segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Chega de abrir espaço para artistas que não respeitam a liberdade de expressão
Uma historinha real que me parece perfeita para ilustra a discussão em torno da imposição dos artistas de uma ditadura às biografias não autorizadas. Há anos quando dirigia a revista Amiga pedi que entrevistassem um ator (o nome já não importa até porque ele sumiu de circulação) e ele se recusou a falar com o repórter, tratando-o inclusive com arrogância. Tudo bem: ninguém é obrigado a falar. Dias depois o ator me procurou sorridente e simpático na redação pedindo para ser entrevistado porque estava estreando uma peça e precisava de divulgação. Recusei disse: “no dia que queríamos ouvir você não teve interesse em falar. Agora não temos interesse de ouvir”. Lembro desse episódio porque diante de tanta e desnecessária discussão em torno de biografias acredito que isso só está acontecendo por total e absoluta culpa da imprensa, que sempre se rendeu aos artistas. Foi a imprensa que deu voz aos artistas sempre que eles precisaram aparecer, foi e é a imprensa que cria e endeusa ídolos - os mesmos ídolos que agora se colocam em um m pedestal exigindo falar somente o que e quando querem. Talvez a solução para colocar ponto final nessa ridícula exigência e discussão seja a imprensa não mais abrir espaço para os ídolos que ela mesma criou e que agora se voltam contra a fundamental liberdade de expressão. A imprensa não precisa desses ídolos, a literatura também não. Eles sim é que, por mais sucesso que façam graças ao talento e sem dúvida a imprensa sempre precisarão do precioso espaço de jornais e revistas para venderem seus produtos. Quando precisam colocar suas mercadorias no balcão os artistas nem pensam em cercear a liberdade de expressão, principalmente se for a deles. Artistas que não quer falar e nem ser falados devem ser definitivamente esquecidos pela imprensa. Muitas vezes é no silêncio que estão0 as melhores palavras. (Eli Halfoun)
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