segunda-feira, 23 de novembro de 2009

CERTEZAS E INCERTEZAS

Certezas e incertezas
2009 está indo embora e já vai tarde. Essa é uma das certezas que o ano que acaba nos deixa porque não queremos escrever novamente na nossa história a vergonheira política e outras mais com as quais tivemos de conviver. Na verdade aturar.
2010 está chegando (como sempre chegam tudo e todos) cheio de esperanças, de certezas e, mais, muito mais, de incertezas que essas são uma constante na vida. Se tudo fosse absolutamente certinho, se soubéssemos tudo o que acontecerá viver certamente não teria a menor graça: seria repetitivo e extremamente monótono.
Uma certeza que podemos ter é a de que se 2010 depender de avião para chegar certamente chegará com horas e horas de atraso, depois de enfrentar o sempre instalado caos nos aeroportos. Desse jeito corre o risco de 2010 só chegar em 2011..
Outra certeza é a de que por maior que tenha sido a boa vontade do Presidente da República será impossível viver dignamente recebendo míseros salários, se todos tiverem (e terão) como base o aumento do salário mínimo.
Talvez a certeza maior seja a de que dificilmente faremos tudo o que nos prometemos em toda a virada de ano, ou seja, parar de beber, parar de reclamar, fazer dieta, parar de fumar e mais e mais. No começo a gente até tenta, mas sempre com a certeza de que depois dos primeiros quinze dias de “esforço” voltaremos ao normal: continuaremos empurrando o amo com a barriga (aliás, cada vez maior, não o ano, mas sim a barriga)) até o próximo dezembro quando repetiremos as mesmas promessas. Sempre com a certeza de que nada cumpriremos. Exatamente como fazem os políticos.
As incertezas são muitas e maiores, mas a que se faz mais constante está relacionada ao destino que o país buscará. Será que, enfim, o Brasil dará certo? Será que a política e os políticos finalmente descobrirão o que é ser decente?
Cada um de nós pode passar horas falando de incertezas, mas talvez a melhor conduta nesse final de ano é ficar com a certeza, especialmente a certeza de que tudo ainda depende (e sempre dependerá) de nós.
* Portanto, o melhor é que tenhamos certeza de nós mesmos

SAI PRA LÁ,
GORDINHA
Sabe aquelas senhoras rechonchudas que faziam a alegria dos pintores e literalmente enchiam os salões de festa da antiga?
Pois é, hoje elas não passariam (e não só porque não caberiam) pela porta de qualquer atelier. Enquanto “nas antigas” as gordinhas (só para usar um termo mais gentil) eram retratos da beleza hoje são sinônimos de doenças e falta de cuidados com o corpo. Se for verdade que somos aquilo que comemos estamos comendo mal, muito mal, embora não se possa negar que os alimentos menos ou nada saudáveis são os mais saborosos. A dieta do brasileiro está recheada de carboidratos, açucares e gorduras. Resultado: já temos gordinhos e gordinhas demais, o que significa dizer que não demora muito teremos mais e mais pessoas com diabetes, acidentes vasculares cerebrais e infartos. Recente estudo revela que 43,3% da população estão com sobrepeso e 13% já estão obesos. O estudo mostra também que em 1996 13,4% das crianças com menos de cinco anos eram atingidas pela desnutrição. O quadro mudou: em 2006 a desnutrição caiu para 6,7% (uma queda de 50% em dez anos). Há quem acredite que se o Brasil mantiver o ritmo, a desnutrição será praticamente nula entre 10 a 15 anos, mas em compensação seremos um país de gordinhos. É preocupante: se o acesso a alimentação contribui para a redução da desnutrição, por outro lado está proporcionando o aumento na estatura do brasileiro, ou seja, a má alimentação associada a falta de prática de exercícios físicos e, em conseqüência o sobrepeso é responsável por doenças evitáveis (diabetes, acidentes vasculares cerebrais, infartos), males para os quais os jovens se encaminham no prato nosso de cada dia: de acordo com a coordenação de Doenças não Transmissíveis, do Ministério da Saúde “os jovens estão se alimentando mal e não estão praticando esportes”, o que resultou no crescimento da Massa Corporal (já estamos com 82%) dos adolescentes entre 10 a 19 anos.
No Brasil quem passou, enfim, a poder comer pelo menos uma vez ao dia, é obrigado a recorrer, por conta dos custos daqueles qualificados como alimentos saudáveis, aos carboidratos (arroz, macarrão, batata e pão, principalmente) e aos açucares, especialmente as sobremesas mais baratas como goiabadas, marmeladas, docinhos vendidos em camelôs, e biscoitos. Sabemos todos que a alimentação inadequada é uma das causadoras da obesidade. Essa é também uma das maiores preocupações dos Estados Unidos (continuamos copiando as besteiras de lá), onde os rechonchudos não conseguem fazer seguros de vida. Deixemos os americanos pra lá: aqui o que se faz necessariamente urgente é ensinar (até nas escolas) que alimentação saudável é vida. Gordura não é sinal de saúde. Nem de beleza.
OS PERNAS- DE-PAU
DO GOL MIL DE PELÉ
Nos últimos dias a televisão e os jornais têm dedicado um bom espaço para relembrar o milésimo gol de Pelé, mas ninguém lembrou que na época um Pelé em prantos pediu para que se tirassem os meninos das ruas, do abandono, da subvida. O então jovem Pelé foi chamado de demagogo, de aproveitador de uma situação esportiva para fazer um “discurso social”. Hoje ao mesmo tempo em que reverenciamos o histórico gol mil de Pelé é ainda possível perceber que ele estava coberto de razão: quatro décadas depois o Brasil tem 1,8 milhões de crianças entre 15 e 17 anos fora das salas de aula e quase todas envolvidas com o crime. Não as teria se a palavras choramingadas por tivessem pelo menos sido ouvidas. Assim mais do que um fato esportivo o milésimo gol de Pelé poderia ter sido um gol de vida. Foi o abandono para o qual Pelé chamou atenção que colocou nas cadeias do Brasil mais de 22.700 presos, hoje com idades variando entre 40 e 60 anos, ou seja, os que na época eram as crianças para as quais Pelé pedia apoio e atenção. Meninos de ruas se espalham aos montes por todas as esquinas do Brasil, muitos usando a camisa 10 (nem sabem direito o que é) que Pelé transformou em símbolo de competência dentro de campo, mas que as autoridades - aquelas que adoram e adoram aparecer ao lado de Pelé – não conseguiram transformar em símbolo de nada, provando uma vez mais que não passam de uns pernas-de-pau.
A NOVA SINFONIA DA
CIDADE MARAVILHOSA O Rio de Janeiro de encantos mil continua sendo o coração do Brasil, mas a trilha sonora mudou: O som de trompetes e taróis em ritmo alegre de marcha foram substituídos pelo som de tiros – uma sinfonia que nos assusta. Não vamos nos acostumar, embora 70% dos cariocas admitam ouvir tiros de vez em quando, enquanto 30% da população garantam ouvir o barulho de tiros sempre.
Esse é o resultado de pesquisa realizada pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a UERJ. O estudo traçou um novo mapa da cidade conforme a intensidade do barulho de tiros e destacou que “a existência ou proximidade de favelas são fatores que acendem o sinal vermelho”.
Culpam as favelas, mas não é bem assim: o som da violência não é provocado pela maioria de trabalhadores que habita as favelas. É quase sempre resultado das invasões policiais com seus “caveirões” e armas nos morros ou favelas do asfalto. O estudo revela que “o aumento de freqüência de barulho de tiros e proximidade com locais dominados por traficantes armados levam a interpretar errado o barulho”.
O milhão e meio de moradores das 513 comunidades faveladas listadas pelo IBG até o ano 2000 é de trabalhadores. Por falta de opções de moradia a cada mês surgiu, nos últimos dez anos, uma nova favela com 50 casas. Em 1991 havia 384 favelas no Município do Rio de Janeiro. Em 2000 o número aumentou em 30,2%. No Estado do Rio o número de áreas carentes subiu de 661 para 811 (acréscimo de 22,7%).
A partir desse mapa do som da violência é preciso fazer um outro tipo de barulho para orientar políticas públicas já que a pesquisa reflete a sensação de insegurança dos cariocas.
SALVE O FEIJÃO MARAVILHA
DOS ESCRSAVOS E SENHORES
“Fulano está batendo um prato de feijão com arroz” ou “mulher, bota mais água no feijão que estou levando um amigo para jantar” – essas são expressões populares de certa forma que pretendem mostrar que feijão é comida de pobre. Não é e nunca foi: ao contrário do que conta a história o feijão não frequentava apenas os pratos dos escravos, mas também a mesa dos “senhores” que foram os criadores da nossa tradicional feijoada. Com base em depoimentos do pintor francês Jean –Baptiste Debret, que desembarcou no Brasil em 1816 e viveu no Rio ao longo do século 19, o pesquisador Almir Chaiban El-Kareh, da Universidade Federal Fluminense, que mostrar que a feijoada,como é servida até hoje, não surgiu com os escravos que utilizavam sobras de carne, mas sim nas famílias ricas “porque na época os miúdos eram valorizados pelas elites. Os ricos comiam refeições com feijão incrementados com diversos tipos de carne, enquanto os pobres comiam feijão ralo com pequenos pedaços de carne-seca” como, aliás, acontece até hoje. Até agora a informação é de que a feijoada surgiu como invenção dos escravos que juntariam sobras de carnes não aproveitadas pelos ”senhores” ou como também conta a história seria uma invenção de famílias de poucas posses que requentariam sobras de refeições para reforçar a alimentação. A tese do pesquisador Almir Chaib, mostra que a feijoada foi criada para servir como comida para as elites do século 19. Mesmo assim no começo os ricos não admitiam a preferência pelo já na época feijão nosso de cada dia e como escreveu Debret “os pequenos comerciantes comiam feijão com um pedaço de carne-seca e farinha, regado com muita pimenta, mas faziam as refeições escondidos de todos no fundo das lojas”. Só a partir de 1830 pobres e ricos comiam feijão (existem no mundo 4.600 grãos classificados como feijão) com carne seca todos os dias, o que acabou fazendo o feijão sobressair e conseguir mudar hábitos europeus de alimentação, deixando o cozido português apenas como opção. Aqui a feijoada ganhou ritmo de festa (aliás, é praticamente sinônimo de festa), mas quando é completa ainda é um prato permitido apenas para os “senhores” que nos finais de semana, faça chuva ou faça sol,“caem” de boca em uma suculentas feijoada e deixam de lado os conselhos de cardiologistas que acham a feijoada um veneno para o coração porque é repleta de gorduras, mas eles,os cardiologistas, também não resistem ao saboroso e mais popular de nossos raros típicos. Afinl, feijão tem gosto de festa. Ou não tem?


CUIDSDO: SAL É O
VILÃO DOS OLHOS
Aquele salgadinho (salgado mesmo) fundamental para acompanhar um chope gelado e que você come sem culpa pode ser o vilão de seus olhos. Recente pesquisa publicada no American Journal of Epidemology revela que comer muito sal pode acelerar o aparecimento da catarata, responsável por cerca de 50% dos casos de cegueira no Brasil.
Entenda melhor: a catarata é um distúrbio comum a partir dos 65 anos e que leva a perda da transparência do cristalino, lente que fica atrás da pupila e é responsável por dar foco à visão. Oftalmologistas afirmam que não dá para prevenir o surgimento da catarata, mas é possível retardar e uma das formas é reduzir o consumo diário da quantidade de sal: comer muito sal acelera o aparecimento da catarata porque dificulta a manutenção da pressão do cristalino que para ficar transparente precisa estar com baixos níveis de sódio.
A orientação é que o consumo seja de no máximo seis gramas de sal por dia, equivalente a uma colher de chá. O alerta é importante já que segundo a Organização Mundial de Saúde “o brasileiro ingere o dobro ou até o triplo da quantidade de sal recomendada pelos médicos.”.
Segundo o estudo desenvolver catarata ao longo da vida é praticamente inevitável porque o problema está diretamente ligado ao envelhecimento. Calma, nada de ficar apavorado: a cirurgia de catarata é simples e a mais comum entre os adultos (450 mil são realizadas anualmente pelo SUS) acima dos 65 anos. Sempre com resultados bastante satisfatórios em mais de 95% dos casos.
Mesmo assim não custa nada prevenir-se: de saída tire o saleiro da mesa, reduza o sal no preparo dos alimentos (aliás, comer virou um perigo já nos proíbem de quase tudo: gordura, açúcar, carne, os prazeres da “boa mesa”), elimine as latarias (conservas e todos os produtos industrializados) Não é só: além de cuidar da alimentação evite o excesso de radiação ultravioleta. Em outras palavras: proteja os olhos do sol usando óculos escuros (de boa qualidade) e chapéu. O sol causa danos que não se limitam à catarata: provoca também uma série de degenerações maculares.
Prevenir é como diz a sabedoria popular, o melhor remédio para viver mais e melhor. Afinal ainda temos muita coisa para enxergar,além de tiroteios e assaltos
ATÉ QUE ATÉ QUE
A VIDA NOS SEPARE
Quem abriu uma pequena empresa mesmo que seja só para receber serviços prestados com nota fiscal ( caso de muitos jornalistas) sabe que abrir a empresa é muito mais fácil do que livrar-se dela. Não basta fechar a porta e ir embora: antes disso existe toda uma complicada (desnecessária até) burocracia a ser cumprida. Abrir (empresa, é clara) é muito mais fácil do que fechar. O casamento é mais ou menos assim: casar é fácil, mas a separação é complicada. Era: para a maioria das separações não é mais necessário constituir advogado, pagar caro esperar durante anos a lentidão da Justiça. Desde 2007 quando foi sancionada a lei 11.441/07, a separação não consome mais do que 72 horas e custa menos do que R$ 300 quando realizada em cartório. Acabou aquela obrigação do “até que a morte nos separe”. Agora é só até que o cartório nos separe - o que tem funcionado bastante: desde que a lei entrou em vigor houve, em todo o Brasil, 40% de aumento em pedidos de divórcio via cartório. Tem muita gente descasando diariamente: no Rio são realizados 20 mil divórcios por ano nos 30 cartórios que possuem atribuições notarias. Até agora o Tribunal de Justiça do Estado fez 333.327 novos pedidos de divórcio consensual. Separar está bem mais fácil do que casar: hoje é possível o casal brigar no café da manhã e separar no jantar. Nesse caso talvez seja melhor não tomar mais café da manhã em casa ou passar a tomar café várias vezes até conseguir uma briguinha. Parece que a separação é consequência natural do casamento: segundo a Fundação Getúlio Vargas e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) O Judiciário brasileiro realiza em média, 260 mil separações, divórcios e inventários por ano, dos quais 70% são consensuais.. Está tão fácil divorciar-se que o número de casamentos tipo sessão passatempo pode aumentar até porque agora o casamento é “até que a vida nos separe”.

IMPRENSAMERICANA
ESTÁ IMPRENSADA
A crise financeira atinge violentamente o até então forte mercado editorial dos Estados Unidos obrigando grandes editoras a fazerem verdadeiros malabarismos (como, aliás, sempre aconteceu por aqui) para diminuir os prejuízos. É, por exemplo, o caso da editora Condé Nast, responsável por, entre outras revistas, a Vogue que é um sucesso mundial. A editora está buscando fora do país (parece que lá nos states só socorrem os bancos e as montadoras de automóveis) alternativas. De saída quer reajustar royalties e “empurrar” mais alguns títulos. No Brasil, a Conde Nast conversa com a Carta Editorial, que edita a Vogue por aqui, mas a editora não mostrou nenhum interesse (a maré ta braba mesmo com “uma marolinha”) em passar a editar também uma versão brasileira da revista Gentleme1s Quartely, o que pode fazê-la perder os direitos de publicação da Vogue já que a Editora Globo, com a qual foram iniciadas negociações, só aceita ficar com a Gentlemen’s se puder ficar também com a Vogue. Muitas letrinhas ainda voarão até o final dessa história até porque a Carta Capital tem segundo se comenta, um longo contrato de exclusividade para publicar a Vogue brasileira, mas como no Brasil tem jeitinho pra tudo Globo e Carta Capital podem ficar sócias pelo menos nesse projeto, o que seriai uma boa, principalmente para nó, jornalistas realmente profissionais.
TURMA GULOSA DE BRASÍLIA
COME O NOSSO DINHEIRO
Se depender do que come às nossas custas daqui a pouco a turma da União, incluídos aí evidentemente deputados e senadores, que são mesmo, em sua maioria, do time “come e dorme” estarão todos obesos. Recente levantamento mostrou que a turminha gulosa gastou de janeiro até setembro nada mais nada menos do que R$1,5 bilhão em alimentação, item no qual o dinheiro de nossos impostos foi, digamos, mais empregado (eles comem de montão e a população passa fome). O levantamento revela que o gasto total da União com seu pessoal foi até setembro de R$ 2,6 bilhões, o que equivale a cerca de R$ 32 milhões por mês, ou seja, perto de R$ 1 milhão por dia. O quesito (parece mesmo o samba do crioulo doido) alimentação gastou mais, mas não houve economia em diárias (foram gastos R$ 544 milhões). Em seguida estão as passagens quer consumiram R$ 487 milhões (a turminha adora viajar). O levantamento revela que entre os poderes o Executivo é o que gasta mais (cerca de R$ 1,89 bilhão) sendo R$ 958 milhões em alimentação, R$ 502 milhões em diárias e R$ 434 milhões em passagens. Do jeito que essa turma gulosa gasta em alimentação talvez o ideal seja transformar o Congresso em SPA, incluindo aí caminhadas diárias para emagrecer e economizar nas passagens.
eli.halfoun@terra,com.br

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