformam em momentos de humor como acontece, por exemplo, com a maioria das petições de advogados, o que também ocorre em sentenças judiciais que podem fazer justiça nos julgamentos, mas não fazem a mesma justiça ao português claro, fácil e compreensível, ou seja, o idioma que o povo conhece e fala no dia a dia.
Se o povo não entende a complicada língua da burocracia porque continuar submetendo-o a procedimentos quase sempre constrangedores?
Fico pensando se essa não é uma maneira (até consciente) de manter o povo sem saber das coisas. Sem entender o povo não tem condições de participar. Com esse método cresce a chance de enganar a população e também da burocracia explorar (e explorar em todos os sentidos) ainda mais os que necessitam de serviços públicos. Facilitar a linguagem burocrática (oficial e não oficial) é a única maneira de facilitar a vida do povo. Mas parece quer não é exatamente isso o que se quer por aqui, onde complicar cada vez mais parece ser realmente o que interessa. (Eli Halfoun)
domingo, 20 de novembro de 2011
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