terça-feira, 17 de setembro de 2013

CRÔNICA ------------- Assim na terra como no céu

Será que tem fome no céu? A resposta de todos virá imediata em forma de um sonoro não, embora não saibamos o que realmente acontece lá em cima. Na maioria das vezes o céu azul nos foi ensinado como uma espécie de premio e, portanto, de paraíso. É para lá que todos sonhamos ir depois dessa vida (nesse aspecto existe sim outra sonhada vida). Hipoteticamente o céu é lindo, habitado por anjos. Repleto e de paz e amor. Deve ser por isso que o céu é de um azul quase transparente e mesmo assim nada nos deixa ver através dessa suave transparência que sem dúvida está ali brilhando para mexer com nossa imaginação e para nos fazer agir de uma forma que em outra vida, as portas do céu estejam abertas para nós, mesmo que não tenhamos sido tão anjos aqui na terra Só sabemos (e vemos) que o céu é azul, mas nem só o céu é assim. Quando foi pela primeira vez em busca dos mistérios da lua que é uma espécie de município do céu o astronauta russo Yuri Gagarin gritou emocionado para o mundo: “A terra é azul”. Se a terra é azul nada impede que nos tornemos anjos também nesse solo terra que conhecemos marrom e que ainda assim faz nascer as mais floridas plantas que nos dão colorida e múltipla a beleza e o oxigênio da vida - uma vida que, aliás, estamos fazendo de tudo às vezes até inconscientemente para destruir. Assim como o céu azul essa terra também azul deveria nos transformar em anjos de carne e osso par fazer também da terra um bonito caminho para o paraíso final. Talvez o começo de uma nova vida. Não precisamos esperar tanto: basta que não manchemos o azul da terra com o vermelho de sangue, de ódio e de total desamor por tudo e por todos. Se no céu azul não existe espaço para a fome e para a dor podemos sim ser anjos terrestres para fazer também da terra um céu sem fome, sem miséria e brilhando de esperança, que, afinal, a esperança também é azul como o céu e como a terra. Essa pode ser apenas uma visão romântica da vida, mas é um destino que como o nosso também está em nossas mãos. Não faz sentido que essa terra azul como o céu seja semeada por fome, violência e pela total falta de amor - um desamor que não permitimos quando hipoteticamente imaginamos que entramos no céu como tanto esperamos. O caminho para o céu é difícil e complicado. Será menos doloroso e dolorido se soubermos fazer da terra um céu - uma terra negra que esteja sempre vestida de azul – o azul que também é a cor do mar, a cor do universo. Não precisamos de asas, como as que imaginamos nos anjos, para que também possamos ser anjos na terra. As asas dos anjos da terra estão plantadas no coração e quando abertas nos permitem viajar em tantos sonhos, mas sonhos só não bastam. Se cada um de nós souber deixar aparecer os anjos que temos no coração aí sim estaremos construindo na terra e na vida o caminho mais bonito para o paraíso chamado céu e com o qual tanto sonhamos. Sonhar é pouco. É preciso abrir cada vez mais as asas do anjo que sem dúvida habita em cada um de nós. A terra só será realmente azul quando estivermos conscientes de que a vida tem mais valor quando tudo é assim na terra como no céu. Sem fome e com a doçura do amor. Lá e cá. (Eli Halfoun)

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