sábado, 26 de abril de 2014

Torturas e mortes do regime militar não podem ficar impunes. Nem ser esquecidas

Os monstros nazistas que torturaram e assassinaram milhares de judeus (e não só judeus) nos campos de concentração da Alemanha não ficaram impunes: fugiram, esconderam-se com o rabo entre as pernas, mas acabaram presos, julgados e evidentemente condenados pelas desumanas atrocidades que cometeram. Alguns foram encontrados mortos, o que não significa que se deva fazer justiça pelas próprias mãos, embora muitas vezes ela seja vista apenas uma espécie de troco aos assassinos. A morte do coronel Paulo Manhães (foi encontrado morto por asfixia em sua casa no Rio não chegou a ser nenhuma surpresa. Depois que ele deixou o país abismado diante da fria confissão das torturas e mortes que cometeu nos tempos de um regime militar que só prejudicou o Brasil era de se esperar uma reação. Não se sabe ainda o que realmente aconteceu (será que saberemos?) e se não podemos concordar com esse tipo de julgamento e condenação também não devemos nos surpreender nem agora e nem no futuro. Há quem diga que o coronel recebeu o que merecia (nem tanto já que ao contrário dos que matou com requintes desumanos de crueldade certamente sofreram o que ele não sofreu e muito menos o que deixou de sofrimento para tantas famílias. Ninguém pode ficar impune diante de tamanhas atrocidades cometidas em nome de um poder que não resistiu muito tempo porque não significava poder. Aliás, não significava nada, a não ser um retrato de quanto o homem pode ser cruel com seu semelhante. Os torturadores nazistas que envergonharam a Alemanha (como os nossos envergonham o Brasil) foram presos e condenados. Ninguém quer matar ninguém por vingança, mas todo o país quer e precisa que os torturadores não fiquem impunes como não ficaram os monstros nazistas. Esses foram condenados. Os monstros brasileiros também não podem viver impunemente e precisam ser presos, julgados e condenados. Se bem que já estão condenados pela sociedade e pela vida, mas ainda é preciso dar uma satisfação ao país, mesmo que jamais esqueçamos as barbaridades cometidas pelo regime militar. Essa é uma vergonhosa e horrorosa memória que não se apaga. (Eli Halfoun)

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