domingo, 17 de abril de 2011

crônica ---- Vida absurda

Nenhum brasileiro resistiu: chorou copiosamente diante do massacre de inocentes meninos em uma escola em Realengo, no Rio. Que mundo é esse? é a pergunta que cada um se faz ao ver prela televisão as repetitivas imagens de uma crueldade não só inconcebível, mas também imprevisíveis embora outros acontecimentos do gênero já nos tenham mostrado com dureza como é mental e fisicamente cruel o mundo que estamos construindo.
No caso específico do massacre de Realengo (e ainda por cima dentro de uma escola que é o “monumento” da educação e do futuro). Palavras não dizem ou explicam absolutamente nada. Como explicar o inexplicável? Como teorizar sobre um fato que. Se faz muito maior do que qualquer teoria.
A crueldade real e ficcional. A televisão mostra em suas novelas personagens cada vez mais deformados, violentos e sem qualquer tipo de solidariedade e, portanto, sem o fundamental amor, sem dúvida o único sentimento realmente capaz de promover a demolição dos estragos que já fizemos.
A história do mundo está repleta de passagens violentamente cruéis e que se reflete em nossa formação emocional e moral. O massacre de Realengo é mais um lamentável fato que entrará para a história. Que as lágrimas que continuamos derramando sirvam para reavaliar o mundo, especialmente nossas condutas diárias.
Não é esse o mundo embora tenhamos construído que queremos. Sabemos que é impossível viver em um mundo sem problemas, sem maldades e sem violência Sabemos também que quanto mais amor, mais amorosamente solidários formos melhores e mais humanas serão as condições de nossas vidas. Que podem não ser ainda as ideais, mas certamente serão melhores, muito melhores do que as que vivemos atualmente.
Felizmente pequenos-grandes exemplos nos mostram que é, SIM, possível mudar. Basta olhar para dentro de nós mesmo e também para os lados para encontrar gestos e ações que nos reacendem a esperança. Quer ver: ao mesmo tempo em que sofríamos com o cruel massacre do presente e do futuro um homem simples (como, aliás, são todos os homens bons) trabalhador alternativo (vendia empadas carregando um enorme e pesado cesto) largou na calçada a mercadoria que carregava no ombro para prestar solidária ajuda para um senhor que não conseguia tirar uma senhora impedida de andar para colocá-la na cadeira de rodas. O vendedor de empadas percebeu, largou sua mercadoria (e seu sustento) no chão e correu para ajudar. Pegou a senhora no colo, colocou-a na cadeira de rodas, perguntou se podia fazer mais alguma coisa para ajudar e como não era necessário saiu de cena como entrou: sozinho, sem aplausos, mas consciente de que de uma forma ou de outra conseguiu, pelo menos naquele momento, fazer um mundo melhor.
Argumentos psicológicos tentam explicar o que levou um jovem a cometer tamanho absurdo contra meninos que sem dúvida ali estavam escola cheios de planos e decididos a construir um futuro digno e melhor. É esse mundo que os meninos de Realengo sonhavam não lhes deixaram ver que ainda podemos construir. Nem que seja em homenagem a eles, símbolos de vida que se foram deixando em todos nós a certeza de que é preciso mudar urgentemente. Antes que seja muito tarde e não tenhamos mais amor, afeto e solidariedade. Nem lágrimas para derramar. (Eli Halfoun)

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