terça-feira, 14 de janeiro de 2014

CRÔNICA - O carnaval da vida

É tempo de carnaval, festa que já foi considerada pagã e que ainda hoje divide opiniões; tem gente que acha carnaval uma perda de tempo e dinheiro e uma sem-vergonhice, mas há os que esperam e se preparam durante os 365 dias do ano por aquela que é a maior e mais democrática festa do mundo - a única a permitir que todos sejamos príncipes, princesas, reis e rainhas por pelo menos os quatro dias e quatro noites em que somos todos absolutamente iguais para colocar para fora a alegria e as vontades muitas vezes reprimidas por toda uma vida. A questão moderna não é discutir o carnaval e nem olhar a festa apenas como uma válvula de escape das diversas e contidas emoções. Em seus quatro dias de chamada folia o carnaval (a festa é de um dia só: terça-feira que antecede a quara-feira de cinzas). O carnaval é (em apenas quatro dias) o perfeito resumo de como deveria ser a vida. Bem que poderia e deveria ser carnaval o ano inteiro para nos permitir viver intensamente e sem medos o ano inteiro e todos os anos. O carnaval se abre e nos abre para as fantasias (as de tecido e as emocionais), para a alegria completa mesmo que às vezes precise do empurrãozinho do alcoólico. O carnaval também é uma festa de solidariedade: quem coloca o bloco na rua saiu disposto a formar um único bloco com todo que o cercam. Deveria ser assim sempre: todos unidos em torno das mesmas emoções e todos cantando juntos e felizes para fazer uma sociedade unida e na qual ninguém é mais do que ninguém porque, afinal, o carnaval é de todos. Como a vida deveria ser. Não há fantasia mais completa para vestir do que a que aquela que o carnaval nos permite não como traje, mas sim e principalmente como uma lição de vida. Portanto, é hora de rasgar a fantasia dado egoísmo e da hipocrisia, vestir-se de você mesmo e tentar ser feliz o ano inteiro dividindo emoções e canções. Dividindo amor que se cabe inteiro em quaro dias pode caber mais completo nos 365 dias de cada ano. Não é difícil: nós é que fazemos a festa assim como nós é que construímos nossas próprias vidas sempre conscientes de que cada vida ao nosso redor depende da nossa para fazermos sempre um saudável carnaval o ano inteiro. (Ei Halfoun)

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