segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Políticos querem os votos, mas não assumem compromissos com os gays

A política é cheia de sutilezas e cuidados para não perder votos em determinados grupos e não apenas os religiosos. Vejam só o que está acontecendo com a Parada Gay do Rio que tradicionalmente é realizada no mês de setembro na Avenida Atlântica. Em época de eleição a coisa muda: com medo do que poderia acontecer com os muitos votos dos gays o governador Sergio Cabral não permitiu o desfile em setembro e pediu que fosse transferido para outubro já que ninguém esperava um segundo turno presidencial. A data foi então mudada outra vez e agora a pedido da candidata Dilma Roussef. Resultado: a Parada Gay só será realizada em novembro quando nenhum dos dois candidatos corre o risco de perder votos. Nessa disputa eleitoral pela conquista dos “votos alegres” os gays acreditam, como Jane Di Castro disse a O Globo (coluna do Ancelmo Góis) que José Serra esteja por trás da absurda, preconceituosa e incitadora à violência campanha feita através de caríssimos out-doors pelo pastor Silas Malafaia. Eleição não é a única preocupação do eleitorado gay: a violência contra grupos GLS é, agora mais do que nunca, principalmente por conta dos cartazes “malafaianos”, a preocupação maior. É que o número de homossexuais assassinados tem aumentado muito. O Globo revela alguns números: em 2009, 198 homossexuais foram mortos no Brasil, onze a mais do que em 2008 e 76 a mais do que em 2007, representando um assustador aumento de 62%. Segundo o Grupo Gay da Bahia de 1980 a 2009 foram documentados 3.196 homicídios (média de 110 por ano). O presidente do GGB, Marcelo Oliveira diz: “Infelizmente a homofobia é um aspecto cultural da sociedade brasileira que empurra os homossexuais para a clandestinidade fazendo com que permaneçam à margem mesmo quando são mortos. Gays, lésbicas e travestis são mortos de forma cruel, geralmente tendo o rosto desfigurado, e acabam sendo considerados culpados. Só os crimes muito hediondos comovem”. Diante dos números estatísticos e da realidade comprovada pelo GGB fica ainda mais perigosa a campanha sem dúvida de fundo político desencadeada pelo pastor Malafaia que deveria pregar amor e não incitar à violência, o que certamente estás fazendo mesmo garantindo que não é esse o seu propósito.

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