Espalhadas por todas as esquinas as bancas de jornal talvez sejam o mais perfeito retrato da desigualdade social em que vivemos. De um lado em coloridas capas de revistas a visão é de gente saudavelmente sorridente que não parece ter qualquer tipo de problema. Do outro os jornais traçam em um sombrio preto e branco uma existência difícil e complicada. Nada saudável.
São notícias de violência, fotos de cadáveres estendidos na rua, de policiais armados até os dentes (bandidos também?). Essa ainda é (e avançamos muito socialmente) a realidade da maioria da população não privilegiada, quase sempre desamparada. Principalmente pelos que posam alegremente nas capas coloridas.
O contraste exibido e estampado diariamente nas bancas de jornal (os que não podem comprar arriscam uma rápida leitura nos jornais exposto como se fossem cartazes da vida.) O que lhes é oferecido na maioria das vezes é assustador. Mesmo assim não sufoca a esperança dos que um dia sonham melhorar para sair coloridos nas capas de revista às quais não têm acesso. Nem para ler, muito menos como estilo de vida alegre e saudável.
Geralmente não temos consciência de que os que estão no lado colorido das revistas poderiam fazer com que a vida de todos fosse menos fotografada em preto e branco. Revistas e jornais não são culpados de nada: apenas cumprem seu papel de refletir a vida e se as notícias são geralmente ruins é porque insistimos em fazer o dia a dia ficar mais cruel e desumano. Terrível.
Muita gente ligada a comunicação ainda defende a teoria de que só noticia ruim vende jornal. Não é não: se alguém tiver coragem de lançar o “Jornal do Otimismo” descobrirá rapidamente que esperança e otimismo podem vender mais, muito mais, do que tragédias. Um jornal (ou revista) otimista será também a certeza (essa é a esperança maior) de que um dia os que ainda vivem em preto e branco poderão ter uma vida realmente colorida para colorir ainda mais as capas de todos os jornais e de todas as revistas.
Parece que nos acostumamos (e no fundo até gostamos) a falar de coisas ruins. Mesmo assim nos deliciamos com as ricas casas, as roupas caras, as boas e fartas comidas estampadas nas revistas que nos mostram que a vida pode e deve ser colorida para todos. Não significa que o lado preto e branco da vida acabará, mas pode melhor muito. Portanto, só no resta colorir a vida. E não só a nossa. (Ele Halfoun)
sábado, 26 de novembro de 2011
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