quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Programas de culinária precisam aprender a ensinar como aproveitar as sobras

Embora grande parte dos brasileiros ainda não tenha condições de colocar na mesa diária o simples e fundamental feijão e arroz cresce a cada temporada o interesse dos telespectadores por programas de culinária, que se não enchem a barriga enche pelo menos os olhos de quem não pode ainda alimentar-se farta e diariamente. Segundo levantamento da “Folha de São Paulo” dos 52 atuais programas da televisão pelo menos 20 são de culinária com um cada vez maior interesse de homens (ganham cada vez mais espaço na cozinha que já foi território só das mulheres). O sucesso desse tipo de programa está principalmente no fato de mostrarem que cozinhar é fácil quando se faz com prazer e sem buscar requintes que só cabem em cozinha profissionais. Os programas têm mostrado que não é preciso ser exatamente um chef para ser bom pilotando fogão e temperos. Cozinhar é acima de tudo o prazer de agradar o paladar, especialmente o dos amigos. A alquimia na mistura de temperos e sabores é sempre uma descoberta mágica para agradar o paladar, o olfato e a gula. Pode-se até dizer que atualmente não deve existir um único homem que não saiba se virar na cozinha e que as mulheres estão cada vez caprichosas até na hora de preparar um simples arroz. Não existe estatística, mas é quase certo que a audiência dos programas de culinárias tem nas classes pobre e média o maior número de telespectadores. Ninguém quer ser um “chef francês”, embora muitos cheguem bem perto disso. Cozinhar bem é cozinhar com simplicidade e nesse caso me parece que os programas especializados ainda não perceberam que para agradar a maioria de seu público é preciso levar conta as possibilidades de comprar material de baixo custo, mas que nem por isso não pode ser aproveitado muito bem em qualquer cozinha e por qualquer cozinheiro. Faltam a esses programas por mais simples que sejam ensinar a aproveitar ao máximo todos os alimentos como, por exemplo, recriar pratos com digamos sobras. É sempre possível fazer com o feijão mais do que um tutu e como arroz mais do que umas mistura que costumamos chamar de risoto, se bem que risoto mesmo é outra e saborosa história. Sem dúvida o público que busca inspiração nos programas de culinária teria mais a aprender e economizar se lhe fossem dadas oportunidades de reaproveitar os pratos preparados na véspera. Em um país em que a população ainda passa fome jogar as sobras no lixo é mais do que um desperdício. É crime. (Eli Halfoun)

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