quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Sofrimentos da vida real ganham maior dimensão nas novelas

São mais de 40 anos de jornalismo (ainda a minha maior paixão profissional) muitos dos quais dedicados a acompanhar o desenvolvimento e a programação da nossa hoje mundialmente respeitada televisão, mas confesso que até agora não entendo o motivo que faz com que todas as novelas tenham mais (e muitos) personagens desprovidos de moral e de caráter dos que respeitam o semelhante e, portanto, a vida. É o exemplo maior que a televisão pode (e deve) passar através das novelas campeãs de audiência. Sabemos que a vida real está cheia de pessoas que não demonstram nenhum traço de bom caráter e estão sempre querendo levar vantagem em tudo e com todos, mas se a coisa infelizmente funciona assim na vida real será que a ficção também tem de nos mostrar que estamos construindo (e cada vez mais) uma humanidade absurda, pobre de caráter e pobre de espírito, o que é muito pior. Repare que em nenhuma novela o personagem que se deu bem na vida tem sempre um passado pouco respeitável. Repare também que os chamados núcleos pobres das novelas só entram em cena para sofrer e apanha da vida e dos mais bem sucedidos. Parece também que as novelas ainda não descobriram o que é amor: ninguém em nenhuma novela é feliz afetivamente se não passar antes por uma série de problemas emocionais. Reconheço que na vida real na maioria das vezes também é assim, mas se a realidade afetiva e social já nos afeta tanto na vida real não seria o caso das novelas nos darem um refresco nesse aspecto. A história dos folhetins foi escrita com o desamor e o sofrimento, dos personagens, mas convenhamos que está mais do que na hora de escrever uma nova história para os folhetins e não permitir que o telespectador que já sofre tanto com a vida real tenha de sofrer também com os temas da ficção. A vida real tem aspectos muito felizes e se as novelas querem estar próximas da realidade precisam descobrir urgentemente o lado bom das coisas e que a vida não é feita só de tragédias. Aposto que com novelas mais felizes a audiência aumentaria e o público também seria muito mais feliz. (Eli Halfoun)

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