Primeiro o que se ouvia o dia inteiro era feliz natal. Depois veio a fase do “feliz ano novo”. Nem deu tempo de permitir descanso aos ouvidos para novas (?) e repetidas frases entrarem no cenário: “Foi bem de natal? “Foi bem de ano novo?". Como se a maioria das pessoas que nos desejam ou perguntam isso estivessem realmente interessadas em saber as respostas verdadeiras e nós também tivéssemos interesse em responder o que realmente nos vai à alma e não um “tudo bem” forçado, mesmo que nada tenha sido tão bem. Respondemos para ficarmos livres do lugar comum em que se transformam essas perguntas que parecem ter algum interesse, mas são completamente desinteressantes. Pergunta-se só por perguntar. Responde-se só por responder.
Mal nos livramos das repetitivas perguntas de final de ano e uma nova e também chatíssima toma conta do pedaço: “ta animado para o carnaval?”. São essas “reprises” (todo ano acontece a mesma coisa) que fazem o Rio ser uma festa constante. Agora, por exemplo, tudo está sendo adiado para após o carnaval, como se diante de tantos problemas pessoais e sociais tivéssemos tempo para adiar alguma coisa, as menor que seja.
Mas o que fazer? Resta entrar no ritmo e esperar com paciência até porque sabemos que embora oficialmente o ano começa no dia 1 de janeiro na prática não é bem assim: só começará pra valer depois do carnaval. Por falar nisso: “ta animado pro carnaval?”.
Não haveria nenhum mal nesse eterno ritmo de festa se o país caminhasse direitinho e não usasse as festas como desculpa para ficar adiando tudo. Como, aliás, faz com ou sem festa no meio do caminho. Pessoalmente as festas funcionam de maneira diferente para cada um de nós, mas no inconsciente coletivo é a melhor forma de fugir da verdade, de enxergar o que realmente nos cerca e do quanto podemos e devemos fazer. Cada vez mais.
A alegria da festa, de qualquer festa, só é completa se estiver acontecendo dentro de cada um de nós. Não adiante botar o bloco na rua e sair perseguindo uma alegria, uma festa que só acontece externamente. Para que a festa, a alegria, o feliz natal, o feliz ano novo, o animado carnaval, sejam de total e completa satisfação é fundamental estar consciente de que esse tipo de festa é coisa passageira. A festa maior só acontecerá quando não precisarmos fugir da verdade escondidos dentro de uma fantasia ou atrás de um sorriso festeiro que é apenas aparente. A festa mais completa e mais importante é a que se coloca para cada um de nós no dia a dia. Uma festa que nós, apenas nós, podemos fazer melhor para todos.
* É a festa da vida
SEGURANÇA COMO
PRATO PRINCIPAL
O homem está sempre em busca do novo. Afinal, são as novidades que movem nossa curiosidade e incentivam o prazer das descobertas e das emoções. O homem precisa estar mudando sempre em busca do desconhecido. Talvez esse seja um dos motivos que faz com que os chamados lugares da moda tenham prazo de validade: depois de um período ficam desinteressantes e repetitivos. É como um casal de namorados que precisa se reinventar e redescobrir diariamente para não entrar em uma rotina geralmente fatal.
Um grupo de empresários do ramo de bares e restaurantes de Copacabana parece ter entendido isso e decidiu revitalizar o Lido, que já foi ponto de encontro obrigatório da boemia em (e de) Copa. Inicialmente a idéia é devolver ao local as saborosas receitas que, em outros tempos, fizeram a alegria do paladar boêmio. Pode ser que funcione, mas como não se pesca o freguês apenas pela boca é preciso oferecer mais, muito mais. É fundamental incluir no cardápio um clima de segurança que permita que o local possa ser freqüentado em medo. A praça do Lido é hoje um triste retrato da realidade transformada em endereço de moradores de rua, de meninos também de rua fumando crack e cheirando colo como se estivessem em uma luxuosa tabacaria, e de prostituas que oferecem seus já cansados e debilitados corpos, muitas vezes em troca de um prato de lasanha. Aliás, as belas praças do Rio não permitem mais a presença de crianças brincando e de casais de namorados trocando inocentes carícias. Tem sempre o perigo de qualquer momento um ladrão cair do galho de uma árvore direto na nossa carteira e relógio. Revitalizar é criar o novo, mesmo que esse novo seja apenas uma releitura do passado. Devolver ao velho Lido os encantos da boemia é devolver ao Rio uma de suas tradições, como deveriam fazer em muitos outros badalados pontos da cidade, mas não basta oferecer comida, o que pode ser uma boa nesses tempos de comida a peso, ou melhor, aquilo de comida). É preciso também ofertar bebida honesta, higiene e acima de tudo tranquilidade. Só assim o Lido (e isso vale para todo o Rio) voltará a ter o sabor carioca que o fez famoso.
VEM AÍ UM
“FESTIVAL DE GREVES”
A exibição do filme “Lula, o filho do Brasil” dia 3 agora na CUT (Central Única dos Trabalhadores) e dia 4 na Força Sindical pode ser até uma tentativa, mas pelo visto não conseguirá acalmar os ânimos dos sindicalistas que prometem um "festival de greves” (esse filme a gente já viu) a partir de janeiro. As greves, segundo os líderes (entre os quais o deputado Paulinho Pereira da Silva) serão para pressionar entidades patronais e deputados pela votação do PEC que reduz a jornada de trabalho semanal para 40 horas. As greves prometem “parar o Brasil”. Mais?
BOTA FÉ?
ENTÃO VAI NESSA
Tem gente que acredita: seguir as orientações da numerologia pode fazer com que daqui pra frente “tudo vai ser diferente”. Se você está entre os que botam fé nesse tipo de coisa anote aí as recomendações do numerólogo e engenheiro dimensional (alguém pode explicar direitinho o que é isso) Gilson Chveid Oen. De saída separe uma roupa ( de preferência nova) lilás, amarela, branca o9u bronze para a passagem de ano. São as cores do ano que podem não mudar nada, mas pelo menos você terá uma roupa nova no armário. A numerologia garante que 2010 atinge a Sala 3 do Inconsciente Humano (2+0+1+0=3) que tem experiências sensoriais relativas ao sur4gimento da Criança e assim esse será o ano da Criança, da Comida e da Comunicação, ou seja, época na qual “a inocência e a alegria dos indivíduos serão fundamentais para dar vida aos sonhos”. Então ta.
Não é só: 2010 será também, ainda segundo a numerologia, um ano de Criação, Geração de Vida e Renascimento, assim como da mulher guerreira e fêmea procriadora”. O numerólogo Cheid OAend diz mais: “ O se3ntimento de desconfiança não será bem-vindo em 2010. Homens e mulheres que são naturalmente brincalhões, ingênuos e alegres ocuparão posições de destaque no Brasil e no Mundo, enquanto que os swere3shumanos céticos e desconfiados terão dias desastrosos. Calma lá que o tom das roupas e os mantras podem ajudar. Faça agora a sua listinha de mantras e bom proveito:
1- Para sedução e relações sólidas: Djumzinando Limer
2- Para reverter disputas a seu favor: Detálas Gôndro
3- Para obter apoio do Universo: Ou Tu Vom Jác Mé Zóndra Tip Cândur Léi Zi lên Dum
4- Para acelerar os negócios: Se Eu To Nessa Eu Quero Pressa
5 - Para alavancar realizações: Falou Mill!
6- Para alavancar a vida material: simdogim renúti gosta zengirêndu
7 – Para focar objetivos: Nizemôndi Bemfizel Vádum Ôgi
8 – Para a saúde debilitada: Curará Curará Paraná
9 – Para a queima de gorduras: Toginzidum Ledice
10 – Para crianças hiperativas: Tunga Lunga Bunga Pongondonis
11 – Para ansiedade e pânico: Bercotímo Panzúmus Múger Vin
12 – Para forçar acontecimentos: Alonbegêni Zimbrid
13 - Para libido: Gou fêma Liames Zêmbin Pinfen
Já deu a sua risadinha disfarçada, então reforce a sorte usando roupas com cores adequadas:
Janeiro: tons de cinza
Fevereiro: cores claras e brilhantes
Março: tons de rosa e azul
Abril: tons pasteis, branco e cinza claro
Maio: tons escuros de marrom ao preto
Junho: tons de rosa ao vermelho
Julho: tons de amarelo, ouro e bronze
Agosto: todos os tons pastéis
Setembro: tons de violeta ao purpura
Outubro: tons de cinza
Novembro: cores claras e brilhantes
Dezembro: tons de rosa e azul
Peraí que tem mais um Teman. Toma lá:
os cheiros que chegam com a chuva
me mostram o sei que eu queria
comemoram o tempo perdido
e aplaudem as conquistas queridas.
Acredita? Então, vale a pena tentar
UM DOCE PRAZER
COM SIMPATIA
A busca do prazer não precisa ser ansiosa e sacrificada. Pode ser doce, bem doce. Basta preparar uma compota indicada pelo engenheiro dimensional Gilson Chveid Oen . A “Compota do Prazer” tem 600 anos , mas foi adaptada aos ingredientes de agora: 300 gramas de ameixas pretas sem caroço,1009 gramas de maça desidratada, 100 gramas de pêra desidratada,100 gramas de passas brancas, 100 gramas de cerejas ao9 marrasquino com toda a calda, 100 gramas de nozes picadas, 100 gramas de amêndoas sem pele picadas, um pouquinho de canela em pau, um pouquinho de cravo, 1 rodela de limão, 1 cálice de vinho tinto. Prepare assim:
1 - faça uma calda colocando na panela 2 xícaras de chá de açúcar para caramelar até o açúcar obter um tom caramelado
2- acre3scente 1 ½ litro de água fervendo e misture bem
3- coloque primeiro a maça e a pêra desidratadas e quando estiverem quase cozidas acrescente o restante dos ingredientes começando pela ameixa e deixando o vinho para o final
4 – deixe apurar por mais ou menos 40 minutos. Se quiser aumentar a quantidade basta aumentar proporcionalmente a quantidade de cada ingrediente. A Compota do Prazer pode durar até dois meses na geladeira, isso se nenhum apagão fora de hora tirar novamente os eletrodomésticos de circulação.. Com essa compota pelo menos um prazer é garantido: o de fazer regime para perder alguns quilinhos depois.
BEYONCÉ AO VIVO
SÓ NO CARNAVAL
Quem tinha esperança de ver a bela cantora Beyoncé, no momento a mais badalada artista americana e segundo a revista Forbes uma das artistas mais ricas do mundo, no réveillon de Copacabana terá que esperar mais um pouquinho. Ela só virá ao Brasil em fevereiro e não será surpresa se além de seus shows vier a ser atração também em um trio elétrico da Bahia ao lado de Ivete Sangalo, o que certamente fará o trio ficar mais elétrico do que nunca. Ainda não está confirmado o local em que Beyoncé se apresentará no Rio, mas já é certo que no primeiro final de semana de fevereiro estará no Morumbi, em São Paulo. Haja fôlego. E pernas que, aliás, ela tem de sobra e muito bonitas.
EM NOME
DE DEUS
Todo mundo sempre quer ter ou fazer um bom negocio, ainda mais agora que o desemprego parece ser inevitável. Mesmo quem não discute (discutir é perda de tempo) ou não pratica qualquer religião concorda que uma igreja (qualquer igreja de qualquer credo) é um negócio rentável, ou seja, de lucro (bota lucro nisso) garantido.; Que o diga o bispo Edir Macedo: acaba de inaugurar uma super-catedral (capacidade para 6.800pessoas) em Johannnesburgo, na África do Sul. O bispo, que agora detém também 40% das ações da Renner Participações (controla o Banco Renner) acredita tanto em seu negócio que não se importou em demolir a antiga igreja de Johannesburgo, que só podia receber 4 mil fiéis, para construir seu novo palácio de orações, que permitirá receber mais pessoas e ter uma renda maior e garantida. Em nome de Deus.
eli.halfoun@terra.com.br
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
sábado, 28 de novembro de 2009
CLUBES DE ESQUINA
É íntima a nossa relação com as esquinas da vida. É nelas, as esquinas, que esperamos o sinal abrir para seguir em frente na calçada e na vida. É nela que acontecem os encontro casuais e, às vezes, casualmente até definitivos que podem, mudar nosso destino. Nas esquina sempre encontramos tempo e disposição para jogar conversa fora, desabafar sobre tudo para aprender e ensinar. Afinal, viver é a arte de colecionar experiências. Vividas e ouvidas.
É nas esquinas que estão também alguns dos mais tradicionais botequins da cidade - desses que nos permitem tomar, a qualquer hora, uma cerveja gelada, encontrar velhos amigos e fazer novas amizades . As esquinas são o grande divã da psicanálise do povo: é nelas que passamos, sem perceber, horas divagando, pensando, aconselhando, falando de nossas angústias, problemas, alegrias, planos e esperanças.
As esquinas são a vida circulando em torno delas, nos fazendo parar nos sinais vermelhos que, como na vida, acabam sempre ficando verdes, sinal de que podemos e devemos seguir em frente. Para só parar quando for inevitável.
As esquinas estão presentes no nosso cotidiano desde a infância é n elas que jogamos bola de gude e que marcamos nossos encontros, sejam felizes, importantes ou não. Agora as esquinas voltam, a ganhar, e não mais só nos subúrbios, vida em torno em torno dos botecos, que são uma característica de cada esquina carioca. As esquinas estão nos permitindo resgatar o velho hábito de reunir grupos de amigos para encontros de fim de semana em torno de uma churrasqueira , muita cerveja gelada e carne preparada com tempero da alegria, das conversa fiada, do riso leve e solto, sem lenço e sem documento.
Esse resgatado hábito é bom para os botequins e para quem em torno deles se reúne: os botecos ficam mais felizes, vendem mais cerveja e as turmas podem divertir-se a preços que só uma esquina de e entre amigos permite. Só nas esquinas é possível passar o dia descontraidamente e comendo churrasco por um preço quer só a “vaquinha entre amigos possibilita e pagando preço que nenhumas churrascaria consegue cobrar por mais promoções que faça.
Churrasco e cerveja são bom motivo e boa desculpa para sair de casa e reunir amigos. É nesses encontros que se fala de tudo, que se diz realmente o que se pensa e que se aprende com quem já viveu ou ouviu falar de variadas experiências humanas. Experiências de vida.
As reuniões em torno das esquinas e dos botequins da vida são a própria vida e nos deixam também a impressão de que cada um busca no grupo a segurança que as esquinas já não nos dão quando estamos sós. É como se um estivesse protegendo o outro. Afinal, sabemos todos que é a união a que faz a força.
Papo descontraído, pedaços de carne e cerveja gelada podem garantir em cada esquina o que há de melhor em diversão o melhor papo, os mais variados e perfeitos aprendizados e a oportunidade maior e melhor de conversar, de entender definitivamente que é sempre no companheiro que está ao lado que se pode encontrar o apoio necessário. Aprender principalmente que é fundamental viver em comunidade porque é impossível viver sozinho.
*Essa conversa de antes só do que mal acompanhado é desculpa de quem não tem amigos. Ou tem medo de fazê-los
A MENTIRA DESLAVADA
DOS NÚMEROS
Cá pra nós: será que você, obrigado a fazer uma ginástica diária para sobreviver ganhando um salário mínimo ou na maioria das vezes, por imposição do mercado de trabalho, menos do que isso conseguiu entender alguma coisa dessa chuva de números divulgados pela Fundação Getúlio para mostrar que a miséria no Brasil diminuiu. Entender a matemática dos economistas é sempre uma missão quase impossível porque a realidade da vida nunca bate com os números divulgados.
Então tá: não vamos duvidar dos estudos garantindo que o percentual da população brasileira que vive em situação de miséria caiu de 22,7% para 19,31%. Quer dizer: ainda temos muitos miseráveis espalhados por todo o Brasil.
Um recente estudo mostra que existe um resultado no papel e outro, bastante diferente, no dia a dia e concluiu que os 50% mais pobres foram os que mais ganharam com acréscimos anuais de 8,4% - acréscimos que convenhamos nada representam em termos de melhor qualidade de vida para aqueles (a maioria) que mais dia, menos dia acabam enterrados em uma montanha de moedas pagas como esmola salarial, incluindo a esmola oficial do Bolsa Família ou do Fome Zero.
Apesar da verdadeira (só faltou soltar foguetes) festa de otimismo que alguns setores tentaram fazer a partir dessa deslavada mentira sobre a redução de miseráveis no Brasil, o estudo considera indigentes mais de 50 milhões (29.3% da população) de brasileiros que não consegue juntar RR$ 80,00 mensais para tentar sobreviver.
Não há dúvidas de que o dado mais importante é o que revela que se cada brasileiro cedesse R$ 14,00 mensais para um indigente, a fome no Brasil seria totalmente erradicada. Diante disso uma pergunta não quer calar: será que a enorme carga de impostos que pagamos não é suficiente para o governo dispor de R$ 14 para cada brasileiro em situação de miséria?
Cabe ao governo e somente a ele, acabar com a mentira deslavada dos números e olhar definitivamente para a verdade da realidade do povo e do país. .
QUEM CANTA OS
MALES NÃO ESPANTA
Desde que o carnaval passou a concentrar-se apenas no desfile das escolas de samba, as deliciosas marchinhas carnavalescas perderam força até porque perderam também a ingenuidade crítica que as faziam cantar com bom humor os problemas da cidade nos. Sem animados bailes de salão, que hoje são apenas um desfile de bundas (calma aí: nada contra as bundas, as belas bundas) e de corpos “marombados” e sem carnaval de rua, as marchinhas acabaram engavetadas e por mais que se tente recupera-las até através de com concursos não há uma única música de carnaval (exceção, é claro dos samba-enredos) dos últimos anos que o folião realmente conheça. O que baila na memória carnavalesca do nem tão animado folião de hoje são as alegres marchinhas de antigamente. De antigamente, mas sempre atuais, como é o caso de, entre outras, “Vagalume” que acerta em cheio em um problema atual e que pelo visto também existia há mais de 20 anos, o que de certa forma mostra cantando que as chamadas autoridades não fazem e nunca fizeram nada. Composta em 1954 por Vitor Simon e Fernando Martins, veja só como a letra de “Vagalume” é atualíssima: “Rio de Janeiro, cidade que me seduz/ de dia falta água/ de noite falta luz”. Pode ser mais atual?
TEMPO
ESGOTADO
Era de se esperar: chegaram ao fim os 15 minutos de fama da estudante Geisy Arruda, aquela gordinha da Uniban (ela vai mudar de faculdade). Com o assunto esgotado (em outras palavras já encheu o saco) ela não oferece mais qualquer interesse para a imprensa e muito menos para os apelativos programas de televisão. Ela já sabendo também que não existe a menor possibilidade de posar nua, como pretendia nem para a revista Playboy e nem para a Sexy, que não costuma ser tão exigente assim. As duas revistas acham que apesar de abundante (abundante até demais) Geisy não tem os atributos físicos que os leitores querem ver. Do jeito que está o photoshop teria que trabalhar dobrado, o que caracterizaria “propaganda enganosa”. Resultado: agora Geisy quer colocar implante de silicone nos seios e se conseguir negociar uma permuta (tá difícil, tá difícil) quer submeter-se a uma lipoaspiração, o que muita gente considera perda de tempo. Não caso dela, dizem as más línguas, só milagre.
ME DÁ UM
DINHEIRO AÍ
É preciso faturar mais para melhorar o orçamento, principalmente nessa época de festas em que se gasta mais do que se tem, quando se tem. Alguns trocados ajudam sempre, desde que ganhos honestamente e com ética, coisa que anda difícil, muito difícil, nesse país em que honestidade virou virtude e não obrigação como deve ser. Em busca dos trocados a mais o carioca exerce uma criatividade invejável. Reportagem do Jornal do Brasil mostra que na Saara, o mais concorrido e variado comércio popular do Rio, alguns trabalhadores da região passaram a cobrar qualquer moedinha para prestar informações e agora se pode dizer sem medo de errar que na Saara realmente se vende de tudo. Nada de desonesto nesse comércio de informações, mas ele não tem nada a ver com o Rio porque vai de encontro a uma das mais fortes características cariocas que é a gentileza, especialmente a gentileza de informar que, aliás, é famosa em todo o Brasil. Os novos vendedores de informações (esse comércio é comum na política e nas investigações policiais, o que no fundo dá na mesma) dizem que é apenas uma brincadeira e que paga (no mínimo dez centavos) quem quer. O povão entrou na brincadeira e está pagando (o faturamento de cada, digamos, informante é de no mínimo R$ 60 semanais, confirmando o velho ditado popular segundo o qual “de grão em grão a galinha enche o papo”). O perigo é que essa prática se espalhe por toda a cidade e no caso específico da Saara que os comerciantes espertinhos paguem aos vendedores de informações para que só indiquem suas lojas. Se a moda pega periga também a turma de Brasília, sempre de olho em “mais algum por fora” adapte a idéia e passe a cobrar para dar ao povo as informações do que estão fazendo com o nosso esse dinheiro. Não é um perigo tão iminente assim até porque eles não fazem nada e, portanto, não tem nada, absolutamente nada, para informar.
DE VOLTA
PARA O FUTURO
O carioca que aos poucos vai se acostumando com o ainda mal explicado apagão terá de aprender a conviver também com o caladão da telefonia celular provocada até outra melhor explicação, pelo grande número de aparelhos em uso (ora, se não podem ser usados para que vendem - e vendem cada vez mais) O Brasil ultrapassou a casa dos 168 milhões de celulares, o que significa uma média de 87,6 celulares para cada 100 brasileiros. Esse ano 17,4 milhões de novas linhas foram criadas, mas ainda assim e sem nenhum motivo justificável, em alguns lugares é quase impossível fazer ou receber chamadas pelo celular. Se por conta do apagão estamos sendo obrigados a recorrer a velas e lanternas, o caladão pode acabar nos remetendo outra vez as batidas dos tambores ou ao pombo correio. Êta Brasil esquisito...
MULHERES SE AMAM
NO CINEMA
O cinema parece ser mesmo o novo xodó de Glória Pires, sem dúvida uma de nossas melhores atriz: depois de viver Dona Lindu, a mãe do presidente, em “Lula, o filho do Brasil”, Glorinha aceitou convite do produtor e diretor Fabio Barreto, o mesmo do filme sobre Lula, para integrar a versão cinematográfica da peça “Um Porto para Elisabeth Bishop” de Marta Góes.. Assim como a peça o filme também desenvolverá seu roteiro em torno da relação lésbica entre a famosa poetisa americana e a paisagista brasileira Lota Macedo Soares na década de 50 quando esse tipo de romance ainda não era tão comum.. O diretor Fabio Barreto escolhe a atriz que interpretará Elisabeth Bishop, mas sabe que Glória Pires será Lota.
A FESTA VAO RPLAR.
CADA VEZ MAIS
Festas de casamento são comuns, mas o que ninguém esperava é que se organizassem também festas para comemorar o divórcio (casamentos e divórcios aumentaram muito e hoje acontecem praticamente ao mesmo tempo). Começam a acontecer também em número cada vez maior as festas das separações ou como preferem alguns, da liberdade: a moda vem, como sempre, da Europa e dos Estados Unidos e ganha cada vez mais força no Rio e em São Paulo, onde em vez de ficarem na “fossa” os (e as) recém-divorciados preferem festejar reunindo amigos (e amigas, evidentemente) também com pompa e circunstância. Como nas festas de casamento nas de divórcio também tem bolo, champanhe e tudo mais a que o divorciado tiver acesso e direito. As doceiras, as mesmas que confeccionam bolos de casamento, especializam-se no preparo de bolos de divórcio que, aliás, são quase iguais. Só que por enquanto as doceiras ainda precisam importar os bonequinhos (não demora muito estarão em qualquer camelô) para enfeitar os bolos. Entre os que mais fazem sucesso nos Estados Unidos e, portanto, também farão por aqui, são os que mostram as noivas empurrando o noivo para fora do bolo (ou vice-versa) ou o dos noivos portando rifles e atirando um no outro. Não se pode negar que é divertido. Principalmente para quem está se divorciando.
O FIM DE
UMA ODISSÉIA
A despedida não poderia ser em melhor estilo: pela primeira e última vez a revista Odyssey, dedicadas ao público GSL tem uma mulher na capa. A escolhida é Adriane Galisteu, que é muito admirada pelo público da revista e que foi fotografada para um ensaio completo (comandado por Marcio Maia) em um galpão A Odyssey deixa de circular depois de cinco anos: não aguentou as despesas e sua venda em banca não era das melhores, embora o chamado público alvo seja cada maior e mais assumido, mas pelo visto não tão assumido a ponto de ir até o jornaleiro e pedir a revista. O fim da Odyssey abre uma vaga no mercado editorial, mas por enquanto não há nenhum novo projeto nesse sentido porque, dizem os editores, esse tipo de revista não tem muito fôlego, como, aliás, aconteceu com outras que também foram obrigadas a bater em retirada. Ao mesmo tempo em que a Odyssey sai de cena, a editora e empresária Ana Maria Fadigas, ex-dona da G, desmente que esteja criando uma nova revista no gênero e também uma dedicada especificamente às lésbicas que, garante-se não compram esse tipo de revista de jeito nenhum.
O POVO DO GUETO
MANDOU AVISAR
Fim de ano é de muitos shows para as mais populares, no momento, é claro, cantoras da Bahia (não vale dizer baianas porque Claudia Leite é fluminense de Niterói). A exemplo de Roberto Carlos Ivete Sangalo também ganhará um especial na Rede Globo. Está decido que as gravações serão realizadas em duas etapas na segunda quinzena de dezembro: a primeira será no Rio e Ivete virá acompanhada de Marcelo, seu filho de apenas dois meses. A segunda etapa será, é claro, em Salvador. O programa só será exibido no dia 2 de janeiro de 2010 e nele Ivete, considerada a diva baiana, estará acompanhada vários cantores (também como acontece no especial de com Roberto Carlos) entre os quais Ana Carolina, Saulo (o vocalista da Banda Eva, da na qual Ivete surgiu) e Zeca Pagodinho.
Já Claudia Leite, a outra musa musical da Bahia tem convites para especiais na Bandeirantes e no SBT, além de uma proposta para estrelar um filme e que será a sua estréia como atriz. Até agora Claudinha não tomou nenhum decisão, mas é certo que fará, sempre viajando com o filho David, muitos shows durante todo o mês de dezembro para em janeiro viajar em férias ao exterior, provavelmente para a Disneyworld, em Orlando, Estados Unidos. Quem tem filhos pequenos e dinheiro para viajar não pode abrir mão de conhecer o cinquentão Mickey e sua turma, o que muitas vezes pode transformar-se em um sacrifício.
OLHA SÓ QUE PRTATO
DELICIOSO E FÁCIL DE FAZER
Os homens descobriram que cozinhar é uma arte (mas sem essa de lavar as panelas depois) e se dedicam cada vez mais à busca de conhecimentos gastronômicos em livros sofisticados (por falar nisso tem um novo livro de Paul Bocuse, o mestre da nova cozinha francesa, nas prateleiras). Como o calor infernal que nos tem atormentado sugere refeições leves e saudáveis o chef Pascal Valero, do restaurante Kaá, de São Paulo criou o Atum & Chutney, que é saboroso e de fácil preparo. Se quiser aventurar-se na cozinha, anote aí a receita e mãos a obra. Ingredientes: 500 gr de atum fresco, 500 gr de manga em cubos sem casa, 100 gr de açúcar, 50 ml de vinho tinto, 5 gr de gengibre, 5 gr de alho picado, pimenta e sal a gosto, ervas frescas para decorar, 30 ml de azeite extra virgem. Pronto: agora é só seguir o passo a passo:
1) faça um caramelo com açucar acrescentando alho e gengibre picado e puxando por dois minutos;
2) adicione o vinagre, deixe evaporar e adicione a manga em cubos;
3) deixe cozinhar até obter uma textura de geléia e tempere a gosto com sal e pimenta;
4) tempere o atum com sal, pimenta e azeite e grelhe na grelha; 5) fatie e monte o prato com ervas e chutney. Bom proveito
BEASIL É
BOM DE GEMIDO
Brasileiro é bom de gemido até na hora do prazer. É o que se pode concluir do resultado de recente pesquisa (como se perde tempo com pesquisas que não servem para nada) mandada realizar pelo canal Sexy Hot, dedicado, apenas para assinantes, aos chamados filmes eróticos (alguns muito mais engraçados do que propriamente eróticos). O Sexy Hot quis saber de seus telespectadores em qual idioma (e eu nem sabia que gemido tem idioma. Você, leitor, sabia?) o gemido na hora da relação sexual é mais excitante. Não precisa nem pensar duas vezes para saber que deu francês na cabeça com 67% das preferências. O Brasil papou o segundo lugar com 30% e o inglês ficou na terceira e última posição com 3%.A pesquisa revelou também que nenhum dos assinantes optou pelo gemido em russo (deve ser um grito) e nem pela “gemeção” em japonês (deve ser tudo igual). Até agora ninguém sabe como e para que será usado o resultado da pesquisa que deve estar deixando quem pagou prelo serviço gemendo de dor.
MELHOR DO
QUE APOSENTADORIA
A boca é boa e por isso mesmo nem os jogadores de futebol considerados prontos para a aposentadoria obrigatória que realmente chega muito cedo querem pendurar as chuteiras. É o caso do lateral esquerdo Roberto Carlos que aos 36 anos de idade, mudou os planos de parar com o futebol e pretende continuar em campo, o que fará no Brasil. Ao final de seu contrato, ano que vem, com o Fenerbahe, da Turquia, Roberto Carlos pretende aceitar a proposta do Corinthians, clube com o qual já iniciou negociações. A proposta corintiana é de R$ 300 mil mensais. Quem está dando a maior força para que o negócio seja logo concretizado é Ronaldo Fenômeno, seu amigo. Quando retornar ao Brasil Roberto Carlos assumirá o comando de sua etiqueta (a RC) de roupas e já há quem sugira que ele e Ronaldo lancem juntos uma linha de pijamas e chinelos para se necessário usarem até em campo.
MULHERES SE
AMAM NO CINEMA
O cinema parece ser mesmo o novo xodó de Glória Pires, sem dúvida uma de nossas melhores atriz: depois de viver Dona Lindu, a mãe do presidente, em “Lula, o filho do Brasil”, Glorinha aceitou convite do produtor e diretor Fabio Barreto, o mesmo do filme sobre Lula, para integrar a versão cinematográfica da peça “Um Porto para Elisabeth Bishop” de Marta Góes.. Assim como a peça o filme também desenvolverá seu roteiro em torno da relação lésbica entre a famosa poetisa americana e a paisagista brasileira Lota Macedo Soares na década de 50 quando esse tipo de romance ainda não era tão comum.. O diretor Fabio Barreto escolhe a atriz que interpretará Elisabeth Bishop, mas sabe que Glória Pires será Lota.
eli.halfoun@terra.com.br
É nas esquinas que estão também alguns dos mais tradicionais botequins da cidade - desses que nos permitem tomar, a qualquer hora, uma cerveja gelada, encontrar velhos amigos e fazer novas amizades . As esquinas são o grande divã da psicanálise do povo: é nelas que passamos, sem perceber, horas divagando, pensando, aconselhando, falando de nossas angústias, problemas, alegrias, planos e esperanças.
As esquinas são a vida circulando em torno delas, nos fazendo parar nos sinais vermelhos que, como na vida, acabam sempre ficando verdes, sinal de que podemos e devemos seguir em frente. Para só parar quando for inevitável.
As esquinas estão presentes no nosso cotidiano desde a infância é n elas que jogamos bola de gude e que marcamos nossos encontros, sejam felizes, importantes ou não. Agora as esquinas voltam, a ganhar, e não mais só nos subúrbios, vida em torno em torno dos botecos, que são uma característica de cada esquina carioca. As esquinas estão nos permitindo resgatar o velho hábito de reunir grupos de amigos para encontros de fim de semana em torno de uma churrasqueira , muita cerveja gelada e carne preparada com tempero da alegria, das conversa fiada, do riso leve e solto, sem lenço e sem documento.
Esse resgatado hábito é bom para os botequins e para quem em torno deles se reúne: os botecos ficam mais felizes, vendem mais cerveja e as turmas podem divertir-se a preços que só uma esquina de e entre amigos permite. Só nas esquinas é possível passar o dia descontraidamente e comendo churrasco por um preço quer só a “vaquinha entre amigos possibilita e pagando preço que nenhumas churrascaria consegue cobrar por mais promoções que faça.
Churrasco e cerveja são bom motivo e boa desculpa para sair de casa e reunir amigos. É nesses encontros que se fala de tudo, que se diz realmente o que se pensa e que se aprende com quem já viveu ou ouviu falar de variadas experiências humanas. Experiências de vida.
As reuniões em torno das esquinas e dos botequins da vida são a própria vida e nos deixam também a impressão de que cada um busca no grupo a segurança que as esquinas já não nos dão quando estamos sós. É como se um estivesse protegendo o outro. Afinal, sabemos todos que é a união a que faz a força.
Papo descontraído, pedaços de carne e cerveja gelada podem garantir em cada esquina o que há de melhor em diversão o melhor papo, os mais variados e perfeitos aprendizados e a oportunidade maior e melhor de conversar, de entender definitivamente que é sempre no companheiro que está ao lado que se pode encontrar o apoio necessário. Aprender principalmente que é fundamental viver em comunidade porque é impossível viver sozinho.
*Essa conversa de antes só do que mal acompanhado é desculpa de quem não tem amigos. Ou tem medo de fazê-los
A MENTIRA DESLAVADA
DOS NÚMEROS
Cá pra nós: será que você, obrigado a fazer uma ginástica diária para sobreviver ganhando um salário mínimo ou na maioria das vezes, por imposição do mercado de trabalho, menos do que isso conseguiu entender alguma coisa dessa chuva de números divulgados pela Fundação Getúlio para mostrar que a miséria no Brasil diminuiu. Entender a matemática dos economistas é sempre uma missão quase impossível porque a realidade da vida nunca bate com os números divulgados.
Então tá: não vamos duvidar dos estudos garantindo que o percentual da população brasileira que vive em situação de miséria caiu de 22,7% para 19,31%. Quer dizer: ainda temos muitos miseráveis espalhados por todo o Brasil.
Um recente estudo mostra que existe um resultado no papel e outro, bastante diferente, no dia a dia e concluiu que os 50% mais pobres foram os que mais ganharam com acréscimos anuais de 8,4% - acréscimos que convenhamos nada representam em termos de melhor qualidade de vida para aqueles (a maioria) que mais dia, menos dia acabam enterrados em uma montanha de moedas pagas como esmola salarial, incluindo a esmola oficial do Bolsa Família ou do Fome Zero.
Apesar da verdadeira (só faltou soltar foguetes) festa de otimismo que alguns setores tentaram fazer a partir dessa deslavada mentira sobre a redução de miseráveis no Brasil, o estudo considera indigentes mais de 50 milhões (29.3% da população) de brasileiros que não consegue juntar RR$ 80,00 mensais para tentar sobreviver.
Não há dúvidas de que o dado mais importante é o que revela que se cada brasileiro cedesse R$ 14,00 mensais para um indigente, a fome no Brasil seria totalmente erradicada. Diante disso uma pergunta não quer calar: será que a enorme carga de impostos que pagamos não é suficiente para o governo dispor de R$ 14 para cada brasileiro em situação de miséria?
Cabe ao governo e somente a ele, acabar com a mentira deslavada dos números e olhar definitivamente para a verdade da realidade do povo e do país. .
QUEM CANTA OS
MALES NÃO ESPANTA
Desde que o carnaval passou a concentrar-se apenas no desfile das escolas de samba, as deliciosas marchinhas carnavalescas perderam força até porque perderam também a ingenuidade crítica que as faziam cantar com bom humor os problemas da cidade nos. Sem animados bailes de salão, que hoje são apenas um desfile de bundas (calma aí: nada contra as bundas, as belas bundas) e de corpos “marombados” e sem carnaval de rua, as marchinhas acabaram engavetadas e por mais que se tente recupera-las até através de com concursos não há uma única música de carnaval (exceção, é claro dos samba-enredos) dos últimos anos que o folião realmente conheça. O que baila na memória carnavalesca do nem tão animado folião de hoje são as alegres marchinhas de antigamente. De antigamente, mas sempre atuais, como é o caso de, entre outras, “Vagalume” que acerta em cheio em um problema atual e que pelo visto também existia há mais de 20 anos, o que de certa forma mostra cantando que as chamadas autoridades não fazem e nunca fizeram nada. Composta em 1954 por Vitor Simon e Fernando Martins, veja só como a letra de “Vagalume” é atualíssima: “Rio de Janeiro, cidade que me seduz/ de dia falta água/ de noite falta luz”. Pode ser mais atual?
TEMPO
ESGOTADO
Era de se esperar: chegaram ao fim os 15 minutos de fama da estudante Geisy Arruda, aquela gordinha da Uniban (ela vai mudar de faculdade). Com o assunto esgotado (em outras palavras já encheu o saco) ela não oferece mais qualquer interesse para a imprensa e muito menos para os apelativos programas de televisão. Ela já sabendo também que não existe a menor possibilidade de posar nua, como pretendia nem para a revista Playboy e nem para a Sexy, que não costuma ser tão exigente assim. As duas revistas acham que apesar de abundante (abundante até demais) Geisy não tem os atributos físicos que os leitores querem ver. Do jeito que está o photoshop teria que trabalhar dobrado, o que caracterizaria “propaganda enganosa”. Resultado: agora Geisy quer colocar implante de silicone nos seios e se conseguir negociar uma permuta (tá difícil, tá difícil) quer submeter-se a uma lipoaspiração, o que muita gente considera perda de tempo. Não caso dela, dizem as más línguas, só milagre.
ME DÁ UM
DINHEIRO AÍ
É preciso faturar mais para melhorar o orçamento, principalmente nessa época de festas em que se gasta mais do que se tem, quando se tem. Alguns trocados ajudam sempre, desde que ganhos honestamente e com ética, coisa que anda difícil, muito difícil, nesse país em que honestidade virou virtude e não obrigação como deve ser. Em busca dos trocados a mais o carioca exerce uma criatividade invejável. Reportagem do Jornal do Brasil mostra que na Saara, o mais concorrido e variado comércio popular do Rio, alguns trabalhadores da região passaram a cobrar qualquer moedinha para prestar informações e agora se pode dizer sem medo de errar que na Saara realmente se vende de tudo. Nada de desonesto nesse comércio de informações, mas ele não tem nada a ver com o Rio porque vai de encontro a uma das mais fortes características cariocas que é a gentileza, especialmente a gentileza de informar que, aliás, é famosa em todo o Brasil. Os novos vendedores de informações (esse comércio é comum na política e nas investigações policiais, o que no fundo dá na mesma) dizem que é apenas uma brincadeira e que paga (no mínimo dez centavos) quem quer. O povão entrou na brincadeira e está pagando (o faturamento de cada, digamos, informante é de no mínimo R$ 60 semanais, confirmando o velho ditado popular segundo o qual “de grão em grão a galinha enche o papo”). O perigo é que essa prática se espalhe por toda a cidade e no caso específico da Saara que os comerciantes espertinhos paguem aos vendedores de informações para que só indiquem suas lojas. Se a moda pega periga também a turma de Brasília, sempre de olho em “mais algum por fora” adapte a idéia e passe a cobrar para dar ao povo as informações do que estão fazendo com o nosso esse dinheiro. Não é um perigo tão iminente assim até porque eles não fazem nada e, portanto, não tem nada, absolutamente nada, para informar.
DE VOLTA
PARA O FUTURO
O carioca que aos poucos vai se acostumando com o ainda mal explicado apagão terá de aprender a conviver também com o caladão da telefonia celular provocada até outra melhor explicação, pelo grande número de aparelhos em uso (ora, se não podem ser usados para que vendem - e vendem cada vez mais) O Brasil ultrapassou a casa dos 168 milhões de celulares, o que significa uma média de 87,6 celulares para cada 100 brasileiros. Esse ano 17,4 milhões de novas linhas foram criadas, mas ainda assim e sem nenhum motivo justificável, em alguns lugares é quase impossível fazer ou receber chamadas pelo celular. Se por conta do apagão estamos sendo obrigados a recorrer a velas e lanternas, o caladão pode acabar nos remetendo outra vez as batidas dos tambores ou ao pombo correio. Êta Brasil esquisito...
MULHERES SE AMAM
NO CINEMA
O cinema parece ser mesmo o novo xodó de Glória Pires, sem dúvida uma de nossas melhores atriz: depois de viver Dona Lindu, a mãe do presidente, em “Lula, o filho do Brasil”, Glorinha aceitou convite do produtor e diretor Fabio Barreto, o mesmo do filme sobre Lula, para integrar a versão cinematográfica da peça “Um Porto para Elisabeth Bishop” de Marta Góes.. Assim como a peça o filme também desenvolverá seu roteiro em torno da relação lésbica entre a famosa poetisa americana e a paisagista brasileira Lota Macedo Soares na década de 50 quando esse tipo de romance ainda não era tão comum.. O diretor Fabio Barreto escolhe a atriz que interpretará Elisabeth Bishop, mas sabe que Glória Pires será Lota.
A FESTA VAO RPLAR.
CADA VEZ MAIS
Festas de casamento são comuns, mas o que ninguém esperava é que se organizassem também festas para comemorar o divórcio (casamentos e divórcios aumentaram muito e hoje acontecem praticamente ao mesmo tempo). Começam a acontecer também em número cada vez maior as festas das separações ou como preferem alguns, da liberdade: a moda vem, como sempre, da Europa e dos Estados Unidos e ganha cada vez mais força no Rio e em São Paulo, onde em vez de ficarem na “fossa” os (e as) recém-divorciados preferem festejar reunindo amigos (e amigas, evidentemente) também com pompa e circunstância. Como nas festas de casamento nas de divórcio também tem bolo, champanhe e tudo mais a que o divorciado tiver acesso e direito. As doceiras, as mesmas que confeccionam bolos de casamento, especializam-se no preparo de bolos de divórcio que, aliás, são quase iguais. Só que por enquanto as doceiras ainda precisam importar os bonequinhos (não demora muito estarão em qualquer camelô) para enfeitar os bolos. Entre os que mais fazem sucesso nos Estados Unidos e, portanto, também farão por aqui, são os que mostram as noivas empurrando o noivo para fora do bolo (ou vice-versa) ou o dos noivos portando rifles e atirando um no outro. Não se pode negar que é divertido. Principalmente para quem está se divorciando.
O FIM DE
UMA ODISSÉIA
A despedida não poderia ser em melhor estilo: pela primeira e última vez a revista Odyssey, dedicadas ao público GSL tem uma mulher na capa. A escolhida é Adriane Galisteu, que é muito admirada pelo público da revista e que foi fotografada para um ensaio completo (comandado por Marcio Maia) em um galpão A Odyssey deixa de circular depois de cinco anos: não aguentou as despesas e sua venda em banca não era das melhores, embora o chamado público alvo seja cada maior e mais assumido, mas pelo visto não tão assumido a ponto de ir até o jornaleiro e pedir a revista. O fim da Odyssey abre uma vaga no mercado editorial, mas por enquanto não há nenhum novo projeto nesse sentido porque, dizem os editores, esse tipo de revista não tem muito fôlego, como, aliás, aconteceu com outras que também foram obrigadas a bater em retirada. Ao mesmo tempo em que a Odyssey sai de cena, a editora e empresária Ana Maria Fadigas, ex-dona da G, desmente que esteja criando uma nova revista no gênero e também uma dedicada especificamente às lésbicas que, garante-se não compram esse tipo de revista de jeito nenhum.
O POVO DO GUETO
MANDOU AVISAR
Fim de ano é de muitos shows para as mais populares, no momento, é claro, cantoras da Bahia (não vale dizer baianas porque Claudia Leite é fluminense de Niterói). A exemplo de Roberto Carlos Ivete Sangalo também ganhará um especial na Rede Globo. Está decido que as gravações serão realizadas em duas etapas na segunda quinzena de dezembro: a primeira será no Rio e Ivete virá acompanhada de Marcelo, seu filho de apenas dois meses. A segunda etapa será, é claro, em Salvador. O programa só será exibido no dia 2 de janeiro de 2010 e nele Ivete, considerada a diva baiana, estará acompanhada vários cantores (também como acontece no especial de com Roberto Carlos) entre os quais Ana Carolina, Saulo (o vocalista da Banda Eva, da na qual Ivete surgiu) e Zeca Pagodinho.
Já Claudia Leite, a outra musa musical da Bahia tem convites para especiais na Bandeirantes e no SBT, além de uma proposta para estrelar um filme e que será a sua estréia como atriz. Até agora Claudinha não tomou nenhum decisão, mas é certo que fará, sempre viajando com o filho David, muitos shows durante todo o mês de dezembro para em janeiro viajar em férias ao exterior, provavelmente para a Disneyworld, em Orlando, Estados Unidos. Quem tem filhos pequenos e dinheiro para viajar não pode abrir mão de conhecer o cinquentão Mickey e sua turma, o que muitas vezes pode transformar-se em um sacrifício.
OLHA SÓ QUE PRTATO
DELICIOSO E FÁCIL DE FAZER
Os homens descobriram que cozinhar é uma arte (mas sem essa de lavar as panelas depois) e se dedicam cada vez mais à busca de conhecimentos gastronômicos em livros sofisticados (por falar nisso tem um novo livro de Paul Bocuse, o mestre da nova cozinha francesa, nas prateleiras). Como o calor infernal que nos tem atormentado sugere refeições leves e saudáveis o chef Pascal Valero, do restaurante Kaá, de São Paulo criou o Atum & Chutney, que é saboroso e de fácil preparo. Se quiser aventurar-se na cozinha, anote aí a receita e mãos a obra. Ingredientes: 500 gr de atum fresco, 500 gr de manga em cubos sem casa, 100 gr de açúcar, 50 ml de vinho tinto, 5 gr de gengibre, 5 gr de alho picado, pimenta e sal a gosto, ervas frescas para decorar, 30 ml de azeite extra virgem. Pronto: agora é só seguir o passo a passo:
1) faça um caramelo com açucar acrescentando alho e gengibre picado e puxando por dois minutos;
2) adicione o vinagre, deixe evaporar e adicione a manga em cubos;
3) deixe cozinhar até obter uma textura de geléia e tempere a gosto com sal e pimenta;
4) tempere o atum com sal, pimenta e azeite e grelhe na grelha; 5) fatie e monte o prato com ervas e chutney. Bom proveito
BEASIL É
BOM DE GEMIDO
Brasileiro é bom de gemido até na hora do prazer. É o que se pode concluir do resultado de recente pesquisa (como se perde tempo com pesquisas que não servem para nada) mandada realizar pelo canal Sexy Hot, dedicado, apenas para assinantes, aos chamados filmes eróticos (alguns muito mais engraçados do que propriamente eróticos). O Sexy Hot quis saber de seus telespectadores em qual idioma (e eu nem sabia que gemido tem idioma. Você, leitor, sabia?) o gemido na hora da relação sexual é mais excitante. Não precisa nem pensar duas vezes para saber que deu francês na cabeça com 67% das preferências. O Brasil papou o segundo lugar com 30% e o inglês ficou na terceira e última posição com 3%.A pesquisa revelou também que nenhum dos assinantes optou pelo gemido em russo (deve ser um grito) e nem pela “gemeção” em japonês (deve ser tudo igual). Até agora ninguém sabe como e para que será usado o resultado da pesquisa que deve estar deixando quem pagou prelo serviço gemendo de dor.
MELHOR DO
QUE APOSENTADORIA
A boca é boa e por isso mesmo nem os jogadores de futebol considerados prontos para a aposentadoria obrigatória que realmente chega muito cedo querem pendurar as chuteiras. É o caso do lateral esquerdo Roberto Carlos que aos 36 anos de idade, mudou os planos de parar com o futebol e pretende continuar em campo, o que fará no Brasil. Ao final de seu contrato, ano que vem, com o Fenerbahe, da Turquia, Roberto Carlos pretende aceitar a proposta do Corinthians, clube com o qual já iniciou negociações. A proposta corintiana é de R$ 300 mil mensais. Quem está dando a maior força para que o negócio seja logo concretizado é Ronaldo Fenômeno, seu amigo. Quando retornar ao Brasil Roberto Carlos assumirá o comando de sua etiqueta (a RC) de roupas e já há quem sugira que ele e Ronaldo lancem juntos uma linha de pijamas e chinelos para se necessário usarem até em campo.
MULHERES SE
AMAM NO CINEMA
O cinema parece ser mesmo o novo xodó de Glória Pires, sem dúvida uma de nossas melhores atriz: depois de viver Dona Lindu, a mãe do presidente, em “Lula, o filho do Brasil”, Glorinha aceitou convite do produtor e diretor Fabio Barreto, o mesmo do filme sobre Lula, para integrar a versão cinematográfica da peça “Um Porto para Elisabeth Bishop” de Marta Góes.. Assim como a peça o filme também desenvolverá seu roteiro em torno da relação lésbica entre a famosa poetisa americana e a paisagista brasileira Lota Macedo Soares na década de 50 quando esse tipo de romance ainda não era tão comum.. O diretor Fabio Barreto escolhe a atriz que interpretará Elisabeth Bishop, mas sabe que Glória Pires será Lota.
eli.halfoun@terra.com.br
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
LADRÕES DE BICICLETA
Todos os meninos ganham uma bola, que pode ser de couro, de borracha e até de meia. Todas as meninas ganham uma boneca, que pode variar das de pano até as que só faltam falar de verdade, porque de mentira elas já falam e são repetitivas como quase todas as mulheres e a maioria dos homens. Mesmo tendo bolas e bonecas todas as crianças sonham sempre ganhar uma bicicleta. Para meninos e meninas é um sonho bom. Para os adultos as bicicletas transformaram-se pesadelo. O que poderia ser saudável solução para o caos do trânsito e para a poluição que nos faz mais doente virou mais uma ameaça. A bicicleta em si não tem culpa: é como acontece com quase tudo, o homem que a faz perigosa, agressiva, imprudente.
O inofensivo e romântico veículo é conduzido, na maioria das vezes, com imprudência, incompetência e irresponsabilidade, como se elas, bicicletas, e seus condutores fossem os donos das ruas. Trafegam na contramão, não respeitam sinais e nem limites de velocidade. Pior não respeitem nem o pobre do pedestre, cada vez mais limitado na liberdade do ir e vir até pelas calçadas, que pertencem aos transeuntes, mas estão invadidas por carros estacionados irregularmente e por bicicletas, que também trafegam irregular e perigosamente.
Bicicletas são veículos e como tal deveriam seguir as regras do trânsito e, no mínimo, respeitar os que andam a pé. Não é isso o que acontece: as bicicletas invadem todos os espaços, expõe os pedestres a mais um ripo de perigo. Não respeitam nada, absolutamente nada, embora devessem seguir todas as leis de trânsito. Todo dia alguém é atropelado por uma bicicleta ou é se vê obrigado a pular assustado para desviar do “duas rodas”, que trafega imprudentemente pelas calçadas quando na verdade devia estar no asfalto. Calçadas, embora já não pareça, foram feitas para pedestres. Hoje muito mais para os camelôs.
Não é só: ficou comum ler, quase que diariamente, notícia de que uma pessoa foi assaltada por um ladrão que chegou e fugiu de bicicleta ou ainda que uma pessoa perdeu a bicicleta, roubada quando passeava tranquilamente em espaço reservado para o uso do veículo. Está perigoso sair a pé, de carro ou de bicicleta. Está chegando o momento de andarmos em canhões.
Estão ficando para trás e com uma velocidade assustadora, os tempos em que andar de bicicleta era um verdadeiro prazer, um gostoso lazer. Bicicletas só continuam românticas nos cartões postais de Paquetá. Pode ser que até lá, onde os carros são proibidos de circular, as bicicletas também tenham perdido o romantismo.
Nesse tempo de sedutoras ofertas tecnológicas, talvez até as crianças estejam deixando para trás o sonho de ganhar uma bicicleta. Hoje preferem um computador ou um complicado jogo eletrônico. Pelo menos esses ainda não atropelam ninguém. Nossas crianças estão perdendo a ingenuidade de sonhar com romantismo. Para os adultos sobraram as lembranças de um tempo em que não havia ladrões de bicicleta. As bicicletas perderam o romantismo e a pureza e não apenas a pureza de não nos sufocar em fumaça e problemas de saúde. Cada vez mais a vida está perdendo o delicioso prazer do romantismo.
* Por nossa própria culpa
DENGUE: A CULPA
TAMBÉM É NOSSA
Podem ficar novamente alarmantes os números de casos de dengue nesse ensolarado Rio (o sol parece ser carioca da gema) que passou a ter o sempre tão esperado verão como uma ameaça. Mais preocupante ainda é saber que a culpa é nossa: cansam de nos avisar da necessidade de alguns simples cuidados, mas deixamos pra lá como se o tenebroso mosquito fosse picar apenas os postes. É impressionante como o ser humano é desleixado na hora de cuidar dele mesmo: quando se trata do nosso corpo, da nossa saúde, do nosso bem estar deixamos tudo para depois e depois pode ser muito tarde. Foi assim no ano passado. Estamos acostumados (burramente, é verdade) a culpar os outros em tudo e por tudo. Culpamos principalmente o governo, que tem, sim, muitas culpas e responsabilidades. Exemplo: nunca se desenvolveu no Brasil uma política eficiente de saúde preventiva e sabemos todos que em matéria de doenças a prevenção é e sempre será sempre o melhor remédio.
A dengue só se transformou nesse perigo iminente por falta de atenção. Principalmente a nossa. Não custa nada manter os vasos sem água nos pratos (a beleza das plantas não pode ser mortal), limpar nossos quintais, não deixar água empoçada, mas a maioria da população não faz isso porque, por falta de cuidado e excesso de otimismo, acha que o mosquito vai “voar em outra freguesia”. Só na mancamos diante de ameaças e punições. Parece que gostamos de levar bronca, de que nos encostem contra a parede. O homem só reage quando está encurralado. Seria bem mais fácil se cada um fizesse pelo menos o mínimo. O maior bem que possuímos é o de poder cuidar de nós mesmos, de reagir a tudo que possa de alguma forma nos fazer mal. Não adianta apenas protestar, reclamar, ficar indignado. É preciso agir. No caso da dengue a ação se faz urgente.
Todos devem lembrar do anúncio de uma marca de amortecedores que mostrava terríveis acidentes de carro e alertava para a necessidade de usar no carro amortecedores de boa qualidade. Na época todo mundo reagiu contra a agressividade do anúncio, mas só assim as pessoas se conscientizaram da necessidade de alguns importantes cuidados. Esses mesmos cuidados se fazem fundamentais (e cada vez mais) agora. É bom lembrar que diminuir a incidência de casos de dengue é uma tarefa (uma missão) que cabe a nós, embora isso não seja uma desculpa para não cobrarmos ações urgentes do governo em relação à saúde. Cuba conseguiu acabar com a dengue. Nós também podemos. Ou será que estamos esperando um tapa na cara, que nos mostre pessoas agonizando nos leitos (quando há leitos) dos hospitais por conta da picada de um mosquito que só está vencendo essa guerra porque nós, vítimas, estamos permitindo. Pense bem: não faz sentido deixar de cumprir tarefas simples e ficar esperando que a televisão nos mostre a cruel realidade da dengue. As pessoas estão morrendo ao nosso lado. Não adianta fingir que não estamos vendo e que não temos nada com isso. Essa culpa também é nossa. Vamos “picar” o mosquito e evitar que ele se acomode nas nossas vidas. Lembremos sempre que apenas nós podemos acabar com a dengue.
LULA, O BOM
ALUNO DO BRASIL
Lula, que não é bobo nem nada, resolveu usar o bom humor, uma das mais marcantes características brasileiras para continuar respondendo a agressiva declaração de Caetano Veloso que entre outras coisas o chamou de analfabeto. Agora toda vez que utiliza uma palavra menos usual em seus discursos Lula faz questão de, publicamente, chamar um assessor e pedir: “anote essa palavra e manda para o companheiro Caetano para ele ver que eu estou me esforçando”. Lula é no momento, não se pode negar o principal personagem de piadas e não só das que, mesmo quando fala sério, ele faz. O jornalista José Simão, por exemplo, acha que o filme sobre a presidente foi lançado com o título errado: para Simão o título adequado seria “Lula, o filho do barril”. O mesmo Simão acredita que outros filmes do gênero virão por aí e aposta que o próximo será “2 filhos de FHC”. O filme sobre Lula tem obtido uma grande repercussão, inclusive internacional: a revista semanal francesa L’Expresse dedica grande espaço ao filme e antecipa que o próximo passo será adaptar a história e transformá-la em uma novela com o título de “Lula Superstar”. Das duas uma: ou eles estão de gozação ou acham que o Brasil é mesmo o país da ficção.
O OLHAR PERFEITO DA
SABEDORIA POPULAR
Não se pode desprezar a sabedoria popular. De uma forma ou de outra ela sempre se confirma. Agora e o Flamengo que está aprendendo e ensinado isso uma vez mais ao descobrir que tinha ao seu lado o que mais procurava: um técnico capaz de dar ao time a cara do Flamengo. Primeiro o clube tentou, como, aliás, acontece em todos os chamados grandes times, a solução contratando “medalhões” aos quais pagava (na verdade ficava devendo) salários extraordinários. Nada deu certo até o Flamengo perceber que a solução estava ali pertinho, praticamente colada ao seu corpo. Foi só olhar para o lado e dar de cara com Andrade, profissional perfeitamente identificado com o clube do qual foi craque. Andrade sempre esteve ali usado como tapa buraco e sem qualquer tipo de vaidade, se deixava usar como uma espécie de ioiô em um joguinho que não lhe fazia justiça profissional até ser confirmado como técnico (esse negócio e interino é uma hipocrisia) isso depois do Flamengo ter tentado todos os tipos de solução. Mesmo os não rubro negros (meu caso: sou Vasco e pronto) sabem que Andrade está fazendo um excelente trabalho que, aliás, colocou o carioca Flamengo na briga pelo título do Campeonato Brasileiro. A grande lição (o futebol sempre nos dá maravilhosas lições de vida) que fica é a da sabedoria popular segundo a qual na maioria das vezes o que procuramos está e sempre esteve bem pertinho: basta olhar para o lado.
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA:
UM PROBLEMA DE VIDAS
Sem essa de bairrismo: os bons exemplos devem ser um incentivo para todos, venham de onde vierem. É de São Paulo que chega uma animadora informação: a da redução de 32% nos índices de gravidez na adolescência. A gravidez na adolescência é apontada como um grave problema social. Estudos da Organização Pan-americana de Saúde atribuem o aumento do número de filhos de mães menores de 20 anos ao fato de que “o conhecimento sobre a relação sexual livre se difunde mais rapidamente entre os adolescentes, que o conhecimento sobre os efeitos biológicos e psicológicos adversos na gravidez nessa idade, tanto para a mãe quanto para o filho”.
Pesquisas mostram que no Brasil é na classe social mais pobre que se encontram os maiores índices de fecundidade na população adolescente (26%c das adolescentes entre 15 e 19 anos tiveram filhos, enquanto nas classes de renda mais elevada o índice foi somente de 2,3). Estima-se que no Brasil de 20% a 25% do total de mulheres gestantes sejam adolescentes: há uma gestante adolescente em cada cinco mulheres. Fica clara a necessidade de incentivar programas (muitos existem, mas será que saíram do papel?) de educação e prevenção, além de um adequado atendimento médico às jovens e desorientadas pacientes. Estudos revelam ainda que a gravidez na adolescência é, na maioria das vezes, indesejada e acaba influenciando diretamente na vida das meninas que por causa da gravidez, acabam deixando a escola. Pesquisas confirmam que as complicações obstétricas ocorrem em maior proporção nas adolescentes, principalmente as de faixa etária mais baixa. São problemas de saúde como anemia, ganho de peso, hipertensão, infecção urinária e muitos outros causados pela absoluta falta de atendimento pré-natal adequado. Portanto, cuidar das jovens grávidas com programas de esclarecimento e prevenção se faz urgente, especialmente quando se sabe que na maioria das vezes as meninas engravidam sem querer. A gravidez na adolescência é um problema de vida. De duas vidas.
POBRES MENINAS GRÁVIDAS
Às vezes é preciso ser repetitivo para criar consciência. A sempre duscutida gravidez na adolescência é, queiramos ou não, um problema de saúde porque lota hospitais e coloca em risco a vida de muitas jovens e seus bebês. Com base nas Estatísticas de Registro Civil o IBGE chama atenção para o número de adolescentes que ainda engravida: 20,5% dos nascimentos registrados (um em cada cinco gestações) ocorrem entre meninas com menos de 20 anos.
Não resolve ficar olhando e lamentando os números: é urgente uma política mais abrangente de orientação. A educadora sexual Maria Helena Vilela lembra que “diversos fatores contribuem para a gravidez na adolescência, mas é certo que meninas com projetos de vida, escolaridade, objetivos e orientação em casa engravidam muito menos”.
A educadora diz ainda que as adolescentes nas classes sociais mais favorecidas têm melhores condições de fazer abortos com mais garantias e por isso mesmo a gravidez precoce registrada na classe social mais baixa é alta. A constatação confirma que o aborto é praticado livremente em consultórios ou clínicas luxuosas, mas só é permitido aos que podem pagar caro. A hipocrisia, não permite que adolescentes mais pobres tenham direito e liberdade de escolher se querem ou não a maternidade.
Uma das soluções é a conscientização da prevenção: segundo especialistas quase a totalidade dos jovens sabe do que tratam as pílulas e camisinhas, mas não necessariamente usam esse conhecimento em seu benefício.
Para a ginecologista Vera Fonseca, “a pobreza é fator determinante para a gravidez entre as adolescentes, não apenas por conta da dificuldade de acesso à informação e aos métodos contraceptivos. Quando elas não têm perspectiva de vida a maternidade lhes parece um bom negócio”.
Além de acesso a informação é fundamental dar às meninas perspectivas de vida, de futuro: a gravidez não pode ser uma válvula de escape, uma espécie de bolsa família para quem nada mais tem a perder e acredita que com um filho vai ganhar. Perde mais: em geral os pais não assumem a responsabilidade e a mãe adolescente passa a viver em condições até piores do que as de antes.
Definitivamente não é o que queremos para as meninas do Brasil. Gravidez precoce é problema de saúde que precisa de solução urgente com ampla e definitiva discussão, inclusive sobre o aborto, que pé feito por aí aos montões, mas só por quem pode pagar..e pagar caro.
UMA NOVA LOURINHA
NA MESA E NO COPO
Esse intenso, quase infernal, calor que anda fazendo no Rio (se estivesse frio ou chovendo a gente ia reclamar do mesmo jeito) tem lá suas vantagens e uma delas é sem dúvida permitir e até incentivar calorosos encontros em torno de uma cerveja gelada ( não estupidamente gelada que é estupidez porque, segundo os especialistas, a cerveja fica saborosa quando é gelada a cinco graus). A turma da “loura gelada” tem mais um bom motivo para beber: está sendo lançada uma nova opção. É a Braun-Brau Bier, a primeira “lourinha” líquida produzida em Nova Friburgo, no Rio.Embora seja uma colonização alemã, Nova Friburgo tinha uma cerveja local, ou se preferirem, uma “lourinha” da casa. Agora tem. A Braun Braun é uma cerveja tipo pilsen, categoria Premium e produzida artesanalmente, seguindo os padrões da Lei da Pureza da Região de Reinhesggebot, na Baviera. Por enquanto só é possível encontrar a nova loura gelada na região serrana (Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, mas já a partir do próximo ano haverá uma selecionada distribuição entre bares e restaurantes do Rio para só depois chegar a São Paulo. Quem experimentou a nova cerveja garante que com esse calor vale a pena subir a serra para refrescar-se não só com o clima, mas agora também com a nova cerveja. Difícil será acertar o nome, mas não tem problema: basta pedir a mais nova “lourinha” da casa. Saúde!
BONEQUINHA MUSICAL
É LUXO SÓ
Parece que a febre do “apertar cintos” provocada pela crise financeira mundial não preocupa tanto assim os ingleses, pelo menos os que se dedicam à produção de espetáculos musicais. Para promover o lançamento da versão musical de “Bonequinha de Luxo” (um dos mais famosos filmes estrelados por Audrey Hepburn em 1961) os produtores do espetáculo (em cartaz no palco do West End, em Londres, com Anna Ariel papel título) fizeram o café da manhã mais caro do mundo. Os fabricantes do licor Chamboard bancaram a fartura, que não foi uma fartura qualquer servida para apenas 15 convidados. O cardápio (no caso menu cabe melhor) tinha, entre muitas outras delícias, croissants decorados e cobertos com ouro comestível e diamantes, geléias de groselha negra colhida na região francesa de Bar de Luc, uma xícara do sofisticado café Kopi Luak (cada xícara custa US$75), além de coquetéis preparados com champanhe Perrier Jouet Belle Epoque (custa US$ 1,5 mil a garrafa) e doses do licor Chamboard servido em garrafa incrustada de ouro, diamantes e pérolas (cada garrafa custa US$ 35 mil dólares). A brincadeira (essa é o que se pode chamar de brincadeira de bom gosto) custou US$ 35 mil dólares por pessoa. Aqui festa de lançamento é na base do salgadinho requentado e cerveja vagabunda e ainda por cima quente. Quem pode, pode.
MAIS PAULADA
NOS APOSENTADO
Pelo visto meter a mão no bolso dos aposentados é uma prática que só vai melhorar nos discursos que prometem muito, mas nada muda. Agora mesmo em Brasília já se sabe que “Lula decidiu com o ministro José Pimentel que o reajuste dos aposentados e pensionistas que ganham ( se é que isso pode ser considerado ganho) acima de um salário-mínimo será de apenas 6.5% e prepara medida provisória nesse sentido”. Não estão adiantando nada os avisos de parlamentares da base aliada de que não será fácil aprovar a MP (deve ser Mais Paulada) já que até a base aliada quer um aumento baseado no INPC cheio, que é na ordem de 9,2%. A base aliada também tem feito questão de lembrar que 2010 é ano eleitoral (e Dilma não vai bem nas pesquisas), ou seja, é ano de agradar os aposentados. Agradar, não. Fazer justiça, sim.
UM CAMINHO
DE VIDA
Mais do que o reconhecimento ao inegável talento artístico brasileiro através de diretores, técnicos, autores e por aí vai o Emmy conquistado há dias pela novela “Caminho das Índias” é um prêmio ao esforço, otimismo, força e, é claro, ao indiscutível talento da autora Glória Perez que mais uma vez se superou física e emocionalmente para poder escrever a novela. Na época não é novidade para ninguém, Glória Perez enfrentou com uma exemplar e admirável garra, um grave problema de saúde e mesmo assim foi em frente buscando no trabalho o remédio mais eficaz. Também não é novidade que Glória Perez enfrentou há anos o brutal assassinato de sua filha, a jovem e talentosa atriz Daniela Perez e também se superou. Portanto, o Emmy agora conquistado não é só um prêmio autoral. É um prêmio de vida para uma mulher excepcional, a própria mulher Maravilha.
UM MOLIÉRE
PARA O ZÉ
O Brasil é sem dúvida o país dos exageros e um deles é a farta distribuição de prêmios que são promovidas praticamente em qualquer esquina. Tem prêmio para tudo: melhor síndico, melhor camelô, melhor pastel, melhor bolinho, melhor pão com manteiga, melhor cerveja, melhor botequim, melhor padaria, melhor espirro, melhor isso, melhor aquilo. É esse exagero que muitas vezes faz os prêmios perderem importância, mas apesar desse festival de medalhas, troféus e diplomas alguns prêmios ganham credibilidade e merecem respeito. É o caso do Prêmio Moliére de teatro sempre ambicionado por autores, diretores e atores aplaudidos em suas conquistas artísticas profissionais. Pois bem criador do Prêmio Moliére saiu de cena quase em segredo e sem o reconhecimento que merecia. Depois de enfrentar uma doença que se arrastou durante anos Joseph Halfin, que virou nosso José vivendo muitos anos no Brasil (era casado com a brasileira Maria Alice, primeira capa da Vogue) como diretor da Air France e responsável, via Moliére, pela vinda ao Brasil de grandes atrações francesas, entre as quais Maurice Chevalier, Marcel Marceau, e Charles Aznavour. Ultimamente Halfin, o nosso José, vivia em um pequeno apartamento no Rio e partiu sem muitas homenagens. Então, fica daqui um simbólico Moliére para ele por serviços prestados ao teatro brasileiro.
TODA (QUASE) MUDEZ
SERÁ CASTIGADA
A nudez que Adriane Galisteu estampa em um cartaz, afixado inicialmente apenas em São Paulo (depois será a vez do Rio) para a campanha beneficente A Cara da Vida de conscientização sobre a Aids (ela perdeu o irmão em 1996 por causa do vírus) pode fazer a apresentadora voltar para as páginas da Playboy, da qual é, aliás,uma das recordistas de venda quando foi atração em 1995. Adriane já negocia com a revista, que no momento espera com mais ansiedade o lançamento, em dezembro, da edição que terá a atriz Flávia Alessandra pela segunda vez (a primeira foi em agosto de 2006) na capa. A ansiedade se justifica: é que a atual edição com a escritora Fernanda Young não está vendendo o que se esperava: o encalhe é enorme e se arrependimento matasse a Playboy estaria morta. Fernanda Young também, já que não esconde ter se arrependido de fazer as fotos, de onde se concluiu que Nelson Rodrigues tinha razão: toda (quase toda) nudez será castigada. Nesse caso os leitores também.
BOM HUMOR
SEM FIM
Costumamos dizer que vice não é e não manda nada, mas agora no caso da vice-presidente José de Alencar ele feito muito como exemplo de que é sempre preciso lutar, ou seja, não desistir nunca como, aliás, ele está fazendo há anos enfrentando que ele não vence definitivamente, mas nem por isso se deixa vencer. Talvez o remédio mais eficiente de sua batalha seja o bom humor que não perde nem nos momentos mais doloridos do tratamento. Agora mesmo, por exemplo, está revelando que há dias quando soube da diminuição de seus tumores, ficou com uma dúvida: “Não sabia se deveria contar a todos a boa notícia. Pensei que, sabendo que eu ainda posso viver mais um pouco, o pessoal iria parar de falar tão bem de mim”. Alencar também brinca com o caso Cesare Battisti e quando seu irmão de 90 anos perguntou se sendo a favor da extradição como se estava se estava virando comunista ao apoiar Lula, que é contra a extradição. A resposta do bem humorado Alencar foi em russo: “Not yet” (“Ainda não”). E mais não disse. Nem era preciso.
eli.halfoun@terra.com.br
O inofensivo e romântico veículo é conduzido, na maioria das vezes, com imprudência, incompetência e irresponsabilidade, como se elas, bicicletas, e seus condutores fossem os donos das ruas. Trafegam na contramão, não respeitam sinais e nem limites de velocidade. Pior não respeitem nem o pobre do pedestre, cada vez mais limitado na liberdade do ir e vir até pelas calçadas, que pertencem aos transeuntes, mas estão invadidas por carros estacionados irregularmente e por bicicletas, que também trafegam irregular e perigosamente.
Bicicletas são veículos e como tal deveriam seguir as regras do trânsito e, no mínimo, respeitar os que andam a pé. Não é isso o que acontece: as bicicletas invadem todos os espaços, expõe os pedestres a mais um ripo de perigo. Não respeitam nada, absolutamente nada, embora devessem seguir todas as leis de trânsito. Todo dia alguém é atropelado por uma bicicleta ou é se vê obrigado a pular assustado para desviar do “duas rodas”, que trafega imprudentemente pelas calçadas quando na verdade devia estar no asfalto. Calçadas, embora já não pareça, foram feitas para pedestres. Hoje muito mais para os camelôs.
Não é só: ficou comum ler, quase que diariamente, notícia de que uma pessoa foi assaltada por um ladrão que chegou e fugiu de bicicleta ou ainda que uma pessoa perdeu a bicicleta, roubada quando passeava tranquilamente em espaço reservado para o uso do veículo. Está perigoso sair a pé, de carro ou de bicicleta. Está chegando o momento de andarmos em canhões.
Estão ficando para trás e com uma velocidade assustadora, os tempos em que andar de bicicleta era um verdadeiro prazer, um gostoso lazer. Bicicletas só continuam românticas nos cartões postais de Paquetá. Pode ser que até lá, onde os carros são proibidos de circular, as bicicletas também tenham perdido o romantismo.
Nesse tempo de sedutoras ofertas tecnológicas, talvez até as crianças estejam deixando para trás o sonho de ganhar uma bicicleta. Hoje preferem um computador ou um complicado jogo eletrônico. Pelo menos esses ainda não atropelam ninguém. Nossas crianças estão perdendo a ingenuidade de sonhar com romantismo. Para os adultos sobraram as lembranças de um tempo em que não havia ladrões de bicicleta. As bicicletas perderam o romantismo e a pureza e não apenas a pureza de não nos sufocar em fumaça e problemas de saúde. Cada vez mais a vida está perdendo o delicioso prazer do romantismo.
* Por nossa própria culpa
DENGUE: A CULPA
TAMBÉM É NOSSA
Podem ficar novamente alarmantes os números de casos de dengue nesse ensolarado Rio (o sol parece ser carioca da gema) que passou a ter o sempre tão esperado verão como uma ameaça. Mais preocupante ainda é saber que a culpa é nossa: cansam de nos avisar da necessidade de alguns simples cuidados, mas deixamos pra lá como se o tenebroso mosquito fosse picar apenas os postes. É impressionante como o ser humano é desleixado na hora de cuidar dele mesmo: quando se trata do nosso corpo, da nossa saúde, do nosso bem estar deixamos tudo para depois e depois pode ser muito tarde. Foi assim no ano passado. Estamos acostumados (burramente, é verdade) a culpar os outros em tudo e por tudo. Culpamos principalmente o governo, que tem, sim, muitas culpas e responsabilidades. Exemplo: nunca se desenvolveu no Brasil uma política eficiente de saúde preventiva e sabemos todos que em matéria de doenças a prevenção é e sempre será sempre o melhor remédio.
A dengue só se transformou nesse perigo iminente por falta de atenção. Principalmente a nossa. Não custa nada manter os vasos sem água nos pratos (a beleza das plantas não pode ser mortal), limpar nossos quintais, não deixar água empoçada, mas a maioria da população não faz isso porque, por falta de cuidado e excesso de otimismo, acha que o mosquito vai “voar em outra freguesia”. Só na mancamos diante de ameaças e punições. Parece que gostamos de levar bronca, de que nos encostem contra a parede. O homem só reage quando está encurralado. Seria bem mais fácil se cada um fizesse pelo menos o mínimo. O maior bem que possuímos é o de poder cuidar de nós mesmos, de reagir a tudo que possa de alguma forma nos fazer mal. Não adianta apenas protestar, reclamar, ficar indignado. É preciso agir. No caso da dengue a ação se faz urgente.
Todos devem lembrar do anúncio de uma marca de amortecedores que mostrava terríveis acidentes de carro e alertava para a necessidade de usar no carro amortecedores de boa qualidade. Na época todo mundo reagiu contra a agressividade do anúncio, mas só assim as pessoas se conscientizaram da necessidade de alguns importantes cuidados. Esses mesmos cuidados se fazem fundamentais (e cada vez mais) agora. É bom lembrar que diminuir a incidência de casos de dengue é uma tarefa (uma missão) que cabe a nós, embora isso não seja uma desculpa para não cobrarmos ações urgentes do governo em relação à saúde. Cuba conseguiu acabar com a dengue. Nós também podemos. Ou será que estamos esperando um tapa na cara, que nos mostre pessoas agonizando nos leitos (quando há leitos) dos hospitais por conta da picada de um mosquito que só está vencendo essa guerra porque nós, vítimas, estamos permitindo. Pense bem: não faz sentido deixar de cumprir tarefas simples e ficar esperando que a televisão nos mostre a cruel realidade da dengue. As pessoas estão morrendo ao nosso lado. Não adianta fingir que não estamos vendo e que não temos nada com isso. Essa culpa também é nossa. Vamos “picar” o mosquito e evitar que ele se acomode nas nossas vidas. Lembremos sempre que apenas nós podemos acabar com a dengue.
LULA, O BOM
ALUNO DO BRASIL
Lula, que não é bobo nem nada, resolveu usar o bom humor, uma das mais marcantes características brasileiras para continuar respondendo a agressiva declaração de Caetano Veloso que entre outras coisas o chamou de analfabeto. Agora toda vez que utiliza uma palavra menos usual em seus discursos Lula faz questão de, publicamente, chamar um assessor e pedir: “anote essa palavra e manda para o companheiro Caetano para ele ver que eu estou me esforçando”. Lula é no momento, não se pode negar o principal personagem de piadas e não só das que, mesmo quando fala sério, ele faz. O jornalista José Simão, por exemplo, acha que o filme sobre a presidente foi lançado com o título errado: para Simão o título adequado seria “Lula, o filho do barril”. O mesmo Simão acredita que outros filmes do gênero virão por aí e aposta que o próximo será “2 filhos de FHC”. O filme sobre Lula tem obtido uma grande repercussão, inclusive internacional: a revista semanal francesa L’Expresse dedica grande espaço ao filme e antecipa que o próximo passo será adaptar a história e transformá-la em uma novela com o título de “Lula Superstar”. Das duas uma: ou eles estão de gozação ou acham que o Brasil é mesmo o país da ficção.
O OLHAR PERFEITO DA
SABEDORIA POPULAR
Não se pode desprezar a sabedoria popular. De uma forma ou de outra ela sempre se confirma. Agora e o Flamengo que está aprendendo e ensinado isso uma vez mais ao descobrir que tinha ao seu lado o que mais procurava: um técnico capaz de dar ao time a cara do Flamengo. Primeiro o clube tentou, como, aliás, acontece em todos os chamados grandes times, a solução contratando “medalhões” aos quais pagava (na verdade ficava devendo) salários extraordinários. Nada deu certo até o Flamengo perceber que a solução estava ali pertinho, praticamente colada ao seu corpo. Foi só olhar para o lado e dar de cara com Andrade, profissional perfeitamente identificado com o clube do qual foi craque. Andrade sempre esteve ali usado como tapa buraco e sem qualquer tipo de vaidade, se deixava usar como uma espécie de ioiô em um joguinho que não lhe fazia justiça profissional até ser confirmado como técnico (esse negócio e interino é uma hipocrisia) isso depois do Flamengo ter tentado todos os tipos de solução. Mesmo os não rubro negros (meu caso: sou Vasco e pronto) sabem que Andrade está fazendo um excelente trabalho que, aliás, colocou o carioca Flamengo na briga pelo título do Campeonato Brasileiro. A grande lição (o futebol sempre nos dá maravilhosas lições de vida) que fica é a da sabedoria popular segundo a qual na maioria das vezes o que procuramos está e sempre esteve bem pertinho: basta olhar para o lado.
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA:
UM PROBLEMA DE VIDAS
Sem essa de bairrismo: os bons exemplos devem ser um incentivo para todos, venham de onde vierem. É de São Paulo que chega uma animadora informação: a da redução de 32% nos índices de gravidez na adolescência. A gravidez na adolescência é apontada como um grave problema social. Estudos da Organização Pan-americana de Saúde atribuem o aumento do número de filhos de mães menores de 20 anos ao fato de que “o conhecimento sobre a relação sexual livre se difunde mais rapidamente entre os adolescentes, que o conhecimento sobre os efeitos biológicos e psicológicos adversos na gravidez nessa idade, tanto para a mãe quanto para o filho”.
Pesquisas mostram que no Brasil é na classe social mais pobre que se encontram os maiores índices de fecundidade na população adolescente (26%c das adolescentes entre 15 e 19 anos tiveram filhos, enquanto nas classes de renda mais elevada o índice foi somente de 2,3). Estima-se que no Brasil de 20% a 25% do total de mulheres gestantes sejam adolescentes: há uma gestante adolescente em cada cinco mulheres. Fica clara a necessidade de incentivar programas (muitos existem, mas será que saíram do papel?) de educação e prevenção, além de um adequado atendimento médico às jovens e desorientadas pacientes. Estudos revelam ainda que a gravidez na adolescência é, na maioria das vezes, indesejada e acaba influenciando diretamente na vida das meninas que por causa da gravidez, acabam deixando a escola. Pesquisas confirmam que as complicações obstétricas ocorrem em maior proporção nas adolescentes, principalmente as de faixa etária mais baixa. São problemas de saúde como anemia, ganho de peso, hipertensão, infecção urinária e muitos outros causados pela absoluta falta de atendimento pré-natal adequado. Portanto, cuidar das jovens grávidas com programas de esclarecimento e prevenção se faz urgente, especialmente quando se sabe que na maioria das vezes as meninas engravidam sem querer. A gravidez na adolescência é um problema de vida. De duas vidas.
POBRES MENINAS GRÁVIDAS
Às vezes é preciso ser repetitivo para criar consciência. A sempre duscutida gravidez na adolescência é, queiramos ou não, um problema de saúde porque lota hospitais e coloca em risco a vida de muitas jovens e seus bebês. Com base nas Estatísticas de Registro Civil o IBGE chama atenção para o número de adolescentes que ainda engravida: 20,5% dos nascimentos registrados (um em cada cinco gestações) ocorrem entre meninas com menos de 20 anos.
Não resolve ficar olhando e lamentando os números: é urgente uma política mais abrangente de orientação. A educadora sexual Maria Helena Vilela lembra que “diversos fatores contribuem para a gravidez na adolescência, mas é certo que meninas com projetos de vida, escolaridade, objetivos e orientação em casa engravidam muito menos”.
A educadora diz ainda que as adolescentes nas classes sociais mais favorecidas têm melhores condições de fazer abortos com mais garantias e por isso mesmo a gravidez precoce registrada na classe social mais baixa é alta. A constatação confirma que o aborto é praticado livremente em consultórios ou clínicas luxuosas, mas só é permitido aos que podem pagar caro. A hipocrisia, não permite que adolescentes mais pobres tenham direito e liberdade de escolher se querem ou não a maternidade.
Uma das soluções é a conscientização da prevenção: segundo especialistas quase a totalidade dos jovens sabe do que tratam as pílulas e camisinhas, mas não necessariamente usam esse conhecimento em seu benefício.
Para a ginecologista Vera Fonseca, “a pobreza é fator determinante para a gravidez entre as adolescentes, não apenas por conta da dificuldade de acesso à informação e aos métodos contraceptivos. Quando elas não têm perspectiva de vida a maternidade lhes parece um bom negócio”.
Além de acesso a informação é fundamental dar às meninas perspectivas de vida, de futuro: a gravidez não pode ser uma válvula de escape, uma espécie de bolsa família para quem nada mais tem a perder e acredita que com um filho vai ganhar. Perde mais: em geral os pais não assumem a responsabilidade e a mãe adolescente passa a viver em condições até piores do que as de antes.
Definitivamente não é o que queremos para as meninas do Brasil. Gravidez precoce é problema de saúde que precisa de solução urgente com ampla e definitiva discussão, inclusive sobre o aborto, que pé feito por aí aos montões, mas só por quem pode pagar..e pagar caro.
UMA NOVA LOURINHA
NA MESA E NO COPO
Esse intenso, quase infernal, calor que anda fazendo no Rio (se estivesse frio ou chovendo a gente ia reclamar do mesmo jeito) tem lá suas vantagens e uma delas é sem dúvida permitir e até incentivar calorosos encontros em torno de uma cerveja gelada ( não estupidamente gelada que é estupidez porque, segundo os especialistas, a cerveja fica saborosa quando é gelada a cinco graus). A turma da “loura gelada” tem mais um bom motivo para beber: está sendo lançada uma nova opção. É a Braun-Brau Bier, a primeira “lourinha” líquida produzida em Nova Friburgo, no Rio.Embora seja uma colonização alemã, Nova Friburgo tinha uma cerveja local, ou se preferirem, uma “lourinha” da casa. Agora tem. A Braun Braun é uma cerveja tipo pilsen, categoria Premium e produzida artesanalmente, seguindo os padrões da Lei da Pureza da Região de Reinhesggebot, na Baviera. Por enquanto só é possível encontrar a nova loura gelada na região serrana (Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, mas já a partir do próximo ano haverá uma selecionada distribuição entre bares e restaurantes do Rio para só depois chegar a São Paulo. Quem experimentou a nova cerveja garante que com esse calor vale a pena subir a serra para refrescar-se não só com o clima, mas agora também com a nova cerveja. Difícil será acertar o nome, mas não tem problema: basta pedir a mais nova “lourinha” da casa. Saúde!
BONEQUINHA MUSICAL
É LUXO SÓ
Parece que a febre do “apertar cintos” provocada pela crise financeira mundial não preocupa tanto assim os ingleses, pelo menos os que se dedicam à produção de espetáculos musicais. Para promover o lançamento da versão musical de “Bonequinha de Luxo” (um dos mais famosos filmes estrelados por Audrey Hepburn em 1961) os produtores do espetáculo (em cartaz no palco do West End, em Londres, com Anna Ariel papel título) fizeram o café da manhã mais caro do mundo. Os fabricantes do licor Chamboard bancaram a fartura, que não foi uma fartura qualquer servida para apenas 15 convidados. O cardápio (no caso menu cabe melhor) tinha, entre muitas outras delícias, croissants decorados e cobertos com ouro comestível e diamantes, geléias de groselha negra colhida na região francesa de Bar de Luc, uma xícara do sofisticado café Kopi Luak (cada xícara custa US$75), além de coquetéis preparados com champanhe Perrier Jouet Belle Epoque (custa US$ 1,5 mil a garrafa) e doses do licor Chamboard servido em garrafa incrustada de ouro, diamantes e pérolas (cada garrafa custa US$ 35 mil dólares). A brincadeira (essa é o que se pode chamar de brincadeira de bom gosto) custou US$ 35 mil dólares por pessoa. Aqui festa de lançamento é na base do salgadinho requentado e cerveja vagabunda e ainda por cima quente. Quem pode, pode.
MAIS PAULADA
NOS APOSENTADO
Pelo visto meter a mão no bolso dos aposentados é uma prática que só vai melhorar nos discursos que prometem muito, mas nada muda. Agora mesmo em Brasília já se sabe que “Lula decidiu com o ministro José Pimentel que o reajuste dos aposentados e pensionistas que ganham ( se é que isso pode ser considerado ganho) acima de um salário-mínimo será de apenas 6.5% e prepara medida provisória nesse sentido”. Não estão adiantando nada os avisos de parlamentares da base aliada de que não será fácil aprovar a MP (deve ser Mais Paulada) já que até a base aliada quer um aumento baseado no INPC cheio, que é na ordem de 9,2%. A base aliada também tem feito questão de lembrar que 2010 é ano eleitoral (e Dilma não vai bem nas pesquisas), ou seja, é ano de agradar os aposentados. Agradar, não. Fazer justiça, sim.
UM CAMINHO
DE VIDA
Mais do que o reconhecimento ao inegável talento artístico brasileiro através de diretores, técnicos, autores e por aí vai o Emmy conquistado há dias pela novela “Caminho das Índias” é um prêmio ao esforço, otimismo, força e, é claro, ao indiscutível talento da autora Glória Perez que mais uma vez se superou física e emocionalmente para poder escrever a novela. Na época não é novidade para ninguém, Glória Perez enfrentou com uma exemplar e admirável garra, um grave problema de saúde e mesmo assim foi em frente buscando no trabalho o remédio mais eficaz. Também não é novidade que Glória Perez enfrentou há anos o brutal assassinato de sua filha, a jovem e talentosa atriz Daniela Perez e também se superou. Portanto, o Emmy agora conquistado não é só um prêmio autoral. É um prêmio de vida para uma mulher excepcional, a própria mulher Maravilha.
UM MOLIÉRE
PARA O ZÉ
O Brasil é sem dúvida o país dos exageros e um deles é a farta distribuição de prêmios que são promovidas praticamente em qualquer esquina. Tem prêmio para tudo: melhor síndico, melhor camelô, melhor pastel, melhor bolinho, melhor pão com manteiga, melhor cerveja, melhor botequim, melhor padaria, melhor espirro, melhor isso, melhor aquilo. É esse exagero que muitas vezes faz os prêmios perderem importância, mas apesar desse festival de medalhas, troféus e diplomas alguns prêmios ganham credibilidade e merecem respeito. É o caso do Prêmio Moliére de teatro sempre ambicionado por autores, diretores e atores aplaudidos em suas conquistas artísticas profissionais. Pois bem criador do Prêmio Moliére saiu de cena quase em segredo e sem o reconhecimento que merecia. Depois de enfrentar uma doença que se arrastou durante anos Joseph Halfin, que virou nosso José vivendo muitos anos no Brasil (era casado com a brasileira Maria Alice, primeira capa da Vogue) como diretor da Air France e responsável, via Moliére, pela vinda ao Brasil de grandes atrações francesas, entre as quais Maurice Chevalier, Marcel Marceau, e Charles Aznavour. Ultimamente Halfin, o nosso José, vivia em um pequeno apartamento no Rio e partiu sem muitas homenagens. Então, fica daqui um simbólico Moliére para ele por serviços prestados ao teatro brasileiro.
TODA (QUASE) MUDEZ
SERÁ CASTIGADA
A nudez que Adriane Galisteu estampa em um cartaz, afixado inicialmente apenas em São Paulo (depois será a vez do Rio) para a campanha beneficente A Cara da Vida de conscientização sobre a Aids (ela perdeu o irmão em 1996 por causa do vírus) pode fazer a apresentadora voltar para as páginas da Playboy, da qual é, aliás,uma das recordistas de venda quando foi atração em 1995. Adriane já negocia com a revista, que no momento espera com mais ansiedade o lançamento, em dezembro, da edição que terá a atriz Flávia Alessandra pela segunda vez (a primeira foi em agosto de 2006) na capa. A ansiedade se justifica: é que a atual edição com a escritora Fernanda Young não está vendendo o que se esperava: o encalhe é enorme e se arrependimento matasse a Playboy estaria morta. Fernanda Young também, já que não esconde ter se arrependido de fazer as fotos, de onde se concluiu que Nelson Rodrigues tinha razão: toda (quase toda) nudez será castigada. Nesse caso os leitores também.
BOM HUMOR
SEM FIM
Costumamos dizer que vice não é e não manda nada, mas agora no caso da vice-presidente José de Alencar ele feito muito como exemplo de que é sempre preciso lutar, ou seja, não desistir nunca como, aliás, ele está fazendo há anos enfrentando que ele não vence definitivamente, mas nem por isso se deixa vencer. Talvez o remédio mais eficiente de sua batalha seja o bom humor que não perde nem nos momentos mais doloridos do tratamento. Agora mesmo, por exemplo, está revelando que há dias quando soube da diminuição de seus tumores, ficou com uma dúvida: “Não sabia se deveria contar a todos a boa notícia. Pensei que, sabendo que eu ainda posso viver mais um pouco, o pessoal iria parar de falar tão bem de mim”. Alencar também brinca com o caso Cesare Battisti e quando seu irmão de 90 anos perguntou se sendo a favor da extradição como se estava se estava virando comunista ao apoiar Lula, que é contra a extradição. A resposta do bem humorado Alencar foi em russo: “Not yet” (“Ainda não”). E mais não disse. Nem era preciso.
eli.halfoun@terra.com.br
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
CERTEZAS E INCERTEZAS
Certezas e incertezas
2009 está indo embora e já vai tarde. Essa é uma das certezas que o ano que acaba nos deixa porque não queremos escrever novamente na nossa história a vergonheira política e outras mais com as quais tivemos de conviver. Na verdade aturar.
2010 está chegando (como sempre chegam tudo e todos) cheio de esperanças, de certezas e, mais, muito mais, de incertezas que essas são uma constante na vida. Se tudo fosse absolutamente certinho, se soubéssemos tudo o que acontecerá viver certamente não teria a menor graça: seria repetitivo e extremamente monótono.
Uma certeza que podemos ter é a de que se 2010 depender de avião para chegar certamente chegará com horas e horas de atraso, depois de enfrentar o sempre instalado caos nos aeroportos. Desse jeito corre o risco de 2010 só chegar em 2011..
Outra certeza é a de que por maior que tenha sido a boa vontade do Presidente da República será impossível viver dignamente recebendo míseros salários, se todos tiverem (e terão) como base o aumento do salário mínimo.
Talvez a certeza maior seja a de que dificilmente faremos tudo o que nos prometemos em toda a virada de ano, ou seja, parar de beber, parar de reclamar, fazer dieta, parar de fumar e mais e mais. No começo a gente até tenta, mas sempre com a certeza de que depois dos primeiros quinze dias de “esforço” voltaremos ao normal: continuaremos empurrando o amo com a barriga (aliás, cada vez maior, não o ano, mas sim a barriga)) até o próximo dezembro quando repetiremos as mesmas promessas. Sempre com a certeza de que nada cumpriremos. Exatamente como fazem os políticos.
As incertezas são muitas e maiores, mas a que se faz mais constante está relacionada ao destino que o país buscará. Será que, enfim, o Brasil dará certo? Será que a política e os políticos finalmente descobrirão o que é ser decente?
Cada um de nós pode passar horas falando de incertezas, mas talvez a melhor conduta nesse final de ano é ficar com a certeza, especialmente a certeza de que tudo ainda depende (e sempre dependerá) de nós.
* Portanto, o melhor é que tenhamos certeza de nós mesmos
SAI PRA LÁ,
GORDINHA
Sabe aquelas senhoras rechonchudas que faziam a alegria dos pintores e literalmente enchiam os salões de festa da antiga?
Pois é, hoje elas não passariam (e não só porque não caberiam) pela porta de qualquer atelier. Enquanto “nas antigas” as gordinhas (só para usar um termo mais gentil) eram retratos da beleza hoje são sinônimos de doenças e falta de cuidados com o corpo. Se for verdade que somos aquilo que comemos estamos comendo mal, muito mal, embora não se possa negar que os alimentos menos ou nada saudáveis são os mais saborosos. A dieta do brasileiro está recheada de carboidratos, açucares e gorduras. Resultado: já temos gordinhos e gordinhas demais, o que significa dizer que não demora muito teremos mais e mais pessoas com diabetes, acidentes vasculares cerebrais e infartos. Recente estudo revela que 43,3% da população estão com sobrepeso e 13% já estão obesos. O estudo mostra também que em 1996 13,4% das crianças com menos de cinco anos eram atingidas pela desnutrição. O quadro mudou: em 2006 a desnutrição caiu para 6,7% (uma queda de 50% em dez anos). Há quem acredite que se o Brasil mantiver o ritmo, a desnutrição será praticamente nula entre 10 a 15 anos, mas em compensação seremos um país de gordinhos. É preocupante: se o acesso a alimentação contribui para a redução da desnutrição, por outro lado está proporcionando o aumento na estatura do brasileiro, ou seja, a má alimentação associada a falta de prática de exercícios físicos e, em conseqüência o sobrepeso é responsável por doenças evitáveis (diabetes, acidentes vasculares cerebrais, infartos), males para os quais os jovens se encaminham no prato nosso de cada dia: de acordo com a coordenação de Doenças não Transmissíveis, do Ministério da Saúde “os jovens estão se alimentando mal e não estão praticando esportes”, o que resultou no crescimento da Massa Corporal (já estamos com 82%) dos adolescentes entre 10 a 19 anos.
No Brasil quem passou, enfim, a poder comer pelo menos uma vez ao dia, é obrigado a recorrer, por conta dos custos daqueles qualificados como alimentos saudáveis, aos carboidratos (arroz, macarrão, batata e pão, principalmente) e aos açucares, especialmente as sobremesas mais baratas como goiabadas, marmeladas, docinhos vendidos em camelôs, e biscoitos. Sabemos todos que a alimentação inadequada é uma das causadoras da obesidade. Essa é também uma das maiores preocupações dos Estados Unidos (continuamos copiando as besteiras de lá), onde os rechonchudos não conseguem fazer seguros de vida. Deixemos os americanos pra lá: aqui o que se faz necessariamente urgente é ensinar (até nas escolas) que alimentação saudável é vida. Gordura não é sinal de saúde. Nem de beleza.
OS PERNAS- DE-PAU
DO GOL MIL DE PELÉ
Nos últimos dias a televisão e os jornais têm dedicado um bom espaço para relembrar o milésimo gol de Pelé, mas ninguém lembrou que na época um Pelé em prantos pediu para que se tirassem os meninos das ruas, do abandono, da subvida. O então jovem Pelé foi chamado de demagogo, de aproveitador de uma situação esportiva para fazer um “discurso social”. Hoje ao mesmo tempo em que reverenciamos o histórico gol mil de Pelé é ainda possível perceber que ele estava coberto de razão: quatro décadas depois o Brasil tem 1,8 milhões de crianças entre 15 e 17 anos fora das salas de aula e quase todas envolvidas com o crime. Não as teria se a palavras choramingadas por tivessem pelo menos sido ouvidas. Assim mais do que um fato esportivo o milésimo gol de Pelé poderia ter sido um gol de vida. Foi o abandono para o qual Pelé chamou atenção que colocou nas cadeias do Brasil mais de 22.700 presos, hoje com idades variando entre 40 e 60 anos, ou seja, os que na época eram as crianças para as quais Pelé pedia apoio e atenção. Meninos de ruas se espalham aos montes por todas as esquinas do Brasil, muitos usando a camisa 10 (nem sabem direito o que é) que Pelé transformou em símbolo de competência dentro de campo, mas que as autoridades - aquelas que adoram e adoram aparecer ao lado de Pelé – não conseguiram transformar em símbolo de nada, provando uma vez mais que não passam de uns pernas-de-pau.
A NOVA SINFONIA DA
CIDADE MARAVILHOSA O Rio de Janeiro de encantos mil continua sendo o coração do Brasil, mas a trilha sonora mudou: O som de trompetes e taróis em ritmo alegre de marcha foram substituídos pelo som de tiros – uma sinfonia que nos assusta. Não vamos nos acostumar, embora 70% dos cariocas admitam ouvir tiros de vez em quando, enquanto 30% da população garantam ouvir o barulho de tiros sempre.
Esse é o resultado de pesquisa realizada pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a UERJ. O estudo traçou um novo mapa da cidade conforme a intensidade do barulho de tiros e destacou que “a existência ou proximidade de favelas são fatores que acendem o sinal vermelho”.
Culpam as favelas, mas não é bem assim: o som da violência não é provocado pela maioria de trabalhadores que habita as favelas. É quase sempre resultado das invasões policiais com seus “caveirões” e armas nos morros ou favelas do asfalto. O estudo revela que “o aumento de freqüência de barulho de tiros e proximidade com locais dominados por traficantes armados levam a interpretar errado o barulho”.
O milhão e meio de moradores das 513 comunidades faveladas listadas pelo IBG até o ano 2000 é de trabalhadores. Por falta de opções de moradia a cada mês surgiu, nos últimos dez anos, uma nova favela com 50 casas. Em 1991 havia 384 favelas no Município do Rio de Janeiro. Em 2000 o número aumentou em 30,2%. No Estado do Rio o número de áreas carentes subiu de 661 para 811 (acréscimo de 22,7%).
A partir desse mapa do som da violência é preciso fazer um outro tipo de barulho para orientar políticas públicas já que a pesquisa reflete a sensação de insegurança dos cariocas.
SALVE O FEIJÃO MARAVILHA
DOS ESCRSAVOS E SENHORES
“Fulano está batendo um prato de feijão com arroz” ou “mulher, bota mais água no feijão que estou levando um amigo para jantar” – essas são expressões populares de certa forma que pretendem mostrar que feijão é comida de pobre. Não é e nunca foi: ao contrário do que conta a história o feijão não frequentava apenas os pratos dos escravos, mas também a mesa dos “senhores” que foram os criadores da nossa tradicional feijoada. Com base em depoimentos do pintor francês Jean –Baptiste Debret, que desembarcou no Brasil em 1816 e viveu no Rio ao longo do século 19, o pesquisador Almir Chaiban El-Kareh, da Universidade Federal Fluminense, que mostrar que a feijoada,como é servida até hoje, não surgiu com os escravos que utilizavam sobras de carne, mas sim nas famílias ricas “porque na época os miúdos eram valorizados pelas elites. Os ricos comiam refeições com feijão incrementados com diversos tipos de carne, enquanto os pobres comiam feijão ralo com pequenos pedaços de carne-seca” como, aliás, acontece até hoje. Até agora a informação é de que a feijoada surgiu como invenção dos escravos que juntariam sobras de carnes não aproveitadas pelos ”senhores” ou como também conta a história seria uma invenção de famílias de poucas posses que requentariam sobras de refeições para reforçar a alimentação. A tese do pesquisador Almir Chaib, mostra que a feijoada foi criada para servir como comida para as elites do século 19. Mesmo assim no começo os ricos não admitiam a preferência pelo já na época feijão nosso de cada dia e como escreveu Debret “os pequenos comerciantes comiam feijão com um pedaço de carne-seca e farinha, regado com muita pimenta, mas faziam as refeições escondidos de todos no fundo das lojas”. Só a partir de 1830 pobres e ricos comiam feijão (existem no mundo 4.600 grãos classificados como feijão) com carne seca todos os dias, o que acabou fazendo o feijão sobressair e conseguir mudar hábitos europeus de alimentação, deixando o cozido português apenas como opção. Aqui a feijoada ganhou ritmo de festa (aliás, é praticamente sinônimo de festa), mas quando é completa ainda é um prato permitido apenas para os “senhores” que nos finais de semana, faça chuva ou faça sol,“caem” de boca em uma suculentas feijoada e deixam de lado os conselhos de cardiologistas que acham a feijoada um veneno para o coração porque é repleta de gorduras, mas eles,os cardiologistas, também não resistem ao saboroso e mais popular de nossos raros típicos. Afinl, feijão tem gosto de festa. Ou não tem?
CUIDSDO: SAL É O
VILÃO DOS OLHOS
Aquele salgadinho (salgado mesmo) fundamental para acompanhar um chope gelado e que você come sem culpa pode ser o vilão de seus olhos. Recente pesquisa publicada no American Journal of Epidemology revela que comer muito sal pode acelerar o aparecimento da catarata, responsável por cerca de 50% dos casos de cegueira no Brasil.
Entenda melhor: a catarata é um distúrbio comum a partir dos 65 anos e que leva a perda da transparência do cristalino, lente que fica atrás da pupila e é responsável por dar foco à visão. Oftalmologistas afirmam que não dá para prevenir o surgimento da catarata, mas é possível retardar e uma das formas é reduzir o consumo diário da quantidade de sal: comer muito sal acelera o aparecimento da catarata porque dificulta a manutenção da pressão do cristalino que para ficar transparente precisa estar com baixos níveis de sódio.
A orientação é que o consumo seja de no máximo seis gramas de sal por dia, equivalente a uma colher de chá. O alerta é importante já que segundo a Organização Mundial de Saúde “o brasileiro ingere o dobro ou até o triplo da quantidade de sal recomendada pelos médicos.”.
Segundo o estudo desenvolver catarata ao longo da vida é praticamente inevitável porque o problema está diretamente ligado ao envelhecimento. Calma, nada de ficar apavorado: a cirurgia de catarata é simples e a mais comum entre os adultos (450 mil são realizadas anualmente pelo SUS) acima dos 65 anos. Sempre com resultados bastante satisfatórios em mais de 95% dos casos.
Mesmo assim não custa nada prevenir-se: de saída tire o saleiro da mesa, reduza o sal no preparo dos alimentos (aliás, comer virou um perigo já nos proíbem de quase tudo: gordura, açúcar, carne, os prazeres da “boa mesa”), elimine as latarias (conservas e todos os produtos industrializados) Não é só: além de cuidar da alimentação evite o excesso de radiação ultravioleta. Em outras palavras: proteja os olhos do sol usando óculos escuros (de boa qualidade) e chapéu. O sol causa danos que não se limitam à catarata: provoca também uma série de degenerações maculares.
Prevenir é como diz a sabedoria popular, o melhor remédio para viver mais e melhor. Afinal ainda temos muita coisa para enxergar,além de tiroteios e assaltos
ATÉ QUE ATÉ QUE
A VIDA NOS SEPARE
Quem abriu uma pequena empresa mesmo que seja só para receber serviços prestados com nota fiscal ( caso de muitos jornalistas) sabe que abrir a empresa é muito mais fácil do que livrar-se dela. Não basta fechar a porta e ir embora: antes disso existe toda uma complicada (desnecessária até) burocracia a ser cumprida. Abrir (empresa, é clara) é muito mais fácil do que fechar. O casamento é mais ou menos assim: casar é fácil, mas a separação é complicada. Era: para a maioria das separações não é mais necessário constituir advogado, pagar caro esperar durante anos a lentidão da Justiça. Desde 2007 quando foi sancionada a lei 11.441/07, a separação não consome mais do que 72 horas e custa menos do que R$ 300 quando realizada em cartório. Acabou aquela obrigação do “até que a morte nos separe”. Agora é só até que o cartório nos separe - o que tem funcionado bastante: desde que a lei entrou em vigor houve, em todo o Brasil, 40% de aumento em pedidos de divórcio via cartório. Tem muita gente descasando diariamente: no Rio são realizados 20 mil divórcios por ano nos 30 cartórios que possuem atribuições notarias. Até agora o Tribunal de Justiça do Estado fez 333.327 novos pedidos de divórcio consensual. Separar está bem mais fácil do que casar: hoje é possível o casal brigar no café da manhã e separar no jantar. Nesse caso talvez seja melhor não tomar mais café da manhã em casa ou passar a tomar café várias vezes até conseguir uma briguinha. Parece que a separação é consequência natural do casamento: segundo a Fundação Getúlio Vargas e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) O Judiciário brasileiro realiza em média, 260 mil separações, divórcios e inventários por ano, dos quais 70% são consensuais.. Está tão fácil divorciar-se que o número de casamentos tipo sessão passatempo pode aumentar até porque agora o casamento é “até que a vida nos separe”.
IMPRENSAMERICANA
ESTÁ IMPRENSADA
A crise financeira atinge violentamente o até então forte mercado editorial dos Estados Unidos obrigando grandes editoras a fazerem verdadeiros malabarismos (como, aliás, sempre aconteceu por aqui) para diminuir os prejuízos. É, por exemplo, o caso da editora Condé Nast, responsável por, entre outras revistas, a Vogue que é um sucesso mundial. A editora está buscando fora do país (parece que lá nos states só socorrem os bancos e as montadoras de automóveis) alternativas. De saída quer reajustar royalties e “empurrar” mais alguns títulos. No Brasil, a Conde Nast conversa com a Carta Editorial, que edita a Vogue por aqui, mas a editora não mostrou nenhum interesse (a maré ta braba mesmo com “uma marolinha”) em passar a editar também uma versão brasileira da revista Gentleme1s Quartely, o que pode fazê-la perder os direitos de publicação da Vogue já que a Editora Globo, com a qual foram iniciadas negociações, só aceita ficar com a Gentlemen’s se puder ficar também com a Vogue. Muitas letrinhas ainda voarão até o final dessa história até porque a Carta Capital tem segundo se comenta, um longo contrato de exclusividade para publicar a Vogue brasileira, mas como no Brasil tem jeitinho pra tudo Globo e Carta Capital podem ficar sócias pelo menos nesse projeto, o que seriai uma boa, principalmente para nó, jornalistas realmente profissionais.
TURMA GULOSA DE BRASÍLIA
COME O NOSSO DINHEIRO
Se depender do que come às nossas custas daqui a pouco a turma da União, incluídos aí evidentemente deputados e senadores, que são mesmo, em sua maioria, do time “come e dorme” estarão todos obesos. Recente levantamento mostrou que a turminha gulosa gastou de janeiro até setembro nada mais nada menos do que R$1,5 bilhão em alimentação, item no qual o dinheiro de nossos impostos foi, digamos, mais empregado (eles comem de montão e a população passa fome). O levantamento revela que o gasto total da União com seu pessoal foi até setembro de R$ 2,6 bilhões, o que equivale a cerca de R$ 32 milhões por mês, ou seja, perto de R$ 1 milhão por dia. O quesito (parece mesmo o samba do crioulo doido) alimentação gastou mais, mas não houve economia em diárias (foram gastos R$ 544 milhões). Em seguida estão as passagens quer consumiram R$ 487 milhões (a turminha adora viajar). O levantamento revela que entre os poderes o Executivo é o que gasta mais (cerca de R$ 1,89 bilhão) sendo R$ 958 milhões em alimentação, R$ 502 milhões em diárias e R$ 434 milhões em passagens. Do jeito que essa turma gulosa gasta em alimentação talvez o ideal seja transformar o Congresso em SPA, incluindo aí caminhadas diárias para emagrecer e economizar nas passagens.
eli.halfoun@terra,com.br
2009 está indo embora e já vai tarde. Essa é uma das certezas que o ano que acaba nos deixa porque não queremos escrever novamente na nossa história a vergonheira política e outras mais com as quais tivemos de conviver. Na verdade aturar.
2010 está chegando (como sempre chegam tudo e todos) cheio de esperanças, de certezas e, mais, muito mais, de incertezas que essas são uma constante na vida. Se tudo fosse absolutamente certinho, se soubéssemos tudo o que acontecerá viver certamente não teria a menor graça: seria repetitivo e extremamente monótono.
Uma certeza que podemos ter é a de que se 2010 depender de avião para chegar certamente chegará com horas e horas de atraso, depois de enfrentar o sempre instalado caos nos aeroportos. Desse jeito corre o risco de 2010 só chegar em 2011..
Outra certeza é a de que por maior que tenha sido a boa vontade do Presidente da República será impossível viver dignamente recebendo míseros salários, se todos tiverem (e terão) como base o aumento do salário mínimo.
Talvez a certeza maior seja a de que dificilmente faremos tudo o que nos prometemos em toda a virada de ano, ou seja, parar de beber, parar de reclamar, fazer dieta, parar de fumar e mais e mais. No começo a gente até tenta, mas sempre com a certeza de que depois dos primeiros quinze dias de “esforço” voltaremos ao normal: continuaremos empurrando o amo com a barriga (aliás, cada vez maior, não o ano, mas sim a barriga)) até o próximo dezembro quando repetiremos as mesmas promessas. Sempre com a certeza de que nada cumpriremos. Exatamente como fazem os políticos.
As incertezas são muitas e maiores, mas a que se faz mais constante está relacionada ao destino que o país buscará. Será que, enfim, o Brasil dará certo? Será que a política e os políticos finalmente descobrirão o que é ser decente?
Cada um de nós pode passar horas falando de incertezas, mas talvez a melhor conduta nesse final de ano é ficar com a certeza, especialmente a certeza de que tudo ainda depende (e sempre dependerá) de nós.
* Portanto, o melhor é que tenhamos certeza de nós mesmos
SAI PRA LÁ,
GORDINHA
Sabe aquelas senhoras rechonchudas que faziam a alegria dos pintores e literalmente enchiam os salões de festa da antiga?
Pois é, hoje elas não passariam (e não só porque não caberiam) pela porta de qualquer atelier. Enquanto “nas antigas” as gordinhas (só para usar um termo mais gentil) eram retratos da beleza hoje são sinônimos de doenças e falta de cuidados com o corpo. Se for verdade que somos aquilo que comemos estamos comendo mal, muito mal, embora não se possa negar que os alimentos menos ou nada saudáveis são os mais saborosos. A dieta do brasileiro está recheada de carboidratos, açucares e gorduras. Resultado: já temos gordinhos e gordinhas demais, o que significa dizer que não demora muito teremos mais e mais pessoas com diabetes, acidentes vasculares cerebrais e infartos. Recente estudo revela que 43,3% da população estão com sobrepeso e 13% já estão obesos. O estudo mostra também que em 1996 13,4% das crianças com menos de cinco anos eram atingidas pela desnutrição. O quadro mudou: em 2006 a desnutrição caiu para 6,7% (uma queda de 50% em dez anos). Há quem acredite que se o Brasil mantiver o ritmo, a desnutrição será praticamente nula entre 10 a 15 anos, mas em compensação seremos um país de gordinhos. É preocupante: se o acesso a alimentação contribui para a redução da desnutrição, por outro lado está proporcionando o aumento na estatura do brasileiro, ou seja, a má alimentação associada a falta de prática de exercícios físicos e, em conseqüência o sobrepeso é responsável por doenças evitáveis (diabetes, acidentes vasculares cerebrais, infartos), males para os quais os jovens se encaminham no prato nosso de cada dia: de acordo com a coordenação de Doenças não Transmissíveis, do Ministério da Saúde “os jovens estão se alimentando mal e não estão praticando esportes”, o que resultou no crescimento da Massa Corporal (já estamos com 82%) dos adolescentes entre 10 a 19 anos.
No Brasil quem passou, enfim, a poder comer pelo menos uma vez ao dia, é obrigado a recorrer, por conta dos custos daqueles qualificados como alimentos saudáveis, aos carboidratos (arroz, macarrão, batata e pão, principalmente) e aos açucares, especialmente as sobremesas mais baratas como goiabadas, marmeladas, docinhos vendidos em camelôs, e biscoitos. Sabemos todos que a alimentação inadequada é uma das causadoras da obesidade. Essa é também uma das maiores preocupações dos Estados Unidos (continuamos copiando as besteiras de lá), onde os rechonchudos não conseguem fazer seguros de vida. Deixemos os americanos pra lá: aqui o que se faz necessariamente urgente é ensinar (até nas escolas) que alimentação saudável é vida. Gordura não é sinal de saúde. Nem de beleza.
OS PERNAS- DE-PAU
DO GOL MIL DE PELÉ
Nos últimos dias a televisão e os jornais têm dedicado um bom espaço para relembrar o milésimo gol de Pelé, mas ninguém lembrou que na época um Pelé em prantos pediu para que se tirassem os meninos das ruas, do abandono, da subvida. O então jovem Pelé foi chamado de demagogo, de aproveitador de uma situação esportiva para fazer um “discurso social”. Hoje ao mesmo tempo em que reverenciamos o histórico gol mil de Pelé é ainda possível perceber que ele estava coberto de razão: quatro décadas depois o Brasil tem 1,8 milhões de crianças entre 15 e 17 anos fora das salas de aula e quase todas envolvidas com o crime. Não as teria se a palavras choramingadas por tivessem pelo menos sido ouvidas. Assim mais do que um fato esportivo o milésimo gol de Pelé poderia ter sido um gol de vida. Foi o abandono para o qual Pelé chamou atenção que colocou nas cadeias do Brasil mais de 22.700 presos, hoje com idades variando entre 40 e 60 anos, ou seja, os que na época eram as crianças para as quais Pelé pedia apoio e atenção. Meninos de ruas se espalham aos montes por todas as esquinas do Brasil, muitos usando a camisa 10 (nem sabem direito o que é) que Pelé transformou em símbolo de competência dentro de campo, mas que as autoridades - aquelas que adoram e adoram aparecer ao lado de Pelé – não conseguiram transformar em símbolo de nada, provando uma vez mais que não passam de uns pernas-de-pau.
A NOVA SINFONIA DA
CIDADE MARAVILHOSA O Rio de Janeiro de encantos mil continua sendo o coração do Brasil, mas a trilha sonora mudou: O som de trompetes e taróis em ritmo alegre de marcha foram substituídos pelo som de tiros – uma sinfonia que nos assusta. Não vamos nos acostumar, embora 70% dos cariocas admitam ouvir tiros de vez em quando, enquanto 30% da população garantam ouvir o barulho de tiros sempre.
Esse é o resultado de pesquisa realizada pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a UERJ. O estudo traçou um novo mapa da cidade conforme a intensidade do barulho de tiros e destacou que “a existência ou proximidade de favelas são fatores que acendem o sinal vermelho”.
Culpam as favelas, mas não é bem assim: o som da violência não é provocado pela maioria de trabalhadores que habita as favelas. É quase sempre resultado das invasões policiais com seus “caveirões” e armas nos morros ou favelas do asfalto. O estudo revela que “o aumento de freqüência de barulho de tiros e proximidade com locais dominados por traficantes armados levam a interpretar errado o barulho”.
O milhão e meio de moradores das 513 comunidades faveladas listadas pelo IBG até o ano 2000 é de trabalhadores. Por falta de opções de moradia a cada mês surgiu, nos últimos dez anos, uma nova favela com 50 casas. Em 1991 havia 384 favelas no Município do Rio de Janeiro. Em 2000 o número aumentou em 30,2%. No Estado do Rio o número de áreas carentes subiu de 661 para 811 (acréscimo de 22,7%).
A partir desse mapa do som da violência é preciso fazer um outro tipo de barulho para orientar políticas públicas já que a pesquisa reflete a sensação de insegurança dos cariocas.
SALVE O FEIJÃO MARAVILHA
DOS ESCRSAVOS E SENHORES
“Fulano está batendo um prato de feijão com arroz” ou “mulher, bota mais água no feijão que estou levando um amigo para jantar” – essas são expressões populares de certa forma que pretendem mostrar que feijão é comida de pobre. Não é e nunca foi: ao contrário do que conta a história o feijão não frequentava apenas os pratos dos escravos, mas também a mesa dos “senhores” que foram os criadores da nossa tradicional feijoada. Com base em depoimentos do pintor francês Jean –Baptiste Debret, que desembarcou no Brasil em 1816 e viveu no Rio ao longo do século 19, o pesquisador Almir Chaiban El-Kareh, da Universidade Federal Fluminense, que mostrar que a feijoada,como é servida até hoje, não surgiu com os escravos que utilizavam sobras de carne, mas sim nas famílias ricas “porque na época os miúdos eram valorizados pelas elites. Os ricos comiam refeições com feijão incrementados com diversos tipos de carne, enquanto os pobres comiam feijão ralo com pequenos pedaços de carne-seca” como, aliás, acontece até hoje. Até agora a informação é de que a feijoada surgiu como invenção dos escravos que juntariam sobras de carnes não aproveitadas pelos ”senhores” ou como também conta a história seria uma invenção de famílias de poucas posses que requentariam sobras de refeições para reforçar a alimentação. A tese do pesquisador Almir Chaib, mostra que a feijoada foi criada para servir como comida para as elites do século 19. Mesmo assim no começo os ricos não admitiam a preferência pelo já na época feijão nosso de cada dia e como escreveu Debret “os pequenos comerciantes comiam feijão com um pedaço de carne-seca e farinha, regado com muita pimenta, mas faziam as refeições escondidos de todos no fundo das lojas”. Só a partir de 1830 pobres e ricos comiam feijão (existem no mundo 4.600 grãos classificados como feijão) com carne seca todos os dias, o que acabou fazendo o feijão sobressair e conseguir mudar hábitos europeus de alimentação, deixando o cozido português apenas como opção. Aqui a feijoada ganhou ritmo de festa (aliás, é praticamente sinônimo de festa), mas quando é completa ainda é um prato permitido apenas para os “senhores” que nos finais de semana, faça chuva ou faça sol,“caem” de boca em uma suculentas feijoada e deixam de lado os conselhos de cardiologistas que acham a feijoada um veneno para o coração porque é repleta de gorduras, mas eles,os cardiologistas, também não resistem ao saboroso e mais popular de nossos raros típicos. Afinl, feijão tem gosto de festa. Ou não tem?
CUIDSDO: SAL É O
VILÃO DOS OLHOS
Aquele salgadinho (salgado mesmo) fundamental para acompanhar um chope gelado e que você come sem culpa pode ser o vilão de seus olhos. Recente pesquisa publicada no American Journal of Epidemology revela que comer muito sal pode acelerar o aparecimento da catarata, responsável por cerca de 50% dos casos de cegueira no Brasil.
Entenda melhor: a catarata é um distúrbio comum a partir dos 65 anos e que leva a perda da transparência do cristalino, lente que fica atrás da pupila e é responsável por dar foco à visão. Oftalmologistas afirmam que não dá para prevenir o surgimento da catarata, mas é possível retardar e uma das formas é reduzir o consumo diário da quantidade de sal: comer muito sal acelera o aparecimento da catarata porque dificulta a manutenção da pressão do cristalino que para ficar transparente precisa estar com baixos níveis de sódio.
A orientação é que o consumo seja de no máximo seis gramas de sal por dia, equivalente a uma colher de chá. O alerta é importante já que segundo a Organização Mundial de Saúde “o brasileiro ingere o dobro ou até o triplo da quantidade de sal recomendada pelos médicos.”.
Segundo o estudo desenvolver catarata ao longo da vida é praticamente inevitável porque o problema está diretamente ligado ao envelhecimento. Calma, nada de ficar apavorado: a cirurgia de catarata é simples e a mais comum entre os adultos (450 mil são realizadas anualmente pelo SUS) acima dos 65 anos. Sempre com resultados bastante satisfatórios em mais de 95% dos casos.
Mesmo assim não custa nada prevenir-se: de saída tire o saleiro da mesa, reduza o sal no preparo dos alimentos (aliás, comer virou um perigo já nos proíbem de quase tudo: gordura, açúcar, carne, os prazeres da “boa mesa”), elimine as latarias (conservas e todos os produtos industrializados) Não é só: além de cuidar da alimentação evite o excesso de radiação ultravioleta. Em outras palavras: proteja os olhos do sol usando óculos escuros (de boa qualidade) e chapéu. O sol causa danos que não se limitam à catarata: provoca também uma série de degenerações maculares.
Prevenir é como diz a sabedoria popular, o melhor remédio para viver mais e melhor. Afinal ainda temos muita coisa para enxergar,além de tiroteios e assaltos
ATÉ QUE ATÉ QUE
A VIDA NOS SEPARE
Quem abriu uma pequena empresa mesmo que seja só para receber serviços prestados com nota fiscal ( caso de muitos jornalistas) sabe que abrir a empresa é muito mais fácil do que livrar-se dela. Não basta fechar a porta e ir embora: antes disso existe toda uma complicada (desnecessária até) burocracia a ser cumprida. Abrir (empresa, é clara) é muito mais fácil do que fechar. O casamento é mais ou menos assim: casar é fácil, mas a separação é complicada. Era: para a maioria das separações não é mais necessário constituir advogado, pagar caro esperar durante anos a lentidão da Justiça. Desde 2007 quando foi sancionada a lei 11.441/07, a separação não consome mais do que 72 horas e custa menos do que R$ 300 quando realizada em cartório. Acabou aquela obrigação do “até que a morte nos separe”. Agora é só até que o cartório nos separe - o que tem funcionado bastante: desde que a lei entrou em vigor houve, em todo o Brasil, 40% de aumento em pedidos de divórcio via cartório. Tem muita gente descasando diariamente: no Rio são realizados 20 mil divórcios por ano nos 30 cartórios que possuem atribuições notarias. Até agora o Tribunal de Justiça do Estado fez 333.327 novos pedidos de divórcio consensual. Separar está bem mais fácil do que casar: hoje é possível o casal brigar no café da manhã e separar no jantar. Nesse caso talvez seja melhor não tomar mais café da manhã em casa ou passar a tomar café várias vezes até conseguir uma briguinha. Parece que a separação é consequência natural do casamento: segundo a Fundação Getúlio Vargas e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) O Judiciário brasileiro realiza em média, 260 mil separações, divórcios e inventários por ano, dos quais 70% são consensuais.. Está tão fácil divorciar-se que o número de casamentos tipo sessão passatempo pode aumentar até porque agora o casamento é “até que a vida nos separe”.
IMPRENSAMERICANA
ESTÁ IMPRENSADA
A crise financeira atinge violentamente o até então forte mercado editorial dos Estados Unidos obrigando grandes editoras a fazerem verdadeiros malabarismos (como, aliás, sempre aconteceu por aqui) para diminuir os prejuízos. É, por exemplo, o caso da editora Condé Nast, responsável por, entre outras revistas, a Vogue que é um sucesso mundial. A editora está buscando fora do país (parece que lá nos states só socorrem os bancos e as montadoras de automóveis) alternativas. De saída quer reajustar royalties e “empurrar” mais alguns títulos. No Brasil, a Conde Nast conversa com a Carta Editorial, que edita a Vogue por aqui, mas a editora não mostrou nenhum interesse (a maré ta braba mesmo com “uma marolinha”) em passar a editar também uma versão brasileira da revista Gentleme1s Quartely, o que pode fazê-la perder os direitos de publicação da Vogue já que a Editora Globo, com a qual foram iniciadas negociações, só aceita ficar com a Gentlemen’s se puder ficar também com a Vogue. Muitas letrinhas ainda voarão até o final dessa história até porque a Carta Capital tem segundo se comenta, um longo contrato de exclusividade para publicar a Vogue brasileira, mas como no Brasil tem jeitinho pra tudo Globo e Carta Capital podem ficar sócias pelo menos nesse projeto, o que seriai uma boa, principalmente para nó, jornalistas realmente profissionais.
TURMA GULOSA DE BRASÍLIA
COME O NOSSO DINHEIRO
Se depender do que come às nossas custas daqui a pouco a turma da União, incluídos aí evidentemente deputados e senadores, que são mesmo, em sua maioria, do time “come e dorme” estarão todos obesos. Recente levantamento mostrou que a turminha gulosa gastou de janeiro até setembro nada mais nada menos do que R$1,5 bilhão em alimentação, item no qual o dinheiro de nossos impostos foi, digamos, mais empregado (eles comem de montão e a população passa fome). O levantamento revela que o gasto total da União com seu pessoal foi até setembro de R$ 2,6 bilhões, o que equivale a cerca de R$ 32 milhões por mês, ou seja, perto de R$ 1 milhão por dia. O quesito (parece mesmo o samba do crioulo doido) alimentação gastou mais, mas não houve economia em diárias (foram gastos R$ 544 milhões). Em seguida estão as passagens quer consumiram R$ 487 milhões (a turminha adora viajar). O levantamento revela que entre os poderes o Executivo é o que gasta mais (cerca de R$ 1,89 bilhão) sendo R$ 958 milhões em alimentação, R$ 502 milhões em diárias e R$ 434 milhões em passagens. Do jeito que essa turma gulosa gasta em alimentação talvez o ideal seja transformar o Congresso em SPA, incluindo aí caminhadas diárias para emagrecer e economizar nas passagens.
eli.halfoun@terra,com.br
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
DOENTES ALÉM DA IMAGINAÇÃO
Que a saúde no Brasil está doente, em estado de coma, não é novidade para ninguém. A televisão e os jornais nos mostram diariamente o caos nos hospitais, a total falta de recursos para que os médicos possam cumprir o juramento de “salvar vidas”. O ser humano é tratado como subproduto, como nada, como se não fosse ninguém. Mas, podem acreditar: o que se vê, geralmente sentado em confortáveis poltronas, na televisão não dá nem de longe para imaginar o que realmente acontece. Tomemos como exemplo o Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que é o maior hospital da América do Sul e também um dos maiores “elefantes brancos” do mundo com seis de seus majestosos e exagerados andares inteiramente desativados por absoluta falta de recursos e pela brasileira mania de grandeza que o cercou durante a sua construção. O resto está ali caindo aos pedaços, tão moribundo quanto à saúde no Brasil. Mesmo assim centenas de pessoas o procuram diariamente na esperança de serem atendidas como deveriam. A partir das seis horas da manhã as filas começam a ficar quilométricas: são velhos e jovens misturados pela mesma dor e pela mesma esperança. No começo da manhã o que se respira por ali é esperança - uma esperança que nem a dor física consegue destruir. O tempo passa, a esperança diminuindo (nenhuma esperança resiste ao tempo e ao caos) e o que se vê a partir daí, são rostos cansados, é gente massacrada pela vida. O que mais impressiona é que, até por falta de opção, ninguém desiste. Desistir como, se não há para onde ir? Os pobres e mal pagos funcionários encarregados de fazer a “triagem” como se todos fossem animais que vão para o abate, até que, justiça seja feita, tentam fazer o melhor, mas é quase impossível fazer o melhor por ali diante da total falta de recursos. A decepção aliada ao quase desespero, é outro sentimento presente naquelas imensas filas de subprodutos humanos . O que mais se ouve é “a senhora ( ou o senhor) tem que procurar um hospital - como se eles funcionassem - perto de sua casa” ou “esse setor está desativado” ou ainda “não temos mais vagas”. Isso sem contar os cartazes colados na imensas portas de vidros avisando principalmente que “não atendemos casos de Aids”
Quem consegue, enfim, passar pela triagem de qualidade, ou seja, a triagem da falta de qualidade de vida, não está livre da peregrinação: a burocracia se encarrega de traçar mais um espinhoso caminho. É fila para isso, é fila para aquilo. São, depois de várias horas de filas, mais algumas horas de pé diante da minúscula sala dos médicos ( geralmente bem intencionados estudantes). O retrato que se vê nos corredores do hospital é o retrato do horror, da dor - um retrato que certamente cria uma situação constrangedora também no comportamento dos jovens formandos certamente desiludidos com os sonhos da profissão que escolheram e que costumam ser tão bonitas nas histórias que a televisão e o cinema nos contam. O que mais impressiona é que, apesar da dor e da inevitável irritação o doente brasileiro se mantém de pé ali e quando finalmente consegue ser atendido por um médico (para ele um Deus) o doente mais do que imaginário ainda consegue sorrir o sorriso de quem recuperou a dignidade humana. É um sorriso meio de alívio, meio de vitória, a vitória de ter sido tratado, finalmente, com a atenção e o respeito que todo ser humano precisa e merece. Mas a peregrinação não chegou ao fim: novas filas, novas exigências burocráticas terão que ser cumpridas para fazer os exames que o médico solicitou e para novamente ser atendido pelo, se possível, mesmo Deus médico. Como se, tristemente, fosse um favor e não um direito adquirido pelo pagamento de anos e mais anos de INSS. O pobre ( e pobre nos dois sentidos) é, talvez, o retrato mais prefeito de um país que tem, demagogicamente, até tentado mas ainda não descobriu a justiça social e nem percebeu que pobre é gente e que merece ser tratado como tal. E não como um subproduto humano - subproduto que se amontoa nos hospitais e nas calçadas de um país que, feliz país, tem um povo que nem assim perde a esperança. Até porque a esperança é a última que morre. Quando o doente não morre antes nas filas dos hospitais...
A N0VA SINFONIA DA
CIDADE MARAVILHOSA
O Rio de Janeiro de encantos mil continua sendo o coração do Brasil, mas a trilha sonora mudou: O som de trompetes e taróis em ritmo alegre de marcha foram substituídos pelo som de tiros – uma sinfonia que nos assusta. Não vamos nos acostumar, embora 70% dos cariocas admitam ouvir tiros de vez em quando, enquanto 30% da população garantam ouvir o barulho de tiros sempre.
Esse é o resultado de pesquisa realizada pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a UERJ. O estudo traçou um novo mapa da cidade conforme a intensidade do barulho de tiros e destacou que “a existência ou proximidade de favelas são fatores que acendem o sinal vermelho”.
Culpam as favelas, mas não é bem assim: o som da violência não é provocado pela maioria de trabalhadores que habita as favelas. É quase sempre resultado das invasões policiais com seus “caveirões” e armas nos morros ou favelas do asfalto. O estudo revela que “o aumento de freqüência de barulho de tiros e proximidade com locais dominados por traficantes armados levam a interpretar errado o barulho”.
O milhão e meio de moradores das 513 comunidades faveladas listadas pelo IBG até o ano 2000 é de trabalhadores. Por falta de opções de moradia a cada mês surgiu, nos últimos dez anos, uma nova favela com 50 casas. Em 1991 havia 384 favelas no Município do Rio de Janeiro. Em 2000 o número aumentou em 30,2%. No Estado do Rio o número de áreas carentes subiu de 661 para 811 (acréscimo de 22,7%).
A partir desse mapa do som da violência é preciso fazer um outro tipo de barulho para orientar políticas públicas já que a pesquisa reflete a sensação de insegurança dos cariocas.
COMPUTADOR PODE SER
UMA ARMA PERIGOSA
Vamos dar um “enter”, fazer um “download” e reconhecer que hoje é quase impossível viver sem utilizar a informática. Não há dúvida de que nos próximos anos o computador será ferramenta obrigatória para todos.
A informática é a maior revolução da era moderna, mais até do que foi a impressão em 1945 com a descoberta de Gutemberg. A informática permite a maior velocidade de comunicação do mundo: com a Internet hoje é perfeitamente possível enviar uma carta para um milhão de pessoas e percorrer milhões de páginas simultaneamente através de programas de buscas. Isso sem falar na possibilidade de vender livros para um público potencial de mais de cem países.
Também é preciso reconhecer que a informática virou uma poderosa arma em mãos inescrupulosas: através do computador estão invadindo nossas vidas, contas bancárias e nos enchendo de vírus, como se já não bastassem os que andam soltos no ar. Nem é preciso ter computador doméstico para ser um “marginal eletrônico”: estão aí as lan houses (casas de computadores em rede) que permitem o uso e abuso. Permitiam: vigora (mas será que funciona no Rio a lei 5.132 que obriga as lan houses a manterem um cadastro de usuários e a arquivar informações referentes a data,hora, identificação do usuário e terminal do computador.
Mesmo quem é contra qualquer tipo de repressão, certamente reconhece que nesse caso (basta os celulares nos presídios) a fiscalização é o remédio mais eficaz para evitar que usuários mal intencionados façam estragos em vidas honestas de quem usa o computador como uma insubstituível ferramenta de trabalho. Nesse aspecto o Brasil foi o país que registrou o maior aumento no uso de computadores ente 2002 e 2007 com aumento de usuários de 22% para 44%. Hoje temos 60 milhões de computadores em uso e ocupamos a décima posição entre os países com maior número de computadores.
identificação do usuário e terminal do computador.
Mesmo quem é contra qualquer tipo de repressão, certamente reconhece que nesse caso (basta os celulares nos presídios) a fiscalização é o remédio mais eficaz para evitar que usuários mal
ÊATA PAÍS PARADOXAL.
É O BRASIL
O Brasil é um país estranho e, em conseqüência, paradoxal. Primeiro vem o ministro Carlos Lupi, do Trabalho, e anuncia todo orgulhoso que “o Brasil é o único país do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) a gerar mais de 1 milhão de empregos e que o próximo ano o país vai chegar ao saldo acumulado de 2 milhões de vagas”. Convenhamos: não é nada perto do ainda enorme desemprego com que convivemos. Em seguida chega a informação de que o Brasil melhorou (melhorou?) cinco pontos em um ranking mundial que analisa o nível de corrupção entre 180 países. Segundo a organização Transparência Internacional o Brasil deixou a 80ª posição e agora está na 75ª colocação, o que, como diria o Bóris Casoy é uma vergonha. Para a vergonha ser ainda maio está na mesmo posição de Colômbia, Peru e Suriname e atrás do Chile, Uruguai e Costa Rica. Apesar da “melhora” em nível mundial o Brasil continua entre as nações com nível de ocorrência de corrupção (roubalheira é a palavra exata) considerado alto. O índice é calculado com base em pesquisas feitas por instituições de renome, que ouviram especialistas e empresários, convidados a dar sua opinião sobre a percepção que têm da corrupção existente entre funcionários públicos e políticos em seus países. Deve ter sido difícil, muito difícil, achar por aqui alguém que pudesse opinar sem rabo preso sobre isso. Afinal, ainda somos um país de poucos empregos e muitos corruptos.
DINHEIRO NA
MÃO É VENDAVAL
Não dá pra negar: a única coisa garantida na vida, além da morte, é emprego público e não é à-toa que todo mundo quer um não só por causa da moleza que costuma ser, mas também e principalmente porque paga muito bem, não atrasa salários e não manda ninguém embora, como acontece frequentemente nas empresas privadas. Só para ter uma idéia: de janeiro a setembro desse ano os salários dos funcionários federais (na União a boca é ainda melhor) incluindo ativos, inativos, pensionistas, diretos, indiretos intergovernamentais para mais de 2,2 milhões de brasileiros consumiram R$ 118 bilhões. Recente levantamento mostra que a média salarial entre todos os poderes é, hoje, de R$ 6.75 mensais. Os funcionários mais bem pagos sãos do judiciário, com média mensal de R$ 19,1. Em seguida estão os servidores do Legislativo, com média mensal de R$ 12,7 mil enquanto a média salarial do funcionário do Executivo é de R$ 5,4 mil (civil) e R$ 3,8 mil (militar). Sabe quem paga tudo isso?
COM A CORDA
NO PESCOÇO
A nudez da escritora e apresentadora Fernanda Young estampada na revista Playboy não agradou, como era de se esperar, a gregos e troianos (na verdade não agradou nem a us e nem aos outros), mas tem rendidos, além de críticas e piadas, algumas discussões, certamente inúteis. A mais recente se desenvolve em torno dos nós que atam Fernanda em algumas fotos. Agora a gente fica sabendo que os nós são do shibari, técnica milenar japonesa usada artisticamente para amarrar objetos, pacotes ou mulheres como Fernanda fez questão de mostrar. A corda tradicional japonesa utilizada para shibari é de cânhamo e quando é usada para amarração sexual ganha o apropriado nome de kinbaku. Há quem garanta que nas fotos de Fernanda a amarração sexual está mais para origami do que para fantasia sadomasô. Quem bom que esclareceram: como é que íamos poder dormir sem saber disso?
UM JOGO DE XADREZ
QUE NÃO DÁ CADEIA
Acredite se quiser: se Lula pudesse concorrer à Presidência da República ganharia com facilidade. Quem faz essa constatação é o sociólogo e marqueteiro Antonio Lavareda, que acumula enorme experiência com pesquisas e bastidores de campanhas eleitorais. Lavareda revela ainda que “tem cidades com menos de 20 mil eleitores no Nordeste, aonde a aprovação de Lula chega 98% Para quem quer conhecer os bastidores das campanhas políticas Antonio Lavareda lança no próximo 26 um livro considerado imperdível. É “Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais” no qual revela episódios de seu trabalho, especialmente para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 2010. O presente também merece análise de Lavareda que, entre outras coisas, diz: 1) não há espaço para novos nomes na próxima eleição presidencial;
2) uma chapa pura tucana formada por Serra e Aécio seria imbatível;
3) Marina Silva levará boa parte da militância petista e
4) a chapa Dilma-Ciro (ele como vice) não daria certo “porque o deputado se comportaria como candidato a presidente e não a vice”.
Política é mesmo um jogo de xadrez e nós, eleitores, somos as peças mais usadas e depois jogadas em um canto qualquer.
LULA O BOM
FILHO DO CINEMA
Antes mesmo de ser visto pelo personagem principal o filme Lula, o filho do Brasil, trilha um incontestável caminho de sucesso: vai virar minissérie, além, é claro, de DVD com venda garantida: será disponibilizado ao público por R$ 10, o que sem dúvida dificultará a venda de DVDs piratas. Lula, o filme será exibido em 432 salas cinematográficas em todo o país. A primeira dama, Marisa, já viu o filme no Festival de Cinema de Brasília, mas o presidente, ou melhor, o personagem principal, só o assistirá no próximo dia 28 nos estúdios da Vera Cruz, em São Bernardo do Campo. A produção do filme consumiu R$ 12 milhões de reais sem o apoio financeiro da Lei Rounet, mas com a participação de vários de empresários que não se importaram em botar a mão no bolso para ficar bem nas fita. Como não poderia deixar de acontecer Lula, o filho do Brasil, virou tema de blogs nos quais é aplaudido e criticado, além de inspirar piadas. O jornalista Tutty Vasques, por exemplo, diz que o DEM liberou sua bancada para assistir o filme, só que com uma grande ressalva. Quem chorar alto no cinema, será expulso do partido.
O filme sobre Lula está provando todo tipo de reação, inclusive a de inveja: agora é o senador José Sarney que quer botar a cara na telas (quando é preciso ele não dá as caras). O presidente do Senado quer ver sua cara no cinema, mas, como sempre, às nossas custas: a idéia é usar a TV Senado, que ele comanda, para fazer documentários sobre os grandes estadistas brasileiros entre os quais sem modéstia ele se inclui. Sarney também pensa em resgatar um velho documentário (dirigido por Fernando Barbosa Lina) que teve alguns trechos exibidos há dois meses em um canal do Paraná. Agora Sarney quer mais (sempre quer): o plano é exibir o documentário por todo o país em redes de televisão educativa. Que assim deixarão de se educativas.
SÉCULO 21
O FIM DE TUDO?
São freqüentes as discussões sobre o futuro do jornalismo – uma discussão que não deixa de ser necessária, mas que de certa forma acaba sempre deixando de lado um olhar para o futuro do jornalista que vê o mercado de trabalho achatar-se cada vez mais, é mal pago e não tem perspectiva de conquistar uma boa aposentadoria até porque muitos profissionais são obrigados a trabalhar como “frilas” outra imposição do mercado. Vem mais discussão por aí: quem está de volta ao Brasil é Tom Wolfe, criador do new journalism e autor do livro Vaidades que em 1990 virou filme com Tom Hanks, Bruce Willis e Melanie Greiffith. Tom Wolfe, que participou, recentemente, do Festival Literário de Paraty promete palestras interessantes e confessa sua preocupação com três temas e revela que “se a genética diz que somos todos resultados de uma programação, não existe livre arbítrio e não temos culpa de nada". Outra preocupação de Wolfe é com o avanço da pornografia e ainda e com a defesa de Nietzche: “ele previu o nazismo, as duas Guerras Mundiais e a falência total dos valores no século 21”. Quer dizer: estamos a caminho do fundo do poço.
eli.halfoun@terra.com.br
Quem consegue, enfim, passar pela triagem de qualidade, ou seja, a triagem da falta de qualidade de vida, não está livre da peregrinação: a burocracia se encarrega de traçar mais um espinhoso caminho. É fila para isso, é fila para aquilo. São, depois de várias horas de filas, mais algumas horas de pé diante da minúscula sala dos médicos ( geralmente bem intencionados estudantes). O retrato que se vê nos corredores do hospital é o retrato do horror, da dor - um retrato que certamente cria uma situação constrangedora também no comportamento dos jovens formandos certamente desiludidos com os sonhos da profissão que escolheram e que costumam ser tão bonitas nas histórias que a televisão e o cinema nos contam. O que mais impressiona é que, apesar da dor e da inevitável irritação o doente brasileiro se mantém de pé ali e quando finalmente consegue ser atendido por um médico (para ele um Deus) o doente mais do que imaginário ainda consegue sorrir o sorriso de quem recuperou a dignidade humana. É um sorriso meio de alívio, meio de vitória, a vitória de ter sido tratado, finalmente, com a atenção e o respeito que todo ser humano precisa e merece. Mas a peregrinação não chegou ao fim: novas filas, novas exigências burocráticas terão que ser cumpridas para fazer os exames que o médico solicitou e para novamente ser atendido pelo, se possível, mesmo Deus médico. Como se, tristemente, fosse um favor e não um direito adquirido pelo pagamento de anos e mais anos de INSS. O pobre ( e pobre nos dois sentidos) é, talvez, o retrato mais prefeito de um país que tem, demagogicamente, até tentado mas ainda não descobriu a justiça social e nem percebeu que pobre é gente e que merece ser tratado como tal. E não como um subproduto humano - subproduto que se amontoa nos hospitais e nas calçadas de um país que, feliz país, tem um povo que nem assim perde a esperança. Até porque a esperança é a última que morre. Quando o doente não morre antes nas filas dos hospitais...
A N0VA SINFONIA DA
CIDADE MARAVILHOSA
O Rio de Janeiro de encantos mil continua sendo o coração do Brasil, mas a trilha sonora mudou: O som de trompetes e taróis em ritmo alegre de marcha foram substituídos pelo som de tiros – uma sinfonia que nos assusta. Não vamos nos acostumar, embora 70% dos cariocas admitam ouvir tiros de vez em quando, enquanto 30% da população garantam ouvir o barulho de tiros sempre.
Esse é o resultado de pesquisa realizada pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a UERJ. O estudo traçou um novo mapa da cidade conforme a intensidade do barulho de tiros e destacou que “a existência ou proximidade de favelas são fatores que acendem o sinal vermelho”.
Culpam as favelas, mas não é bem assim: o som da violência não é provocado pela maioria de trabalhadores que habita as favelas. É quase sempre resultado das invasões policiais com seus “caveirões” e armas nos morros ou favelas do asfalto. O estudo revela que “o aumento de freqüência de barulho de tiros e proximidade com locais dominados por traficantes armados levam a interpretar errado o barulho”.
O milhão e meio de moradores das 513 comunidades faveladas listadas pelo IBG até o ano 2000 é de trabalhadores. Por falta de opções de moradia a cada mês surgiu, nos últimos dez anos, uma nova favela com 50 casas. Em 1991 havia 384 favelas no Município do Rio de Janeiro. Em 2000 o número aumentou em 30,2%. No Estado do Rio o número de áreas carentes subiu de 661 para 811 (acréscimo de 22,7%).
A partir desse mapa do som da violência é preciso fazer um outro tipo de barulho para orientar políticas públicas já que a pesquisa reflete a sensação de insegurança dos cariocas.
COMPUTADOR PODE SER
UMA ARMA PERIGOSA
Vamos dar um “enter”, fazer um “download” e reconhecer que hoje é quase impossível viver sem utilizar a informática. Não há dúvida de que nos próximos anos o computador será ferramenta obrigatória para todos.
A informática é a maior revolução da era moderna, mais até do que foi a impressão em 1945 com a descoberta de Gutemberg. A informática permite a maior velocidade de comunicação do mundo: com a Internet hoje é perfeitamente possível enviar uma carta para um milhão de pessoas e percorrer milhões de páginas simultaneamente através de programas de buscas. Isso sem falar na possibilidade de vender livros para um público potencial de mais de cem países.
Também é preciso reconhecer que a informática virou uma poderosa arma em mãos inescrupulosas: através do computador estão invadindo nossas vidas, contas bancárias e nos enchendo de vírus, como se já não bastassem os que andam soltos no ar. Nem é preciso ter computador doméstico para ser um “marginal eletrônico”: estão aí as lan houses (casas de computadores em rede) que permitem o uso e abuso. Permitiam: vigora (mas será que funciona no Rio a lei 5.132 que obriga as lan houses a manterem um cadastro de usuários e a arquivar informações referentes a data,hora, identificação do usuário e terminal do computador.
Mesmo quem é contra qualquer tipo de repressão, certamente reconhece que nesse caso (basta os celulares nos presídios) a fiscalização é o remédio mais eficaz para evitar que usuários mal intencionados façam estragos em vidas honestas de quem usa o computador como uma insubstituível ferramenta de trabalho. Nesse aspecto o Brasil foi o país que registrou o maior aumento no uso de computadores ente 2002 e 2007 com aumento de usuários de 22% para 44%. Hoje temos 60 milhões de computadores em uso e ocupamos a décima posição entre os países com maior número de computadores.
identificação do usuário e terminal do computador.
Mesmo quem é contra qualquer tipo de repressão, certamente reconhece que nesse caso (basta os celulares nos presídios) a fiscalização é o remédio mais eficaz para evitar que usuários mal
ÊATA PAÍS PARADOXAL.
É O BRASIL
O Brasil é um país estranho e, em conseqüência, paradoxal. Primeiro vem o ministro Carlos Lupi, do Trabalho, e anuncia todo orgulhoso que “o Brasil é o único país do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) a gerar mais de 1 milhão de empregos e que o próximo ano o país vai chegar ao saldo acumulado de 2 milhões de vagas”. Convenhamos: não é nada perto do ainda enorme desemprego com que convivemos. Em seguida chega a informação de que o Brasil melhorou (melhorou?) cinco pontos em um ranking mundial que analisa o nível de corrupção entre 180 países. Segundo a organização Transparência Internacional o Brasil deixou a 80ª posição e agora está na 75ª colocação, o que, como diria o Bóris Casoy é uma vergonha. Para a vergonha ser ainda maio está na mesmo posição de Colômbia, Peru e Suriname e atrás do Chile, Uruguai e Costa Rica. Apesar da “melhora” em nível mundial o Brasil continua entre as nações com nível de ocorrência de corrupção (roubalheira é a palavra exata) considerado alto. O índice é calculado com base em pesquisas feitas por instituições de renome, que ouviram especialistas e empresários, convidados a dar sua opinião sobre a percepção que têm da corrupção existente entre funcionários públicos e políticos em seus países. Deve ter sido difícil, muito difícil, achar por aqui alguém que pudesse opinar sem rabo preso sobre isso. Afinal, ainda somos um país de poucos empregos e muitos corruptos.
DINHEIRO NA
MÃO É VENDAVAL
Não dá pra negar: a única coisa garantida na vida, além da morte, é emprego público e não é à-toa que todo mundo quer um não só por causa da moleza que costuma ser, mas também e principalmente porque paga muito bem, não atrasa salários e não manda ninguém embora, como acontece frequentemente nas empresas privadas. Só para ter uma idéia: de janeiro a setembro desse ano os salários dos funcionários federais (na União a boca é ainda melhor) incluindo ativos, inativos, pensionistas, diretos, indiretos intergovernamentais para mais de 2,2 milhões de brasileiros consumiram R$ 118 bilhões. Recente levantamento mostra que a média salarial entre todos os poderes é, hoje, de R$ 6.75 mensais. Os funcionários mais bem pagos sãos do judiciário, com média mensal de R$ 19,1. Em seguida estão os servidores do Legislativo, com média mensal de R$ 12,7 mil enquanto a média salarial do funcionário do Executivo é de R$ 5,4 mil (civil) e R$ 3,8 mil (militar). Sabe quem paga tudo isso?
COM A CORDA
NO PESCOÇO
A nudez da escritora e apresentadora Fernanda Young estampada na revista Playboy não agradou, como era de se esperar, a gregos e troianos (na verdade não agradou nem a us e nem aos outros), mas tem rendidos, além de críticas e piadas, algumas discussões, certamente inúteis. A mais recente se desenvolve em torno dos nós que atam Fernanda em algumas fotos. Agora a gente fica sabendo que os nós são do shibari, técnica milenar japonesa usada artisticamente para amarrar objetos, pacotes ou mulheres como Fernanda fez questão de mostrar. A corda tradicional japonesa utilizada para shibari é de cânhamo e quando é usada para amarração sexual ganha o apropriado nome de kinbaku. Há quem garanta que nas fotos de Fernanda a amarração sexual está mais para origami do que para fantasia sadomasô. Quem bom que esclareceram: como é que íamos poder dormir sem saber disso?
UM JOGO DE XADREZ
QUE NÃO DÁ CADEIA
Acredite se quiser: se Lula pudesse concorrer à Presidência da República ganharia com facilidade. Quem faz essa constatação é o sociólogo e marqueteiro Antonio Lavareda, que acumula enorme experiência com pesquisas e bastidores de campanhas eleitorais. Lavareda revela ainda que “tem cidades com menos de 20 mil eleitores no Nordeste, aonde a aprovação de Lula chega 98% Para quem quer conhecer os bastidores das campanhas políticas Antonio Lavareda lança no próximo 26 um livro considerado imperdível. É “Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais” no qual revela episódios de seu trabalho, especialmente para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 2010. O presente também merece análise de Lavareda que, entre outras coisas, diz: 1) não há espaço para novos nomes na próxima eleição presidencial;
2) uma chapa pura tucana formada por Serra e Aécio seria imbatível;
3) Marina Silva levará boa parte da militância petista e
4) a chapa Dilma-Ciro (ele como vice) não daria certo “porque o deputado se comportaria como candidato a presidente e não a vice”.
Política é mesmo um jogo de xadrez e nós, eleitores, somos as peças mais usadas e depois jogadas em um canto qualquer.
LULA O BOM
FILHO DO CINEMA
Antes mesmo de ser visto pelo personagem principal o filme Lula, o filho do Brasil, trilha um incontestável caminho de sucesso: vai virar minissérie, além, é claro, de DVD com venda garantida: será disponibilizado ao público por R$ 10, o que sem dúvida dificultará a venda de DVDs piratas. Lula, o filme será exibido em 432 salas cinematográficas em todo o país. A primeira dama, Marisa, já viu o filme no Festival de Cinema de Brasília, mas o presidente, ou melhor, o personagem principal, só o assistirá no próximo dia 28 nos estúdios da Vera Cruz, em São Bernardo do Campo. A produção do filme consumiu R$ 12 milhões de reais sem o apoio financeiro da Lei Rounet, mas com a participação de vários de empresários que não se importaram em botar a mão no bolso para ficar bem nas fita. Como não poderia deixar de acontecer Lula, o filho do Brasil, virou tema de blogs nos quais é aplaudido e criticado, além de inspirar piadas. O jornalista Tutty Vasques, por exemplo, diz que o DEM liberou sua bancada para assistir o filme, só que com uma grande ressalva. Quem chorar alto no cinema, será expulso do partido.
O filme sobre Lula está provando todo tipo de reação, inclusive a de inveja: agora é o senador José Sarney que quer botar a cara na telas (quando é preciso ele não dá as caras). O presidente do Senado quer ver sua cara no cinema, mas, como sempre, às nossas custas: a idéia é usar a TV Senado, que ele comanda, para fazer documentários sobre os grandes estadistas brasileiros entre os quais sem modéstia ele se inclui. Sarney também pensa em resgatar um velho documentário (dirigido por Fernando Barbosa Lina) que teve alguns trechos exibidos há dois meses em um canal do Paraná. Agora Sarney quer mais (sempre quer): o plano é exibir o documentário por todo o país em redes de televisão educativa. Que assim deixarão de se educativas.
SÉCULO 21
O FIM DE TUDO?
São freqüentes as discussões sobre o futuro do jornalismo – uma discussão que não deixa de ser necessária, mas que de certa forma acaba sempre deixando de lado um olhar para o futuro do jornalista que vê o mercado de trabalho achatar-se cada vez mais, é mal pago e não tem perspectiva de conquistar uma boa aposentadoria até porque muitos profissionais são obrigados a trabalhar como “frilas” outra imposição do mercado. Vem mais discussão por aí: quem está de volta ao Brasil é Tom Wolfe, criador do new journalism e autor do livro Vaidades que em 1990 virou filme com Tom Hanks, Bruce Willis e Melanie Greiffith. Tom Wolfe, que participou, recentemente, do Festival Literário de Paraty promete palestras interessantes e confessa sua preocupação com três temas e revela que “se a genética diz que somos todos resultados de uma programação, não existe livre arbítrio e não temos culpa de nada". Outra preocupação de Wolfe é com o avanço da pornografia e ainda e com a defesa de Nietzche: “ele previu o nazismo, as duas Guerras Mundiais e a falência total dos valores no século 21”. Quer dizer: estamos a caminho do fundo do poço.
eli.halfoun@terra.com.br
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
VICIADOS EM SAÚDE
Que doença! Tem saúde demais nas nossas vidas, no nosso comum dia a dia. A preocupação com a saúde, o bem estar, sempre existiu, mas houve um tempo em que certamente se vivia com menos doenças, menos “milagres” e sem essa exagerada preocupação. Esse é mais um fenômeno dos modernos e corridos de hoje. Todo mundo tem pressa, mesmo que a pressa seja só a de não fazer nada.
Os cuidados com a saúde aumentam na mesma proporção em que se fazem maiores os espaços na mídia dedicados às novas e diárias descobertas científicas e principalmente às fórmulas que, mesmo que não tenham qualquer constatação científica prometem acabar com a gordura,diminuir o colesterol e as dores em geral. Prometem mais e melhor vida, o que nem sempre acontece. Cuidar-se é, sim, fundamental, mas não se permitir ficar escravo de todos os cada vez mais caros medicamentos e “milagres” é mais saudável.
A mídia cumpre seu papel de informar, de tentar orientar e ajudar. Se por um lado isso é bom, por outro é perigoso: orientações de saúde transmitidas pelo jornal, mesmo que apenas alternativas, podem ser uma armadilha: cada jornal publica um conselho diferente para a mesma função e o leitor que recebe diariamente goela abaixo comprimidos com todo tipo de informação sobre saúde, acaba desorientado e cometendo verdadeiras loucuras em busca e em nome de dias melhores e mais saudáveis. Enquanto um jornal diz, através de uma opinião abalizada que tal alimento, tal medicamento é bom, outro jornal condena esse mesmo alimento ou medicamento. Resultado: essas receitas “populares” com várias e estranhas orientações só desorientam. Sem falar que cada um de nós tem sempre a mais eficiente receita para ensinar aos parentes, aos amigos, aos vizinhos. Todo cuidado é pouco e por isso mesmo o ideal é procurar o médico. Médicos também erram, mas erram muito menos do que os muitos milagreiros que se anunciam através da mídia.
Até os novos medicamentos divulgados precisam ser vistos com extrema cautela: sempre que chega aos jornais a informação de uma nova fórmula científica é preciso esperar. Esperar muito.
Medicamentos novos não significam necessariamente a solução de problemas de saúde, de novas e definitivas curas. Qualquer nova descoberta científica anunciada, na maioria das vezes apressadamente, pelos laboratórios precisa de pelo menos dez anos para que tenha sua eficácia científica realmente comprovada. Mas esse é um problema para os médicos.
Nós que buscamos mais saúde e em consequência mais vida, precisamos estar alertas para não seguir tudo o que nos aconselham e prometem. Essa extrema preocupação com a saúde pode acabar nos fazendo ficar muito mais doentes, mais preocupados e menos felizes.
* Viciados em saúde
DROGAS LIVRES?
COMO?
“Sou favorável à liberação das drogas, desde que seja um pacto internacional. Senão pode o Brasil virar a Walt Disney das drogas” – a declaração é do governador Sergio Cabral em extensa entrevista ao Jornal do Brasil. A liberalização das drogas é um problema complicado que envolve muitas e profundas questões e por isso mesmo é uma discussão que, espera-se, um dia tenha fim, enfim. Certo mesmo é a necessidade de resolver urgentemente o comércio (tráfico) ilegal de drogas que continua levando tantos e tantos jovens para um caminho sem volta: o da morte. A liberalização das drogas foi tentada como solução em outros países supostamente mais preparados do que o nosso e não funcionou, não deu certo como se esperava. Aqui nem se fala: mesmo que esse terrível tipo de negócio seja legalizado, o que em tese acabaria com os traficantes, haverá sempre um comerciante legalmente estabelecido querendo levar, como acontece em quase tudo no comércio, vantagem em cima do consumidor. E, convenhamos, o Brasil não pode virar um parque de diversões de usuários, ou seja, drogados de mundo inteiro. Legalizada ou não a droga não pode virar atração turística e nem o Brasil um paraíso de quem escolhe a morte como caminho de vida.
FALAR MAL É
FÁCIL. MUITO FÁCIL
Não é preciso ser especialista no assunto para saber que a questão das drogas (tráfico e consumo) está longe de ter uma solução até porque o problema virou apenas caso de polícia (deveria ser de saúde) e nunca é discutido com profundidade em busca de pelo menos uma solução paliativa. O que chama atenção não só nessa, mas em todas as questões colocadas em pauta é a facilidade de falar mal sem acrescentar nada ao tema e, portanto à discussão. Bastou o governador Sérgio Cabral vir a púbico dizer que é, com restrições, é claro, favorável à liberalização das drogas para receber um rajada de críticas. Os adversários políticos sempre se aproveitam de qualquer brecha para botar o nariz pra fora e o rabo pra dentro. Marcelo Itagiba, que já foi nosso Secretário de Segurança e hoje é deputado com grandes ambições políticas acha que “a defesa pela liberação das drogas só é feita por aqueles que são incompetentes para combatê-las”. Ao que se saiba nosso ex-Secretário de Segurança Pública não conseguiu nada na guerra contra o tráfico. O ex-governador Anthony Garotinho, outro ambicioso político limita-se se a dizer q eu Cabral é de “um deslumbrado”. Já o deputado Fernando Gabeira, um convicto batalhador pela liberalização da maconha, mostra bom senso e diz que “o tema é muito difícil de ser debatido e acha que sem a reforma da polícia não há condições nem de reprimir e nem de liberar, porque não terá controle”. A discussão realmente é polêmica e torna-se mais difícil porque cada vez que se fala no assunto a única coisa que se faz é criticar, muitas vezes sem conhecimento do tema e apenas pelo prazer de criticar – criticar qualquer coisa. Falar mal só por falar também é uma droga
HAJA LEI SECA: A MORTE
VIVE NAS RUAS
Criada em 1950 a indústria automobilística brasileira nos orgulha, mas nem tanto: a violência no trânsito causa problemas graves. O custo anual de acidentes de trânsito no país é, segundo estudo da Associação Nacional de Transportes Públicos, de R$ 28 bilhões de reais, conseqüência de 35 mil mortes, 100 mil pessoas com deficiências temporárias e 400 mil feridos. Haja lei seca.
É hora de frear para pensar e desacelerar a brutal estatística de vítimas que o trânsito provoca: estudos mostram que no Brasil são três mil as vítimas fatais provocadas mensalmente pelos acidentes, ou seja, um número quatro vezes maior ao de países desenvolvidos e a mesma quantidade de vítimas do atentado de 11 de setembro as torres gêmeas nos Estados Unidos.
Estudos comprovam que os acidentes de trânsito são conseqüências diretas da nossa distorcida visão sobre o assunto: nunca nos damos conta que os acidentes de trânsito agravam a falta de vagas nos hospitais públicos, onde de cada dez leitos nos Centros de Terapia Intensiva dois são ocupados por vítimas do trânsito.
Sem atenção e educação, a tendência é a violência no trânsito aumentar: anualmente 1,7 milhões de pessoas obtêm a Carteira Nacional de Habilitação (grande parte de jovens entre 18 e 24 anos), um milhão de motoristas renovam suas habilitações. No Ro 41% dos acidentes são causados por excesso de velocidade. É o estado com maior índice, seguido de São Paulo e Brasília com, respectivamente, 28% e 21%.
Dados do Corpo de Bombeiros mostram que cerca de 30% das pessoas que batem de carro possuem hálito etílico, o que acontece também com 24% dos atropelados.
O Brasil tem registros de 40 milhões de veículos (27 milhões circulando) Anualmente cerca de 9 milhões de automóveis trocam de proprietários e 3 milhões de novos veículos (um milhão de motocicletas) entram no mercado movimentando 100 bilhões de reais. Não é preciso dirigir para ser vítima: os atropelamentos são responsáveis por 36% das mortes nas estradas brasileiras. Vamos pisar no freio: nenhuma vida pode ser interrompida em alta velocidade.
UM BARQUINHO
SEM VIOLÃO
Não há quem não se sensibilize diante das imagens do caos instalado na Baixada Fluminense, que virou um verdadeiro rio insalubre. Assim como as promessas políticas a tragédia se repete todos os anos e a televisão nem precisaria r até lá (sempre de helicóptero, que nesse caso, além de mais seguro é a única opção) para uma completa cobertura. Basta repetir imagens dos anos anteriores. Não seria honesto, mas seria verdadeiro: essa história se repete há anos. Qualquer pingo mais grosso mostra que mesmo quando se jura de pés juntos que ali foram feitas obras são evidentemente obras de péssima qualidade (coisas dos “sertgiosnayas” da vida). Obras de fachada que servem apenas como maquiagem às vésperas de eleição quando os candidatos prometem qualquer coisa (qualquer coisa mesmo) só para garantir mais um clique na urna eletrônica. O que se tem visto repetidamente nas áreas mais pobres de toda a Baixada é tão trágico que certamente arranca lágrimas de qualquer cidadão der bem. Menos dos políticos.
Muita incompetência fica evidente diante do caos e deixa também, embora possa parecer brincadeira, uma certeza: barcos e iates são diversão para os ricos. Para os pobres passaram a ser, uma necessidade: melhor ter um barquinho do que um fusquinha velho na garagem no que já foi um quintal.
PIRATAS DA
CARA DE PAU
Armaram o maior carnaval (como sempre só para mostrar trabalho) com a apreensão de 12 toneladas de produtos piratas vendidos livremente e não é de hoje no Camelódromo do Rio. Nenhuma novidade: milhares de pessoas de todas as classes sociais (rico usa produto pirata, mas anuncia que é verdadeiro porque comprou em Miami) que frequentam aquela concentração de ex--camelos sempre soube que ali o comércio é quase todo de produtos falsificados, única maneira de vender tão barato quanto se quer fazer crer. Não cabe aquela velha desculpa do “compra quem quer”. É diferente: compra quem não pode adquirir os chamados produtos autênticos que mesmo como dólar em crise ainda custam os olhos da cara e mesmo assim também costumam apresentar problemas porque não existe por aqui, nenhum rigoroso controle de qualidade. Nem de quem é estabelecido legalmente pratica o obrigatório e, portanto, fundamental respeito ao consumidor. Combater a pirataria é, sim, uma necessidade, ainda mais quando se quer recolher (fim de ano é assim) mais impostos. Tudo bem: recolheram 12 toneladas de produtos piratas, ou seja, falsificados, mas isso não é absolutamente nada: muitas outras toneladas estão espalhadas nas mãos de vendedores ambulantes em qualquer esquina e nos outros pontos chamados ironicamente de comércio popular. Todo mundo sabe onde esses produtos podem ser adquiridos. Tomando por base só a notícia do recolhimento das 12 toneladas de falsificações (algumas fabricadas em quintais aqui mesmo e por grandes indústrias) uma pergunta se impõe: como é que, contando por baixo, 12 toneladas de contrabando entraram o país? Tem pirataria nessa jogada.
Os cuidados com a saúde aumentam na mesma proporção em que se fazem maiores os espaços na mídia dedicados às novas e diárias descobertas científicas e principalmente às fórmulas que, mesmo que não tenham qualquer constatação científica prometem acabar com a gordura,diminuir o colesterol e as dores em geral. Prometem mais e melhor vida, o que nem sempre acontece. Cuidar-se é, sim, fundamental, mas não se permitir ficar escravo de todos os cada vez mais caros medicamentos e “milagres” é mais saudável.
A mídia cumpre seu papel de informar, de tentar orientar e ajudar. Se por um lado isso é bom, por outro é perigoso: orientações de saúde transmitidas pelo jornal, mesmo que apenas alternativas, podem ser uma armadilha: cada jornal publica um conselho diferente para a mesma função e o leitor que recebe diariamente goela abaixo comprimidos com todo tipo de informação sobre saúde, acaba desorientado e cometendo verdadeiras loucuras em busca e em nome de dias melhores e mais saudáveis. Enquanto um jornal diz, através de uma opinião abalizada que tal alimento, tal medicamento é bom, outro jornal condena esse mesmo alimento ou medicamento. Resultado: essas receitas “populares” com várias e estranhas orientações só desorientam. Sem falar que cada um de nós tem sempre a mais eficiente receita para ensinar aos parentes, aos amigos, aos vizinhos. Todo cuidado é pouco e por isso mesmo o ideal é procurar o médico. Médicos também erram, mas erram muito menos do que os muitos milagreiros que se anunciam através da mídia.
Até os novos medicamentos divulgados precisam ser vistos com extrema cautela: sempre que chega aos jornais a informação de uma nova fórmula científica é preciso esperar. Esperar muito.
Medicamentos novos não significam necessariamente a solução de problemas de saúde, de novas e definitivas curas. Qualquer nova descoberta científica anunciada, na maioria das vezes apressadamente, pelos laboratórios precisa de pelo menos dez anos para que tenha sua eficácia científica realmente comprovada. Mas esse é um problema para os médicos.
Nós que buscamos mais saúde e em consequência mais vida, precisamos estar alertas para não seguir tudo o que nos aconselham e prometem. Essa extrema preocupação com a saúde pode acabar nos fazendo ficar muito mais doentes, mais preocupados e menos felizes.
* Viciados em saúde
DROGAS LIVRES?
COMO?
“Sou favorável à liberação das drogas, desde que seja um pacto internacional. Senão pode o Brasil virar a Walt Disney das drogas” – a declaração é do governador Sergio Cabral em extensa entrevista ao Jornal do Brasil. A liberalização das drogas é um problema complicado que envolve muitas e profundas questões e por isso mesmo é uma discussão que, espera-se, um dia tenha fim, enfim. Certo mesmo é a necessidade de resolver urgentemente o comércio (tráfico) ilegal de drogas que continua levando tantos e tantos jovens para um caminho sem volta: o da morte. A liberalização das drogas foi tentada como solução em outros países supostamente mais preparados do que o nosso e não funcionou, não deu certo como se esperava. Aqui nem se fala: mesmo que esse terrível tipo de negócio seja legalizado, o que em tese acabaria com os traficantes, haverá sempre um comerciante legalmente estabelecido querendo levar, como acontece em quase tudo no comércio, vantagem em cima do consumidor. E, convenhamos, o Brasil não pode virar um parque de diversões de usuários, ou seja, drogados de mundo inteiro. Legalizada ou não a droga não pode virar atração turística e nem o Brasil um paraíso de quem escolhe a morte como caminho de vida.
FALAR MAL É
FÁCIL. MUITO FÁCIL
Não é preciso ser especialista no assunto para saber que a questão das drogas (tráfico e consumo) está longe de ter uma solução até porque o problema virou apenas caso de polícia (deveria ser de saúde) e nunca é discutido com profundidade em busca de pelo menos uma solução paliativa. O que chama atenção não só nessa, mas em todas as questões colocadas em pauta é a facilidade de falar mal sem acrescentar nada ao tema e, portanto à discussão. Bastou o governador Sérgio Cabral vir a púbico dizer que é, com restrições, é claro, favorável à liberalização das drogas para receber um rajada de críticas. Os adversários políticos sempre se aproveitam de qualquer brecha para botar o nariz pra fora e o rabo pra dentro. Marcelo Itagiba, que já foi nosso Secretário de Segurança e hoje é deputado com grandes ambições políticas acha que “a defesa pela liberação das drogas só é feita por aqueles que são incompetentes para combatê-las”. Ao que se saiba nosso ex-Secretário de Segurança Pública não conseguiu nada na guerra contra o tráfico. O ex-governador Anthony Garotinho, outro ambicioso político limita-se se a dizer q eu Cabral é de “um deslumbrado”. Já o deputado Fernando Gabeira, um convicto batalhador pela liberalização da maconha, mostra bom senso e diz que “o tema é muito difícil de ser debatido e acha que sem a reforma da polícia não há condições nem de reprimir e nem de liberar, porque não terá controle”. A discussão realmente é polêmica e torna-se mais difícil porque cada vez que se fala no assunto a única coisa que se faz é criticar, muitas vezes sem conhecimento do tema e apenas pelo prazer de criticar – criticar qualquer coisa. Falar mal só por falar também é uma droga
HAJA LEI SECA: A MORTE
VIVE NAS RUAS
Criada em 1950 a indústria automobilística brasileira nos orgulha, mas nem tanto: a violência no trânsito causa problemas graves. O custo anual de acidentes de trânsito no país é, segundo estudo da Associação Nacional de Transportes Públicos, de R$ 28 bilhões de reais, conseqüência de 35 mil mortes, 100 mil pessoas com deficiências temporárias e 400 mil feridos. Haja lei seca.
É hora de frear para pensar e desacelerar a brutal estatística de vítimas que o trânsito provoca: estudos mostram que no Brasil são três mil as vítimas fatais provocadas mensalmente pelos acidentes, ou seja, um número quatro vezes maior ao de países desenvolvidos e a mesma quantidade de vítimas do atentado de 11 de setembro as torres gêmeas nos Estados Unidos.
Estudos comprovam que os acidentes de trânsito são conseqüências diretas da nossa distorcida visão sobre o assunto: nunca nos damos conta que os acidentes de trânsito agravam a falta de vagas nos hospitais públicos, onde de cada dez leitos nos Centros de Terapia Intensiva dois são ocupados por vítimas do trânsito.
Sem atenção e educação, a tendência é a violência no trânsito aumentar: anualmente 1,7 milhões de pessoas obtêm a Carteira Nacional de Habilitação (grande parte de jovens entre 18 e 24 anos), um milhão de motoristas renovam suas habilitações. No Ro 41% dos acidentes são causados por excesso de velocidade. É o estado com maior índice, seguido de São Paulo e Brasília com, respectivamente, 28% e 21%.
Dados do Corpo de Bombeiros mostram que cerca de 30% das pessoas que batem de carro possuem hálito etílico, o que acontece também com 24% dos atropelados.
O Brasil tem registros de 40 milhões de veículos (27 milhões circulando) Anualmente cerca de 9 milhões de automóveis trocam de proprietários e 3 milhões de novos veículos (um milhão de motocicletas) entram no mercado movimentando 100 bilhões de reais. Não é preciso dirigir para ser vítima: os atropelamentos são responsáveis por 36% das mortes nas estradas brasileiras. Vamos pisar no freio: nenhuma vida pode ser interrompida em alta velocidade.
UM BARQUINHO
SEM VIOLÃO
Não há quem não se sensibilize diante das imagens do caos instalado na Baixada Fluminense, que virou um verdadeiro rio insalubre. Assim como as promessas políticas a tragédia se repete todos os anos e a televisão nem precisaria r até lá (sempre de helicóptero, que nesse caso, além de mais seguro é a única opção) para uma completa cobertura. Basta repetir imagens dos anos anteriores. Não seria honesto, mas seria verdadeiro: essa história se repete há anos. Qualquer pingo mais grosso mostra que mesmo quando se jura de pés juntos que ali foram feitas obras são evidentemente obras de péssima qualidade (coisas dos “sertgiosnayas” da vida). Obras de fachada que servem apenas como maquiagem às vésperas de eleição quando os candidatos prometem qualquer coisa (qualquer coisa mesmo) só para garantir mais um clique na urna eletrônica. O que se tem visto repetidamente nas áreas mais pobres de toda a Baixada é tão trágico que certamente arranca lágrimas de qualquer cidadão der bem. Menos dos políticos.
Muita incompetência fica evidente diante do caos e deixa também, embora possa parecer brincadeira, uma certeza: barcos e iates são diversão para os ricos. Para os pobres passaram a ser, uma necessidade: melhor ter um barquinho do que um fusquinha velho na garagem no que já foi um quintal.
PIRATAS DA
CARA DE PAU
Armaram o maior carnaval (como sempre só para mostrar trabalho) com a apreensão de 12 toneladas de produtos piratas vendidos livremente e não é de hoje no Camelódromo do Rio. Nenhuma novidade: milhares de pessoas de todas as classes sociais (rico usa produto pirata, mas anuncia que é verdadeiro porque comprou em Miami) que frequentam aquela concentração de ex--camelos sempre soube que ali o comércio é quase todo de produtos falsificados, única maneira de vender tão barato quanto se quer fazer crer. Não cabe aquela velha desculpa do “compra quem quer”. É diferente: compra quem não pode adquirir os chamados produtos autênticos que mesmo como dólar em crise ainda custam os olhos da cara e mesmo assim também costumam apresentar problemas porque não existe por aqui, nenhum rigoroso controle de qualidade. Nem de quem é estabelecido legalmente pratica o obrigatório e, portanto, fundamental respeito ao consumidor. Combater a pirataria é, sim, uma necessidade, ainda mais quando se quer recolher (fim de ano é assim) mais impostos. Tudo bem: recolheram 12 toneladas de produtos piratas, ou seja, falsificados, mas isso não é absolutamente nada: muitas outras toneladas estão espalhadas nas mãos de vendedores ambulantes em qualquer esquina e nos outros pontos chamados ironicamente de comércio popular. Todo mundo sabe onde esses produtos podem ser adquiridos. Tomando por base só a notícia do recolhimento das 12 toneladas de falsificações (algumas fabricadas em quintais aqui mesmo e por grandes indústrias) uma pergunta se impõe: como é que, contando por baixo, 12 toneladas de contrabando entraram o país? Tem pirataria nessa jogada.
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