domingo, 19 de maio de 2013
Novelas não precisam mais de mistérios que se arrastam. Público quer ações qure brotam do coração
Seja em novela, livro, conto e até na vida real toda história precisa ter começo, meio e fim e não é necessariamente obrigatório deixar que o fim seja conhecido, principalmente no caso das novelas, apenas no final da trama. O público acostumado a conhecer (de tanto acompanhar) os mecanismos de uma novela, decifra o final rapidamente. Muitas vezes já no primeiro ou segundo capítulo saca mais ou menos o que acontecerá, embora não saiba como acontecerá. Dessa forma não faz mais sentido alongar “mistérios” que deixaram de ser misteriosos. Parece que enfim nossos novelistas perceberam isso e em muitos casos antecipam revelações até porque lhes permite desdobrar a presença de personagens e aprofundar a trama por outros e também necessários caminhos. É o que acontecerá nos próximos capítulos de “Sangue Bom” quando o público saberá que Bento (Marcos Pigosi) é o filho que Wilson (Marco Ricca) acredita ter morrido no parto, o que de certa forma explica a raiva inconsciente que um tem pelo outro pelo menos até que a verdade seja descoberta e exposta completamente. Até agora a novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari mostrou que não tem a menor intenção de manter a linha do “quem matou quem? e no caso de “quem é filho de quem”. Nenhuma situação que evidenciasse uma relação mais próxima entre os dois personagens foi revelada. Certamente será, mas não como um mistério que se arrastará de maneira muito chara por muitos meses. Revelada essa questão a novela poderá desenvolver uma trama sobre a difícil e afetiva relação que se desenvolve entre pai e filho que nunca desconfiaram de nada. Não tenho dúvidas de que o telespectador se envolverá muito mais nessa questão afetiva do que costuma envolver com situações feitas de intermináveis pontos de interrogação. A novela “Avenida Brasil” trabalhou bem desenvolvendo finais praticamente cada semana e nem por isso perdeu audiência. Pelo contrário: mostrou um novo roteiro e nesse caminho a lição de que em novelas, livros ou na vida real a verdade transparente, mesmo que seja difícil, é o melhor e mais perfeito caminho a ser percorrido. (Eli Halfoun)
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