Limitar anúncios não diminuirá consumo de álcool entre os jovens

Ainda que timidamente já se começa a falar na possibilidade de limitar (ou seria determinar?) o horário em que os anúncios de bebidas alcoólicas (no caso muito mais a cerveja) poderão ser veiculados na televisão. A idéia ganhou força depois que uma pesquisa do IBGE revelou que os jovens estão bebendo cada vez mais e que esse aumento de consumo é bastante influenciado pela propaganda. A publicidade exerce sim uma grande influência nos consumidores de qualquer idade, mas antes que se tome qualquer absurda decisão de cerceamento talvez seja mais eficiente ensinar aos jovens ou a quem quer que seja é na vida é preciso aprender a ter limite (pessoal e não imposto) para tudo, inclusive para a bebida. A pesquisa do IBGE revela que em números gerais 68,7% da população consome álcool. Nesse universo os homens representam 77,3% e as mulheres 60,6%. Os dados concluíram também que no chamado consumo regular, que é de três a quatro vezes por semana ou diariamente os homens estão na liderança com 9,1% (as mulheres totalizam 1,7%) formando a grande maioria entre “os grupos dependentes” (17,1% contra 5,7%¨) de uma média de 11,2% da população considerada dependente. É na faixa etária de 18 a 24 anos que se estabelece a maior preocupação com 23,7% de dependentes masculinos contra 7,4% de mulheres. Preocupa também o consumo exagerado de adolescentes entre 14 e 17 anos. Esse grupo já representa 22%, o que significa um quinto da população brasileira. É para esse aspecto que o psiquiatra Raul Caetano, professor de epidemiologia da Universidade do Texas, chama atenção: “Se pensarmos que apenas pouco mais de 20% da população bebem 40% de todo o consumo anual de álcool e mais ainda, que são jovens fica evidente o risco que a publicidade, cada vez mais voltada para esse público, representa”. Engraçado (para não dizer lamentável) que nesse país em que se fala tanto em educação (aprender a beber é também uma questão de educação) só se pensa de imediato em tomar medidas de cerceamento que certamente não ajudam em nada. Pelo contrário: até podem influenciar mais na medida em que os jovens preferem sempre aquilo que lhes é proibido. Como mostra fartamente o cada vez maior uso de drogas.