segunda-feira, 4 de junho de 2012

CRÔNICA ------- De peito aberto

“Mostrar os peitos é fácil, difícil é mostrar o coração” - essa frase é dita por uma mulher ao final de um bom e recente anúncio veiculado na televisão pela revista Claudia. A questão não é discutir a qualidade do comercial (aliás, o Brasil é um dos mais criativos criadores de anúncios no mundo). A frase vinda, no anúncio, de uma mulher que vive de fazer strip-tease, encera o anúncio com perfeição e nos remete a uma sempre necessária reflexão (viver é acima de tudo pensar e repensar a vida). É o medo de mostrar o coração (no sentido figurativo, evidentemente) que não nos permite revelar na maioria das vezes o que sentimos e queremos limitando mais do que o afeto que podemos e necessitamos dar e assim seguir em frente fazendo o coração sempre bater mais forte. A sabedoria popular (sempre ela) nos ensina que é preciso abrir o coração diante dos obstáculos e imposições da vida. O coração não é apenas o órgão mais importante do corpo porque nos mantém vivos, mas sim porque é ele, coração, que determina os caminhos a seguir. Sem mostrar o coração é mais difícil, quase impossível, mostrar e dividir todo o tipo de sentimentos com que convivemos no dia adia e a vida inteira. Mostrar os peitos (no sentido figurativo ou não) é muito fácil, mas só mostrando o coração é possível facilitar os caminhos do ser e existir, que é mais, muito mais, do que apenas viver e estar vivo. É fácil perceber: separe em um bloco especial de emoções os momentos em que você d mostrou o coração (se deixou levar por ele) e perceba como foram os momentos mais intensos, felizes e inteiros de seu caminho e de seus inevitáveis sentidos. Tudo o que se faz de coração aberto é mais completo, mais intenso e sempre melhor. Muito melhor. Exatamente porque temos medo das nossas mais verdadeiras emoções é que poucas vezes conseguimos mostrar o coração despojadamente aberto. Afetivamente inteiro. Conseguir enfim mostrar o coração é não é tão assustador e complicado quanto acreditamos (e acreditamos porque nos impomos esse medo e essa crença). Vencer o medo é só uma questão de enfrentar os “fantasmas” de peito aberto, mas sempre mostrando o coração. Está com medo? Então faça já o primeiro teste e a partir desse momento descubra a transparência da vida e, portanto, a transparência do coração. Tenha certeza de que só assim é possível redescobrir a vida a cada intenso minuto e aprender que mostrar o coração é tão fácil quanto, como diz o anúncio, mostrar os peitos. Afinal, é dentro do peito nu ou vestido, que bate o coração. Não tenha medo de ouvir o ritmado compasso do coração. Esse sim é o verdadeiro ritmo da vida. (Eli Halfoun)

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