terça-feira, 3 de novembro de 2009

A COR DA VIDA

Vão começar os contrastes de fim de ano: a televisão fica mais iluminada com a queima de fogos transmitida de Copacabana e que reúne uma multidão para ver o céu mais colorido e permitir que pelo menos nessa noite todos sejam democraticamente iguais. Da janela do meu quarto o céu se ilumina com os fogos que explodem na chamada parte boa do morro do Salgueiro. São fogos menos intensos e menos coloridos do que os de Copacabana, mas a alegria de quem está por certamente tem a mesma intensidade. Nesse momento todos parecem estender a mão para a felicidade
A última noite do ano e o início do que todos esperam seja realmente o de um “novo tempo” é a mesma para a multidão aglomerada em Copacabana e das pessoas que da janela de seus luxuosos apartamentos ou das festas nos barracos. Todos vibram com a queima fogos na praia ou no morro. É como se estivessem queimando o passado e abrindo um novo clarão para o futuro. Na última noite do ano todo mundo é pelo menos uma vez por ano, igual: a alegria é a mesma; a esperança é total; a ressaca é igual para quem tenha bebido em excesso champanhe verdadeiro ou cerveja, cachaça, cidra (que horror!) ou vinho, se é que se pode chamar assim o de garrafão. Na praia, nas luxuosas e fartas coberturas ou no barrento chão do morro todos esperam e torcem para que o ano novo seja feliz, perfeito e a cada dia com menos e menores contrastes.
Queima de fogos nos morros não chega a ser nenhuma novidade: fogos de artifício, sem falar nas verdadeiras balas dos revólveres e metralhadoras, que sempre se perdem no corpo de alguém no asfalto, estouram o ano inteiro, seja para anunciar que o baile funk começará, que a nova remessa de drogas chegou ou que a polícia está subindo, como se isso adiantasse alguma coisa.
Mas nos minutos finais da última noite do ano a queima de fogos no morro ganha proporções diferentes. É como em qualquer parte do mundo um sonoro aviso que a hora é de juntar todas as esperanças. No pular, sim: sempre existe mais do que uma única esperança. Nessa noite de festa os fogos não assustam. Representam o barulhento clarão de uma mesma esperança. É um espetáculo alegre e de paz. Como deveria e poderia ser o ano inteiro.
Cachaça Especial
É dia disso, dia daquilo. Tem dia pra tudo no Brasil que ganhará mais uma, digamos, data festiva: 13 de setembro passará a ser o Dia Nacional da Cachaça, data aprovada pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara. A escolha do dia 13 do dia 13 de setembro é histórica: foi em 13 de setembro de 1661 que aconteceu uma revolta popular contra a colônia portuguesa que proibiu a comercialização do produto. O Brasil quer que a cachaça seja reconhecida internacionalmente como uma bebida autenticamente brasileira até porque é uma das preferências nacionais, o que leva a crer que não demora muito será criado também o Dia Nacional da Bunda que como se sabe é outra das preferências nacionais.
* Nesse quesito as brasileiras são imbatíveis
Mais documentários
Não se sabe ainda qual tem sido o comportamento na bilheteria, mas o bom resultado conquistado na mídia para o lançamento do documentário “Alô, alô Terezinha” que “viaja” pela carreira de Chacrinha deixou o diretor Nelson Hoineff tão entusiasmado que ele decidiu continuar dirigindo documentários e o próximo será sobre a carreira de Agnaldo Timóteo. Experiente diretor e excelente jornalista Hoineff quer deixar para a história a história de muitas vidas.
Só assim o Brasil deixará de ser um país sem memória
Brevê presidencial
Os críticos do presidente Lula (e ele tem muitos apesar de sua imensa popularidade) estão implicando agora com as viagens presidenciais e dizem que Lula já pode tirar brevê: até o final do ano totalizará 81 dias fora do Brasil período, escalonado, é verdade, em que visitou 30 países, quatro a mais das visitas contabilizadas no ano passado quando ficou 70 dias fora do Brasil. Nos próximos dias 15 e 16 o presidente viaja outra vez para participar do encontro Programa das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, que será realizado em Roma, Itália. Em dezembro outra viagem dessa vez para Estoril, Portugal, onde acontecerá a Cúpula Ibero-Americana. O que não se pode negar é que Lula só viaja muito porque fez o Brasil ser respeitado e admirado no mundo.
* Como esse país nunca foi


Televisão é uma piada
Assistir televisão não é a melhor opção para uma tarde de domingo, mas é sem dúvida a mais procurada por um grande público que por falta de condições financeiras não tem como sair de casa. As opções de programação oferecidas pela televisão não são das melhores. Ainda assim não se pode negar que O Domingão do Faustão cumpre direitinho o objetivo finalidade de ser não mais do que apenas um passatempo dominical. O programa até tem aberto oportunidades para jovens talentos musicais geralmente condenados a tocar (ou fazer barulho) em uma garagem que é, aliás, o título do quadro. Outra proposta de Fausto Silva é a de revelar o novo humor do Brasil (o velho é sem dúvida o de Brasília) através do quadro “Quem chega lá”. Só pode ser humor a maneira de apresentar os candidatos: Faustão solta a voz e apresenta o concorrente do novo humor do Brasil dizendo que fulano tem muitos anos de carreira e se apresenta no teatro em clubes e em casas noturnas. É a primeira piada: como é que alguém pode ser novo depois de tantos anos de carreira nas costa?
Lata nova, vinho velho
Quem experimenta, estuda e pesquisa vinho (todo mundo acha que entende do assunto, mas são poucos os que realmente sabem das coisas) não deve andar nada entusiasmado com essa idéia de desengarrafar o vinho e transferi-lo para umas frias latinhas de alumínio como já fizeram (e descaracterizaram) com a cerveja.O bom vinho, quer sempre teve nos variados tipos de garrafas e nos rótulos dois de seus muitos prazeres está sendo enlatado, como se fosse uma sardinha ou salsicha qualquer. O primeiro (tomara que seja o único) é o tinto frisante Vino & Fashion (não poderia haver nome mais inapropriado para um vinho) que começou a ser comercializado inicialmente na Itália e está desembarcando por aqui importado pela Solex Brasil. A novidade foi “criada” pela Pico Maccario uma das mais renomadas vinícolas italianas. O Vino & Fashion é feito com a uvavitinifera lambrusco cultivada somente no interior da Itália. Os primeiros enlatados são tintos, mas os irmãos Vitalino e Pico Maccario, proprietários da vinícola, prometem lançar também latas de vinho branco. Os franceses devem estar com ódio.

Qual é mesmo a cor do talento?
Existe preconceito racial no Brasil? – essa é uma pergunta feita constantemente e para a qual a resposta é da boca pra fora um sonoro e hipócrita não. Mas não é o que o dia a dia nos mostra: estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada revela que o perfil do empregado que as empresas procuram é de homens (63%) e brancos (58%), números que descartam friamente os negros. Se não é preconceito é o que?
Outra manifestação preconceituosa é a que destina cotas para estudantes negros nas universidades. Não estão, como se finge acreditar, beneficiando os negros: estão passando a mão na cabeça deles para disfarçar as restrições que enfrentam diariamente.
Vejamos: o branco é mais bem colocado socialmente, mas isso não o faz um aluno mais preparado do que um estudante negro que mete a cara nos livros porque sabe que para poder continuar estudando é obrigado a ser um aluno exemplar. Assim mesmo enfrenta, como também mostra a pesquisa, maiores dificuldades para conquistar uma vaga no mercado de trabalho.
O estudo do Ipea revela que embora 9,134 milhões de pessoas tenham procurado (em 2007) emprego no país apenas 1,673 milhões estão aptas para ocupar as vagas disponíveis, mas o estudo não especifica a cor da pele dos que estão ou não estão aptos. Não é exatamente a aptidão que pesa mais na hora da escolha final. A cor da pele tranca com cadeados de preconceito as portas do mercado de trabalho aos negros.
Assim uma enorme fatia do povo é empurrada para trabalhos informais, que são “atividades de sobrevivência de populações marginalizadas no mercado de trabalho” gerando assim maior número de ambulantes e de “quebra galhos”, ou seja, de milhões de trabalhadores movimentando a economia informal.
O número de empregos formais gerados no Brasil precisaria ser 473% maior do que as 1.592 milhões ofertas. A conta simples: faltam mais de oito milhões de empregos para o sonho de criar 10 milhões de novas frentes de trabalho. Resumindo: a falta de empregos afeta os brancos e os negros, mas as poucas vagas limitam ainda mais a possibilidade do negro trabalhar com carteira e direitos trabalhistas. Estão tirando dos negros (e dos pobres) todos os direitos. Com preconceito enrustido fica pior. As coisas precisam ficar claras para todas as raças. Todas as pessoas.
As novas cores do turismo
Demorou, mas finalmente o Rio está abrindo os olhos para a importância do turismo gay, que já é uma realidade em vários países. Na recente parada gay (a 14ª) que coloriu a praia de Copacabana com as cores do arco-íris o prefeito Eduardo Paes anunciou a criação de uma coordenadoria de governo só para tratar das causas homossexuais a fim de garantir direitos e combater preconceitos e violência. “O Rio – diz o prefeito – é uma cidade aberta à diversidade. Economicamente o turismo gay é muito importante”. Torcendo o nariz os mais preconceituosos certamente dirão que a Prefeitura tem mais o que fazer. Tem sim, e por isso mesmo não pode se dar ao luxo de abrir mão da arrecadação que o turismo gay pode proporcionar a essa cidade maravilhosa que como diz o empresário Gilles Lascar (dono da boate gay Le Boy) “tem um clima perfeito, uma noite superinteressante, homens bonitos.” Incentivar o turismo GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) também é uma das preocupações da Associação Brasileira de Turismo. Não é para menos já que como diz o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc “as duas causas que mais avançam no mundo são a ambiental e a dos direitos civis e nós não seremos um planeta saudável com poluição e com preconceito”.
O Brasil da próxima Copa do Mundo e da Olimpíada não pode abrir mão de seu potencial turístico para atrair o público gay que mete a mão no bolso para gastar – e gastar bem. Não é obrigatório simpatizar, mas é obrigatório não desprezar as pessoas por sua opção sexual e afetiva. Economicamente o mercado não pode mais dispensar esse grande público consumidor, que se hoje é mais aceito e compreendido, em um passado não muito distante era obrigado a viver em guetos e marginalizado. Historicamente o Rio é uma cidade gay e o grande ponto de encontro era o antigo Largo do Rocio, hoje Praça da República. Nos anos 50 criou-se a bolsa de Copacabana em frente ao Copacabana Palace. Por conta das absurdas perseguições os grupos gays eram itinerantes: nos anos 60 e 70 fizeram da galeria Alaska, em Copacabana, seu ponto de encontro e foram caminhando até criar a bolsa de Ipanema (também conhecida como penteadeira) em volta da Rua Farme de Amoedo. Ainda vistos e recebidos com preconceito os gays conquistam cada vez mais espaço e são em todos os segmentos profissionais de grande talento e um público que não se pode simplesmente desconhecer desprezar. Principalmente quando se fala em turismo.

Televisão é uma piada
Assistir televisão não é a melhor opção para uma tarde de domingo, mas é sem dúvida a mais procurada por um grande público que por falta de condições financeiras não tem como sair de casa. As opções de programação oferecidas pela televisão não são das melhores. Ainda assim não se pode negar que O Domingão do Faustão cumpre direitinho o objetivo finalidade de ser não mais do que apenas um passatempo dominical. O programa até tem aberto oportunidades para jovens talentos musicais geralmente condenados a tocar (ou fazer barulho) em uma garagem que é, aliás, o título do quadro. Outra proposta de Fausto Silva é a de revelar o novo humor do Brasil (o velho é sem dúvida o de Brasília) através do quadro “Quem chega lá”. Só pode ser humor a maneira de apresentar os candidatos: Faustão solta a voz e apresenta o concorrente do novo humor do Brasil dizendo que fulano tem muitos anos de carreira e se apresenta no teatro em clubes e em casas noturnas. É a primeira piada: como é que alguém pode ser novo depois de tantos anos de carreira nas costa?
FALOU E DISSE
Do governador de São Paulo José Serra: “Tenho nervos de aço na política. Minha impaciência e com fila de elevador, banheiro de avião, coisas desse tipo”
* Isso porque nunca precisou ficar na fila do INSS ou dos hospitais públicos

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