quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CRÔNICA ----- Conto de Fadas

Quando somos crianças aprendemos que os hospitais existem para cuidar dos doentes, para salvar vidas, para nos livrar das dores físicas e das doenças. Crescemos e vemos na televisão e nos jornais que a realidade é outra: tudo é completamente diferente do que nos ensinaram na nossa inocente ingenuidade infantil. Parece que hospitais, pelo menos os públicos (e por serem públicos deveriam ser os mais competentes e melhor equipados) fazem exatamente o contrário: não cuidam dos doentes, raramente salvam vidas a e em vez de nos livrar das dores e doenças nos deixam mais doentes e com uma dor ainda maior: a da decepção, da revolta e da vergonha de ter que depender e implorar por um serviço pelo qual pagamos muito caro com nossos impostos.
Quando somos crianças costumamos sonhar em se polícia ou qualquer coisa que nos permita usar farda e vesti-la com orgulho: uniformes militares sempre fizeram (não fazem mais) parte do imaginário infantil. Fardas, especialmente da Polícia Militar não são mais motivo de orgulho, mas sim de medo: agora policiais militares escondem as fardas até nos seus varais, trocam de roupa ao saírem dos quartéis para não virarem alvo fácil de bandidos. A farda que toda criança queria usar quando crescesse hoje precisa escondida – tão escondida quanto a maioria de nossos sonhos de adulto. Na infância aprendemos que a polícia existe para nos dar proteção e tranquilidade, mas agora que estamos crescidos descobrimos que nem sempre é bem assim: a polícia mal está conseguindo se proteger.
Quando somos crianças aprendemos que as autoridades e os políticos (o que da na mesma) existem para nos ajudar, para melhorar as coisas. Basta crescer só um pouquinho para descobrir que isso também não passa de mais um conto de fadas entre os muitos que ouvimos na infância.
Quando somos crianças aprendemos que sonhar é fundamental. Quando adultos descobrimos que os sonhos quase nunca se concretizam. Pelo menos os sonhos coletivos.
Quando somos crianças aprendemos a acreditar no futuro, que se transforma em uma crença absolutamente irreal porque tudo continua sempre na mesma. Ou seja, sem futuro.
Quando somos crianças aprendemos que é importante brincar, mas quando crescemos descobrimos que brincam descarada e vergonhosamente com a gente.
Quando somos crianças queremos crescer para ser logo um adulto. Quando nos fazemos (aos trancos e barrancos) adultos o desejo é voltar a ser criança.
Pelo menos pra poder voltar a acreditar nos sonhos

Nenhum comentário:

Postar um comentário