Estamos tão acostumados a reclamar (reclamamos mesmo quando não é preciso) que acabamos esquecendo que a vida nos oferece, além das às vezes necessárias dificuldades (são sempre mais um aprendizado). Um dos prazeres mais exercitados durante toda a existência é o de comer: é através do paladar um dos mais literalmente saborosos de nossos sentidos.
Não é mais assim: comer está deixando de ser um prazer para transformando-se em uma preocupação tão grande e tão cruel quanto a de não ter dinheiro para pelo menos alimentar-se comer.
A obrigação de se manter dentro do suposto peso ideal e, portanto, na moda imposta pela balança está tirando de nossos pratos (quase arrancando de nossas bocas) algumas delicias que temperam melhor alguns momentos da vida. Estão nos proibindo de quase tudo: isso não pode porque aumenta o colesterol, aquilo é “veneno” porque faz mal ao fígado, aquele outro tem muita caloria e por aí vai. Pode ser verdade, mas uma verdade exagerada: dia desses um especialista (como surgiram especialistas ultimamente) dizia na televisão que até água mineral faz mal por conter muito sódio. Ora, se a água mineral deve ser evitada e mesmo filtrada água “bical” não é lá muito confiável porque não é tratada como deveria, acabaremos saudáveis, mas mortos de sede.
É proibido proibir, o que não nos livra de um verdadeiro festival de privações alimentares. Estamos “fabricando” pessoas saudavelmente infelizes. Proibir usando o argumento de que assim se ganhará mais tempo de vida tem nos privado mais do que o paladar.
É possível aceita (nunca se aceita com prazer) a mudança de hábitos alimentares que acaba provocando também a privação de outros prazeres. Exemplo: quem gosta de participar de uma festa se não podemos comer e beber o que oferecem? Com que prazer jogar conversa fora no botequim quando não se pode desfrutar de nada ou quase nada?
São proibições e limitações que segundo os especialistas (que nunca fazem o que aconselham) limitações que melhoram a vida. Melhoram em que? Limitadas em tudo e por quase tudo as pessoas ficam infelizes e aí uma questão se impõe: vale mesmo a pena viver mais cinco ou dez anos estando infeliz? Não será melhor viver menos cinco anos, mas viver completamente feliz sem abrir mão de nenhum prazer? Viver será sempre um prazer.
Não se pode criticar quem em nome de uma “vida saudável” siga as regras, mesmo que esteja completamente infeliz, que é como geralmente se sente quem ficas privado de fazer e comer o que gosta.
Sem prazer é viver morrendo. Até quando realmente acredita que viverá mais. Algumas regras podem sim ser seguidas, mas é preciso limitar, isso sim, os exageros desse tempo de vida mais saudável.
Proibir os prazeres da vida, mesmo que sejam apenas os do paladar é decretar a morte. Em vida
domingo, 28 de novembro de 2010
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