sábado, 5 de outubro de 2013

Estamos todos com o "Pé na Cova" de uma realidade que parece ficção

Foi boa, apesar do horário, a audiência do primeiro episódio de “Pé´na Cova”, mais uma criação de Miguel Falabella que é sem dívida um dos mais versáteis de nossos artistas: ele escreve, produz e dirige e faz tudo isso, às vezes ao mesmo tempo, com uma correção invejável - –a correção que só os profissionais apaixonados conseguem ter e mostrar. Boa parte do público pode estranhar alguns dos personagens criados por Falabella, mas não há muito que estranhar: são todos personagens que fazem parte do cotidiano que construímos e que ainda assim insistimos em não enxergar. A ficção de Falabella em “Pé na Cova” É apenas a revelação de uma foto que preferimos ver apenas no negativo. A vantagem maior de “Pé na Cova” é que Fallabella não permite que seus personagens tenham mordaças: dizem o que é para ser dito e não parecem ter a menor preocupação com o tal do politicamente correto que, aliás, tem manipulado nossas condutas: para não ser incorretos politicamente já não dizemos o que realmente pensamos e assim estamos criando para nós mesmos uma censura e mentiras diárias que já não no permitem ser como realmente somos ou queremos ser. Não compactuo com a teoria de que os personagens de “Pé na Cova” venham a provocar um desconforto no público, mas se isso acontecer será na verdade o desconforto de nos aproximar mais do estranho mundo que estamos fazendo girar – girar cada vez mais depressa e loucamente. “Pá na Copa” é um bom seriado com personagens que fazem parte do cotidiano visto pela sempre bem humorada visão do autor que vai buscar nas ruas, através de sua sensibilidade, personagens reais e que de tão reais podem acabar parecendo apenas personagens de ficção. (Eli Halfoun)

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