sexta-feira, 6 de novembro de 2009

FELIZ ANO VELHO. É ISSO QUE VALE

O ano novo está praticamente aí. É época para que jornais, revistas e todos os outros meios de comunicação escrevam sobre previsões, promessas, planos, felicidade, dinheiro, como e sonhos, como se tudo isso não devesse estar presente o ano inteiro. A chegada de um novo ano no calendário cria uma espécie de euforia coletiva que acaba nos fazendo esquecer que o novo ano é apenas a continuação do velho e que por isso mesmo todo dia devia ser de ano novo, ou melhor, de planos, promessas e sonhos. Principalmente sonhos.
Não há nenhum mal em fazer promessas e construir planos, mesmo sabendo que serão esquecidos logo nos primeiros dias de janeiro, quando a euforia terá terminado e as dívidas aumentado. O ideal é que todos os dias sejam de esperança e amor. O ano novo não representará absolutamente nada se ao final de 2009 não pudermos dar continuidade ao que se conquistou (mesmo que seja pouco) nos novos 365 dias que começam agora, até porque, como diz a sabedoria popular, a vida continua. Continua sempre.
O clima festivo de fim de ano, o entusiasmo com a compra de presentes (na verdade o que se compra são mais dívidas) e com o dinheiro extra do 13º salário (nem tão extra assim já que esperamos e gastamos o décimo terceiro o ano inteiro). A festa acaba criando também um tempo de falsas promessas. Que se perdem no meio da própria festa entre uma e outra taça de espumante.
A confraternização e o carinho expresso são marcas dos dias que anunciam a chegada do novo ano. Parece que uma força estranha faz com que as pessoas percam o medo de assumir o carinho e o amor umas pelas outras. Não ter medo do carinho e do amor explícitos é a única coisa que pode realmente mudar o comportamento de qualquer um de nós no ano novo, que daqui a pouco será ano velho e quando olharmos para trás descobriremos que não fizemos nada ou quase nada do que na euforia da festa colocamos como meta. A meta de qualquer ano e qualquer época tem de ser SEMPRE a solidariedade e o amor. Só quando nos sentirmos assim todo o tempo qualquer ano será mais feliz o ano inteiro.
Mesmo que seja só da boca pra fora o desejo nesse momento exageradamente eufórico é de prosperidade para todos. Prosperidade especialmente afetiva porque a financeira nos livra de dívidas, mas também no acomoda e pode trazer – como traz – traquilidade e conforto, mas certamente não traz o que mais desejamos: felicidade. O ano todo
As coisas seriam mais intensas e melhores se ao final de cada ano pudéssemos sim ter o que comemorar e esperar. O ano novo só será realmente ótimo quando pudermos dizer em coro “feliz ano velho”.
* Aí a vida terá valido a pena
BREVÊ PRESIDENCIAL
Os críticos do presidente Lula (e ele tem muitos apesar de sua imensa popularidade) estão implicando agora com as viagens presidenciais e dizem que Lula já pode tirar brevê: até o final do ano totalizará 81 dias fora do Brasil período, escalonado, é verdade, em que visitou 30 países, quatro a mais das visitas contabilizadas no ano passado quando ficou 70 dias fora do Brasil. Nos próximos dias 15 e 16 o presidente viaja outra vez para participar do encontro Programa das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, que será realizado em Roma, Itália. Em dezembro outra viagem dessa vez para Estoril, Portugal, onde acontecerá a Cúpula Ibero-Americana. O que não se pode negar é que Lula só viaja muito porque fez o Brasil ser respeitado e admirado no mundo.
* Como esse país nunca foi

DINHEIRO, PRA QUE DINHEIRO?
A idéia é a de que o dinheirão de impostos que o trabalhador brasileiro paga exageradamente seja aplicado em saúde, educação e outras prioridades, mas não é exatamente o que acontece. Tem, como sempre, muito dinheiro sendo gasto inutilmente. Anote aí: a Presidência da República investiu R$ 73 mil na compra de 1.782 sapatos masculinos pretos em couro legítimo, com forro interno e palmilha antitranspirante que evita chulé, mas não evita o fedor da sujeira política. Mais R$ 4,3 mil foram utilizados na compra de 18 coturnos pretos de couro. A farra com o nosso suado dinheirinho não se limita a Presidência da República: o Senado também entrou na dança gastando R$7,3 mil na compra de coroas de flores nobres, além de R$ 281 mil com a empresa responsável por serviços de condução e de manutenção de veículos da casa (se a casa tem veículos para que precisa de serviços de condução?). A Câmara não poderia, é claro, ficar fora dessa festa e aplicou R$ 3,2 mil em serviços de lavagem de cortinas, forros e carpetes de seus imóveis funcionais (pelo menos ao contrário dos deputados os imóveis são funcionais), além de R$ 2,3 mil na compra de 30 carrinhos de mão. Deve ser para carregar o salário e o por fora...

REMÉDIOS DOENTES
“Vai um remedinho aí?" – remedinhos de todos os tipos e para todos os fins são oferecidos (e, o que é pior, aceitos) como um delicioso bombom. Medicamentos são formulados quase que diariamente (tem sempre uma novidade, muitas vezes nem tão eficiente, no mercado) para enriquecer cada vez mais os laboratórios e para minimizar as mazelas de saúde que inevitavelmente enfrentamos durante a vida. Esse quase vício de tomar um comprimidinho para isso, outro para aquilo acaba transformando-se em sério risco com a auto medicação, que é também consequência da falta de orientação médica para a maior parcela da população que sem ter onde buscar uma consulta e um atendimento eficaz aceita o conselho quase sempre milagroso dos vizinhos, dos parentes e até de quem mal conhece. Assim se expõe a um nada saudável risco que pode estar até no mais popular dos comprimidos como, por exemplo, a aspirina.
Recente pesquisa realizada na Inglaterra garante que a tão popular e consumida aspirina pode causar sangramentos internos sérios e não previne como ainda se acredita doenças cardiovasculares. A pesquisa realizada com base em estudo britânico publicado recentemente em respeitada revista médica recomenda que os médicos revejam a prescrição de aspirina como preventivo para asa doenças do coração. Pesquisas e estudos com medicamentos conhecidos são anunciados diariamente, sempre com uma suposta novidade deixando a medicina mais confusa do que já é. Nenhuma pesquisa impede inicialmente a auto-medicação - essa sim e também uma doença gravíssima.
PIADA PRONTA
E DE MAU GOSTO
Costuma-se dizer que o Brasil é o país da piada pronta e a cada dia essas pessoas que acham que mandam muito, mas não mandam nada se encarregam de confirmar isso. Agora é a vez de José Mariano Beltrame, o secretário estadual de Segurança Pública, que já vem tentando fazer graça há muito tempo, aumentar o seu rol de piadas sem graça. Não é que ele teve a cara de pau, em meio aos tiroteios e assaltos que apavoram a cidade, de dizer na Câmara dos Deputados, em Brasília (onde devia comparecer para dar voz de prisão a muita gente) que “o Rio não é violento”. Vai ver o nosso secretário de (in) segurança mora em outro estrado ou país. Para justificar tão absurda comparação José Mariano apresentou índices de criminalidade em algumas áreas da cidade que podem ser comparados aos de países europeus. Primeiro estamos (nós, todos os cariocas) loucos para descobrir que áreas são essas que a gente procura, procura, procura... e não acha. Segundo: índices europeus (de violência ou qualquer outra coisa) nada têm a ver com a realidade brasileira seja no que diz respeito ao comportamento da população, aos salários e principalmente a qualidade de vida, especialmente no que diz respeito ao trabalho de segurança pública. Beltrame, que tem tudo para acabar no elenco do humorístico “Zorra Total”, disse ainda que a questão da criminalidade no Rio está restrita a determinadas regiões onde “existem núcleos de violência”. Pelo que se vê e lê o Rio é um núcleo só. De violência, é claro.
Como a preocupação com a Olimpíada já virou (como era de se esperar) desculpa pra tudo o secretário estadual de Segurança Pública não ficou fora dessa e mandou ver dizendo que está preocupado em melhorar os índices de segurança para a Olimpíada 2016. Quer dizer que a segurança pode melhorar e se pode, por que e para que esperar até 20116 deixando até lá o povo no meio desse cada dia mais cruel fogo cruzado de algumas (vai ver ele quis dizer todas) as áreas. E depois de 2016 como é que fica? Sem mídia, que será grande durante a Olimpíada, a tendência é o Estado ficar entregue as baratas e aos ratos, o que, pensando bem, já está. Aliás, a manchete do jornal Povo resumiu bem o que o carioca certamente pensa das declarações do Secretário de Segurança: “Ele só pode estar de sacanagem”. Ta mesmo.
BRASIL MOSTRA A TUA CARA
Que venham os turistas estrangeiros com seus euros (nesse momento nós e o mundo estamos dispensando dólares) atraídos por nossas imbatíveis belezas naturais e por outras ofertas nada recomendáveis. Embora os gringos sejam importantes turisticamente não se pode esquecer o chamado turismo interno que também é uma alta fonte de renda. O turismo interno, ou melhor, os brasileiros descobrindo, enfim, o Brasil e percebendo que a sempre tão sonhada Miami é uma fria. Parece que pelo menos turisticamente o Brasil está finalmente ficando nas mãos dos brasileiros que proporcionaram um aumento de 83% em número de viagens turísticas em relação ao total registrado entre 2005 e 2007. Recente estudo mostra que esse crescimento ocorreu pela maior participação das classes C e D no consumo. Não é quem ganha altos salário (alto salário nesse país de mínimo salário mínimo é quase ficção) o viajante mais comum: pesquisa do Instituto Vox Populi ( realizada entre 17 de junho e 17 de julho desse ano) revela que nos dois últimos ano 35,5% das pessoas que viajaram ganham até cinco salários mínimos e 61%estão ente os que recebem até dez mínimos Entre os felizardos que ganham mais do que dez mínimos os turistas representam 39%.
A maioria (63,2%) prefere pagar a viagens à vista, mas 36,8% na dispensam as suaves ( nem sempre tão suaves assim) prestações e 64% preferem “turistar” em cidades de praia, principalmente da Região Nordeste. Nenhuma novidade na confirmação de que a festiva Bahia é o destino preferido de 11,6% dos entrevistados. Afinal, o brasileiro gosta é de festa e o Brasil é, em todos os sentidos, uma festa. Para o Ministério do Turismo o aumento do turismo interno reflete o maior crescimento da economia, sobretudo em 2007, e melhoria no mercado de trabalho. Um dado que a pesquisa não revela, mas que está na cara é o de que tem muita gente viajando apenas em busca de paz e aí a solução é fugir da violência implantada (parece que definitivamente) nos grandes centros urbanos. Nossos turistas preferem (41,8%) viajar de carro, o que confirma a necessidade de maior fiscalização nas estradas, inclusive da lei seca, sempre muito criticada, mas sem dúvida eficiente. Boa parte (33.5%) dos turistas prefere o avião, o que não deixa de ser um bom programa para quem gosta de sofrer nos nossos nada confortáveis aeroportos. Há (23,8%) ainda preferem os ônibus.
Os dados não deixam de ser um alerta para a necessidade de incentivar cada vez mais o turismo interno. Só assim os brasileiros poderão descobrir o Brasil. É verdade que apenas um Brasil de cartão postal e não o Brasil pé no chão, escravizado pela falta de condições sociais, sofrido, massacrado e esquecido. É esse Brasil que, com ou sem turismo, precisa ser lembrado e descoberto. Principalmente por aqueles que o governam.

SEM LENÇO, SEM DOCUMENTO
No movimentado blog paniscumovovum o jornalista Gonça praticamente esgotou o assunto em torno da polêmica (diria até grosseira, mesmo que verdadeira) declaração de Caetano Veloso ao manifestar seu apoio à candidatura Marina Silva à Presidência da República (“É inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro”). Assim como qualquer um Caetano tem, sim, o direito de pensar o que quiser e o também democrático direito de expressar sua opinião, até quando o faz com a mesma grosseria que aponta no presidente. Anotem aí: esse episódio não ficará apenas no disse-me disse. Lula certamente vai reagir e também está em seu pleno direito democrático. Certamente a intenção de Caetano não era a de ganhar espaço na mídia que esse ele e seu indiscutível talento musical nem precisam mais, mas a bombástica declaração repercutiu e continuará repercutindo e dividindo opiniões, o que é saudável no também saudável jogo democrático. O mais engraçado é que esse agora falastrão Caetano era duramente criticado quando com preguiça baiana limitava-se a responder com um “é”, “pois é” ou um simples “sei não” as perguntas que lhe eram feitas. Ninguém gostava (virou até motivo de gozação) do tom monossilábico de Caetano como parece não estar gostado agora quando ele mostra não ter papas na língua. Essa discussão ainda renderá muito e acabará sem qualquer conclusão como, aliás, acontece sempre na política. Então vamos ficar assim: eles que são nordestinos que se entendam”. Se é que é possível.
CARIOCA IMPORTADO
NÃO É CARIOCA
Apesar da exagerada papagaiada em tudo (comportamento, figurinos, gesticulação) todo mundo gosta e se diverte com o personagem Zé Carioca, criado em 1942 nos estúdios Walt Disney para incrementar as relações com o Brasil na segunda guerra mundial. As novas gerações nem conhecem tanto assim um dois mais populares personagens de Disney, mas as mais velhas certamente divertiram-se bastante com o desenho animado (longa-metragem que tinha Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, como tema musical) e as histórias em quadrinhos. Zé Carioca era sem dúvida muito divertido, mas isso não o credencia a ser o mascote, como foi sugerido, da Olimpíada de 2016 que será realizada no Rio, se o Rio cumprir direitinho ( é aí que a porca torce o rabo) tudo o que prometeu. A Proposta de oficializar Zé Carioca como mascote certamente nem está sendo levada muito a sério, embora não se possa negar que ao lado do Pato Donald e, depois, dos Três Porquinhos e Panchito, Zé Carioca divulgou muito o Brasil. Afinal, o Rio tem artistas plásticos criativos e excelentes e não precisa importar um símbolo criado nos Estados Unidos e hoje completamente fora de forma. O Rio precisa criar seu próprio símbolo para a Olimpíada, mas não me venham com aqueles repetitivos bonecos de calça branca, camisa listrada e chapéu de palha. O Rio é muito mais do que isso. Merece mais do que um americanizado Zé Carioca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário