terça-feira, 5 de outubro de 2010

Craque na vida não é quem usa crack. Passione mostra isso

O envolvimento suicida dos jovens (e de muitos adultos) com as drogas tem sido motivo de muitas palestras, estudos, reportagens, artigos e livros sempre na tentativa maior de alertar a juventude para o perigo mortal que as drogas, todas as drogas, representam. Toda ajuda é válida, mas me parece que a melhor abordagem do tema está sendo feita agora pelo autor Silvio de Abreu na novela “Passione”. Silvio não propõe nenhuma solução e nem se coloca como conselheiro, mas mostrar a decadência de um jovem saudável e sem problemas econômicos (emocionais o personagem tem (e muitos) a novela se encarrega de mostrar como é dramático o destino de quem se envolve com as drogas. Talvez esse tipo de susto e alerta seja o que mais funcione como “remédio” para quem acredita que poderá livrar-se das drogas quando quiser e bem entender. Não é assim: o dependente fica cada vez mais vulnerável e depende e seu único destino é o de transformar-se em um miserável humano, um doente gravíssimo que faz de tudo para livrar-se de qualquer tentativa de tratamento porque nunca acredita que é um doente. Silvio de Abreu trata o assunto com realismo e conta com um excelente desempenho de Cauã Raimond interpretando um drogado com perfeição tanto na postura emocional como na física e a reação protetora da mãe, o impotente sofrimento do irmão e a revolta de um pai desajustado também ganham traços reais na novela. Não são poucos os pais como o bem interpretado personagem Saulo, que na vida real também se abstém na hora de ajudar os filhos simplesmente porque não percebem que o filho não é um vagabundo marginal, mas sim uma jovem doente que mesmo que não queira precisa de muita ajuda. O personagem Danilo virou um trapo humano. É exatamente isso o que acontece na vida real: conheço muitos casos assim e um dos mais impressionantes é o de uma médica (excelente cardiologista) que aos 50 anos e com uma carreira brilhante vive (?) hoje na sarjeta (se é que ainda não morreu) para poder consumir crack nas esquinas sujas e amaldiçoadas da vida. A médica apesar de todas as informações às quais tinha acesso foi vencida pela força destruidora de uma droga que decreta a morte de quem a consome. A mulher bonita, inteligente (será que era mesmo?), profissional bem sucedida é hoje um lixo humano que não serve para nada e para ninguém. Nem para ela mesma. Ao abordar o tema sem discursos demagógicos e sem pretensão salvadora a novela “Passione” entrega ao público imagens que falam mais do que milhares de palavras e se não ajudam aos que estão aprisionados pelo vicio alerta com clareza aos jovens para a necessidade de jamais se deixarem envolver com qualquer tipo de droga. Craque na vida não é absolutamente quem usa crack.

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