quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A EDUCAÇÃO CONTINUA NA FILA
2009 chega ao fim e todo ano e nessa mesma época a desumana cena se repete: centenas de pais se acotovelam, muitas vezes por mais de um dia, nas calçadas, transformadas em moradias provisórias, que circundam quase todas as escolas do Município. É um horror: até quando pais, mães e abnegados avós terão que se submeter a uma verdadeira tortura para obter o que lhes é de direito (e obrigação dos governos): educação para seus filhos, essas mesmas crianças e adolescentes que todos dizemos que representam o futuro. Que futuro se o que lhes é fundamental agora, ou seja, a educação, praticamente lhes é negada ou oferecida como se uma esmola fosse.
Por mais que as autoridades municipais e estaduais repitam que não é preciso dormir nas escolas para conseguir uma vaga, as filas se repetem e avolumam. Repetem-se simplesmente porque a população não acredita nas palavras e promessas de nenhuma autoridade, seja municipal, estadual ou federal. Afinal, gato escaldado tem medo de água quente e a sofrida população carioca está mais do que escaldada.
“Para dar um futuro aos meus filhos é preciso passar por isso” – repetem sempre as sacrificadas mães. No precisaria passar por mais essa humilhação se o problema (deveria ser solução e não problema) da educação fosse levado a sério em todo o país e se a credibilidade de quem promete (promete seja lá o que for) não estivesse tão desgastada. Desgaste que, convenhamos, não é responsabilidade do povo que, aliás, é quem sempre acaba pagando o pato.
Com suas 1.058 escolas e a promessa de 52 mil vagas, o Município garante todo ano que não faltarão vagas e diz até que no ano passado 7 mil vagas ficaram ociosas, mas ninguém acredita nessa (assim como em todas as outras) contas oficiais.
Os discursos são até animadores, mas mesmo assim o problema persiste e será “calo” no pé de qualquer governo enquanto a credibilidade política e administrativa não for (tá cada vez mais difícil) recuperada. Esse é um calo que dói mais, muito mais, na população.
Talvez seja mais eficaz diminuir os discursos e aumentar a ação: seria uma boa, por exemplo, se agentes das Secretarias de Educação percorressem, depois um grande levantamento, as comunidades mais necessitadas oferecendo vagas e cadastrando alunos, se espalhassem pelas comunidades agentes de educação, como se fez com agentes de saúde na ainda fundamental luta contra a dengue. Tudo bem que a dengue mata. Falta de ensino também.
FRITOS E MAL PAGOS
Dois mil policiais militares estão nas ruas (nos campos de batalha) para combater a marginalidade que nos tem atormentado. A mobilização tem, não há dúvidas, a principal missão de capturar os marginais que derrubaram o helicóptero que resultou na morte de PMs em serviço oficial. Diante dessa informação uma pergunta é inevitável: se agora é possível tirar dos quartéis dois mil policiais, onde eles ficam e atuam o ano inteiro? Não seria mais competente se esses mesmos dois mil policiais estivessem nas ruas todos os dias para tentar evitar que conflitos como os de agora sejam figurinha repetida, uma história que estamos cansados de conhecer?
É verdade que enquanto (até quando?) policiais estiverem agindo próximo aos morros, onde se transformam em verdadeiros alvos humanos, as coisas por lá certamente ficarão mais calmas. Todo mundo sabe que sem poder agir e3m seus quartéis generais os traficantes procuram ( e acham) outra maneira de faturar e assim colocam seus paus mandados em locais movimentados para cometerem pequenos furtos ou grandes assaltos, o que significa que a maioria da população continua desprotegida. A polícia está, sim, mobilizada, mas essa guerra está longe de acabar: por mais que mostre serviço a polícia não tem (será que um dia terá) o mesmo poder de fogo dos marginais armados até os dentes.
Agora mesmo os jornais noticiam que foram apreendidos cinco poderosos fuzis (com poder idêntico aos que derrubaram o helicóptero) supostamente comprados das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Cinco foram apreendidos, mas certamente muito outros chegaram às mãos dos bandidos. A Policia Militar enfrenta uma luta desigual contra um poderoso gigante armado. Mesmo com todo o momentâneo esforço da polícia só nos resta a esperança de que um dia o pequeno David (no caso a polícia) consiga derrotar o gigante bandido, que são os marginais. Enquanto isso não acontecer e bom precaver-se (principalmente agora) nas ruas, onde os bandidos buscam novas fontes (e essas fontes somos nós) de renda. Pelo visto continuaremos fritos e mal pagos. Aliás, fritos sempre estivemos. Mal pagos também
FANTASIA FEMININA
As mulheres estão dando (nos dois sentidos) mais vazão às suas fantasias eróticas. Isso fica claro diante de recente estudo da Associação Brasileira do Mercado Erótico revelando que aumentou muito o número de mulheres que se aventuram visitando sexshops: em 1997 as clientes femininas eram apenas 5% e agora estão na invejável marca de 70%. O número de clientes femininas aumentou, mas as fantasias continuam as mesmas: o produto mais procurado ainda é o, digamos, genérico masculino moldado em silicone. As fantasias preferidas entre os parceiros também continuam como antigamente, ou seja, são as de enfermeira e de estudante.
* Desejo10, imaginação 0
QUEM PODE, PEDE
Artistas estrangeiros continuam botando uma banca danada quando fazem o favor de se apresentar no Brasil: além dos altíssimos cachês pagos em dólares ou euros, há exigências inusitadas como, por exemplo, as de Maria Carey que pediu em contrato 80 toalhas brancas, carro blindado, seguranças, ficar no mesmo apartamento que hospedou Madonna no Copacabana Palace do Rio. O “Copa” que terá de instalar novos aparelhos der ar condicionado – equipamentos que a própria cantora trará em sua bagagem e que foram especialmente desenvolvidos para que não prejudiquem sua voz. Não demora muito vão querer selecionar o público.
* Ou trazê-lo na bagagem
PERGUNTAR NÃO OFENDE
1 - Por conta do recente conflito que mais uma vez apavorou a gente pacata do Rio, o presidente Lula ganhou a manchete do Jornal do Brasil com essa declaração: “É preciso limpar a sujeira que traficantes impõem ao Brasil”. Não só essa, mas corre o risco do Brasil acabar com toda a água e sabão do planeta se decidir realmente limpar toda a sua sujeira. Quando é que finalmente vamos fazer isso?
2 - Durante o recente, mas certamente não o último,conflito entre traficantes e policias no Rio o ministro da Justiça, Tarso Genro, veio a público e colocou à disposição do governo carioca a ajuda da Força Nacional de Segurança. O governador recusou dizendo um simples “ainda não precisa”. Não precisa como? Ainda como? Tá esperando o que: os bandidos tomarem conta de tudo, inclusive do Palácio Guanabara?
3 - Com imagens cedidas pelo SBT, que não tem muito do que se orgulhar em sua programação, a CNN em espanhol e a CNN internacional dera destaque ao conflito do Rio que chamaram ( e não sem motivo) de “quase uma guerra civil” lembrando em todos os textos que o Rio acaba de ser escolhido para sediar as Olimpíadas de 2016. É bom que a gente não esqueça disso...
4 – Nem todos que assumem importantes cargos públicos no Brasil entram no jogo de tentar empurrar a sujeira e a verdade para baixo de um já imundo tapete. É o caso de Luiz Fernando Corrêa, diretor da Polícia Federal: “O Brasil não controla a diarréia como é que vai controlar o uso ilegal de drogas”. Precisa dizer mais?
A BOLSA E A VIDA
Não faz muito tempo quando se falava em assalto vinha imediatamente a frase “a bolsa ou a vida”, famosa e de certa forma descritiva também por conta de uma também famosa crônica. Hoje os ladrões não pedem mais a bolsa: vão logo e violentamente arrancando relógio, celular, carteira e se bobear também a nossa roupa.. e muitas vezes a vida. A bolsa da moda não é a que os ladrões nos tomam, mas a que o governo dá: a Bolsa Família já distribuiu exatos R$ 57,7 bilhões para 12 milhões de famílias, a metade no nordeste, o que prova uma vez mais que é preciso dar mais atenção (e não só dinheirinho) para o bravo povo de um nordeste que nem os nordestinos aguentam mais. A Bahia de tantas músicas e um alegre carnaval está em primeiro lugar entre os estados beneficiados: foram contempladas - se é que se pode chamar de prêmio a mísera gorjeta dessa Bolsa - 1,5 milhões de famílias baianas. Dados oficiais confirmam quer hoje 25% da população de 5.564 municípios recebem o benefício (varia entre R$ 22 e R$ 200) da Bolsa Família... e, pelo visto, mais nada. Não é nada, não é nada... é coisa nenhuma.
FALOU E DISSE...
Da modelo Daniella Sarahyba: “Mulher nenhuma gosta de mão-boba, que não sabe aonde vai. Mulher gosta e atitudes seguras, de uma bela pegada.”
* Sempre com carinho

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