quinta-feira, 9 de maio de 2013

Tomar dinheiro de cego está deixando de ser só um jeito de falar

“É como tirar dinheiro de cego” – a expressão é popularmente usada para dizer que alguém cometeu um roubo absurdo (todo são) fácil ou que teve uma conduta nada louvável. Os tempos mudaram e o dito popular deixou de ser apenas uma metáfora. Agora reflete uma triste e inacreditável realidade. Ninguém me contou: eu vi um menino de rua tirar dinheiro de uma cega em plena e movimentada manhã na Rua Conde de Bonfim na Tijuca, Rio. A cega estava sentada em um baquinho colocado na frente de uma grande loja e cantava sacudindo um copo de alumínio para que os transeuntes depositassem moedas. Não sei desde que horas a cega ali estava pedindo ajuda. Pelo barulho do copo balançado de alumínio dava para perceber que eram poucas as esmolas que havia recebido. O menino maltrapilho, visivelmente mais um dos muitos abandonados pelas ruas da cidade, encostou perto da mulher e sem qualquer cerimônia nenhuma enfiou a mão no copo fingindo quer ia depositar uma moeda e retirou as quer estavam no copo. Tomou o dinheiro da cega na mão grande (como, aliás, os políticos fazem com a população achando que é cega) e saiu caminhando tranquilamente sem demonstrar (também como os que roubam dinheiro público) qualquer medo ou remorso. O mundo está perdendo o respeito por tudo e por todos. (Eli Halfoun)

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