quarta-feira, 28 de outubro de 2009

ALGEMAS MODERNAS
Liberdade é sempre a palavra de ordem. Estamos todo o tempo buscando ou sonhando ser livres (livres em e para tudo), mas nos fazemos cada vez mais prisioneiros, amarrados e cerceados por algemas modernas que nos limitam o sonho total, a liberdade maior. Tornamos-nos, por imposição da modernidade, prisioneiros do tempo, da modernidade, das máquinas.
Além da prisão domiciliar a que nos condenou e condena cada vez mais a inesgotável violência e, em conseqüência, o medo de sair (principalmente quando escurece) e de caminhar tranquilamente pelas ruas em paz, estamos acorrentados pelas máquinas que se por um lado nos facilitam a vida, por outro nos bloqueiam a liberdade de usá-las quando queremos e precisamos e não somente quando elas, as máquinas, permitem. Quando não deixam acabam nos levando quase ao desespero porque de uma forma ou de outra nos bloqueiam os passos, o raciocínio... a vida
É do inevitável computador (máquina e ferramenta obrigatória nesses dias corridos e modernos) que estamos mais dependes e, portanto, prisioneiros. Se a máquina deixa de funcionar (e quando menos se espera ela, máquina, pára) nossa vida também fica congelada, bloqueada, sem rumo. Praticamente “deletada”. É no computador, que tem memória, mas não tem como nós, cérebro, que grande parte de nossas vidas está arquivada e não é sempre que se pode arquivar a vida. Ou parte dela.
Fora do ar o computador nos deixa também completamente aéreos sem saber o que fazer; como agir, como permitir que a vida pessoal e profissional, continue normalmente. A falha do computador chega a ser cruel: ficamos nervosos, impotentes e desesperadamente algemados, limitados. Impossibilitados de seguir em frente.
O computador, que é hoje, de cetra forma, também uma parte de nosso corpo e de nossa alma, não é a única máquina que ao mesmo tempo em que às vezes nos liberta também nos aprisiona, nos deixa sem rumo e praticamente sem “alma”. Todas as outras máquinas que esses tempos modernos nos obrigam a ter em casa, também nos deixam sem saber o que fazer quando inesperadamente, param de funcionar. É para quase todos os prisioneiros domiciliares de hoje um tormento quando, por exemplo, a televisão pifa. A sensação é a de que ficaremos mais isolados, mais solitários, sem ter absolutamente o que fazer para ajudar o tempo passar. A televisão é hoje a companheira mais constante (quase obrigatória) de cada um de nós e, para muita gente, a única alternativa de lazer. Mesmo que na maioria das vezes não seja um lazer tão saudável assim.
As máquinas (até um simples liquidificador, torradeira ou radinho de pilha) estão nos dominando cada vez mais e já da para pensar que tipo de prisioneiros seremos num futuro bem próximo se não aprendermos a viver sem as máquinas, que nos facilitam, sim, a vida, mas acabam nos fazendo esquecer que a vida não é uma máquina movida por outras máquinas e que é preciso reaprender, e reaprender com urgência, a seguir em frente sem as facilidades que as máquinas oferecem e permitem. Até porque a vida não é tão fácil assim e se fosse não teria, convenhamos, a menor graça. O melhor da vida é vencer as dificuldades. Principalmente sem a ajuda das máquinas.
Uma máquina defeituosa (e se nós, homens, temos defeitos, as máquinas podem ter muito mais) é um desacerto total, que, muitas vezes, afeta de uma só vez um grande número de pessoas. Como aconteceu, dia desses, quando a tomografia computadorizada de um movimentado laboratório de análises, pifou e promoveu um transtorno inacreditável. O laboratório parou de funcionar, quem tinha exames marcados teve que ser transferido para outras e distantes unidades ou para outro dia. A máquina tomou conta da situação, impôs o seu ritmo, que naquele momento era nenhum, e atormentou a paciência de todos. Como também costuma acontecer quando se vai a um banco em busca de alguns quase sempre miseráveis trocados, e o sistema deixa de funcionar prendendo nosso suado dinheirinho até a hora que bem entender nos deixando acorrentados, sem poder fazer mais nada.
Não se pode, evidentemente, desprezar, desconhecer e simplesmente abrir mão da utilização das máquinas, mas é preciso buscar alternativas antes que as máquinas nos dominem completamente, nos algemem definitivamente e nos digam, quando e o que podemos fazer. Caminhar livremente é preciso.
* Sempre. E de qualquer forma
Com que roupa?
“Com que roupa eu vou ao comício (samba) que você convidou” – Lula poderia adaptar o samba no qual de Noel Rosa faz a pergunta e utilizá-lo como música da Presidência da República. É isso o que sugerem a grande compra de roupa feitas no Palácio. Os números não são, é claro, oficiais, mas falam em gasto de R$ 145mil na compra de 1440 ternos azul marinho noite (R$ 99 cada, o que significa que não são de tão boa qualidade assim), seis terninhos femininos (R$ 220 cada), além de 2461 camisas sociais, 2461 pares de meia (pretas), e 853 cintos dupla face em couro legítimo. Das duas um: ou Lula resolveu estar entre os mais elegantes ou o Palácio Alvorada vai virar um grande Magazine ( a C&A que se cuide). Lula poderá usar um terno azul marinho por dia, mesmo que a coisa esteja preta.
Essa compra nãp escapou de piadas e de mais um cordel de Miguezim de Princesa que em Mais de mil paletós diz: “Um pregão impertinente/das profundas do inferno/comprou uma ruma de terno/pra vestir o presidente/com o dinheiro da gente/no corpo do cabeludo/E eu com o fundo rombudo/e sem elástico no cós/ São mais de mil paletós/pra cobrir o rei desnudo/ Pra que tanta camisa/se há armário entupido/ e pra que tanto vestido/no corpinho de Marisa/ sei que ela não precisa/ já tem vestido pra tudo/ E mesmo o sapo barbudo/ prefere ficar a sós.../São mais de mil paletós pra cobrir o réu desnudo

Palavras (e não só balas) perdidas
Depois de classificar o Rio como uma nova Medellín, o colombiano Elkin Velásques, novo coordenador do Programa Cidades Mais Seguras que faz parte do também Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos, anunciou que enfim teremos ação (só palavras não resolvem nada e já estamos cansados dês promessas e discursos). Um dos compromissos é implantar projetos de mediação local de conflitos em comunidades carentes brasileiras, além de estipular (olha aí mais um tiroteio de palavras) ações até 2016. E depois? Voltaremos a ser uma área de combates diário?
O coordenador colombiano garante que o trabalho de mediação será feito também em São Paulo e em outro estado ainda não escolhido. O representante da ONU Não dispensa um discurso: ”Vamos fazer um trabalho complementar de prevenção da delinquência e criminalidade, principalmente no que diz respeito às favelas”. Esse tipo de trabalho leva anos para ter êxito, mas a verdade é que o Rio não tem mais saúde e paciência para esperar. Nesse momento, com as balas comendo soltas por aí, precisamos de ações imediatas. Imediatamente.
Elkin Velásques usa a Colômbia como exemplo de bons resultados É, convenhamos, um exemplo nada animador embora ele ínsita em dizer que “em Medellín, onde a deliquência é alta fizemos um trabalho de integração, melhorando a convivência entre as pessoas e investimos também nas comunidades onde estava o foco da violência, o que contribuiu muito para a melhoria das estatísticas”. Então ta: vamos esperar sentados. Ou melhor: deitados atrás de trincheiras que nos protejam. Palavras não protegem ninguém.
Aliás, o jornal americano The New York Times tem utilizado muito espaço para falar da violência no Rio que chama de “cidade da carnificina e da cocaína”. Nesse caso é bom lembrar ao jornalão americano um velho ditado popular: “macaco, olha teu rabo”. O Rio não é (mesmo abençoado por Deus em sua natureza) um paraíso, mas é bom não esquecer que quando Londres, a capital inglesa, foi escolhida para a Olimpíada de 2014 terroristas explodiram bombas em trens e ônibus fazendo 60 vítimas fatais e deixando mais de 700 feridos. O mundo fala demais, mas o Raio é nosso. Maravilhosamente nosso.

TEATRO DE PRIMEIRA
Demorou mas Gabriela, a Cravo e Canela de Jorge Amado, chega enfim ao teatro depois de ter sido sucesso na televisão e no cinema. Dessa vez será um musical adaptado e dirigido por João Falcão que já se decidiu pelas músicas de Dorival Caymmi (não poderia ser mais apropriado), inclusive a que foi utilizada como tema de abertura da novela. A grande surpresa promete ser a presença da bonita e talentosa baiana Emanuele Araujo no papel título (de Sonia Braga na TV), o que não impedirá também um show de Tony Ramos interpretando o turco Nacib, sucesso na televisão com Armando Bogus. A estréia está prevista para o ano que vem.
• * Quanto antes, melhor
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Sem piada
Engana-se muito quem pensa que Portugal é apenas e tema de piada. O país está no topo do mundo em matéria de, entre outras coisas, turismo e acaba de ter sua capital, Lisboa, eleita o melhor local turístico. Portugal recebeu cinco prêmios, entre os quais o de melhor destino de cruzeiros, além de ter incluído dois de seus hotéis lisboetas entre os melhores do mundo. A eleição foi baseada nas opiniões de milhares de profissionais e não profissionais que costumam consultar sites sobre turismo. O resultado tem o aval da WTA (Wold Travel Award) que em 2008 deu esse mesmo prêmio para Copenhague. Londres foi escolhida como melhor destino turístico. É bom lembrar que Portugal fica na Europa.
Em nome de Deus
Todo mundo sempre quer ter ou fazer um bom negocio, ainda mais agora que o desemprego parece ser inevitável. Mesmo quem não discute (discutir é perda de tempo) ou não pratica qualquer religião concorda que uma igreja (qualquer igreja de qualquer credo) é um negócio rentável, ou seja, de lucro (bota lucro nisso) garantido.; Que o diga o bispo Edir Macedo: acaba de inaugurar uma super-catedral (capacidade para 6.800pessoas) em Johannnesburgo, na África do Sul. O bispo, que agora detém também 40% das ações da Renner Participações (controla o Banco Renner) acredita tanto em seu negócio que não se importou em demolir a antiga igreja de Johannesburgo, qu só podia receber 4 mil fiéis, para construir seu novo palácio de orações, que permitirá receber mais pessoas e ter uma renda maior e garantida. Em nome de Deus.

É preciso ouvir a voz das mulheres
As mulheres representam cerca da metade da população do planeta e nada mais lógico (e justo) que conquistem uma cada vez maior participação na política e na administração pública. No Brasil, segundo dados do TSE, 51,71% dos 125.529.686 de brasileiros aptos a votar são do sexo feminino. Ainda assim são poucas as representantes femininas no Congresso, no Senado, nas Câmaras Municipais e Assembléias Legislativas. As deputadas federais são apenas 8.8% e as senadoras são 13,3%.
As mulheres querem aumentar essa participação e contam com o apoio da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres, que as incentiva porque há uma janela para a participação maior da mulher na política: 67% dos eleitores acham que "se a participação política da mulher fosse maior, o nível da política seria melhor”.
É apenas “achologia”, mas mesmo assim a participação da mulher não deve ser vista com programas que atendam apenas os interesses femininos. A mulher não precisa necessariamente candidatar-se para merecer maior atenção política. O voto feminino pode fazer a diferença e nesse caso políticos de uma maneira geral devem estar atentos em suas promessas e programas de governo aos anseios das mulheres. Anseios que refletem o desejo de toda a população no estado, no município, no país.
A participação das mulheres na sociedade é cada vez maior e mais ativa: recente estudo revela números que mostram isso: a População Ocupada do Brasil tem hoje participação de 45,4% de mulheres e 54,6% de homens, enquanto a População em Idade Ativa é de 53,7% de mulheres e 46,3% de homens. Os dados mostram também que a População Economicamente Ativa é de 46,2% de mulheres e 53,8% de homens.. As estatísticas revelam o crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho contribuindo cinco anos menos do que os homens (elas se aposentam antes) para a Previdência. Com toda essa participação é impossível não reconhecer que a voz do povo tem a cada dia mais o tom aveludado que soam da alma das guerreiras mulheres desse país ainda e infelizmente machista. Se não no discurso certamente na maioria das atitudes.
A luta das mulheres é antiga e é historicamente registrada a partir do dia 8 de março de 1857, quando operárias americanas de uma fábrica de tecidos fizeram a primeira greve para brigar por justas reivindicações. No Brasil o dia 24 de fevereiro de 1932 é considerado um marco feminino: nesta data foi instituído o voto feminino e o direito de serem eleitas para cargos no executivo e legislativo.
Há quem acredite (e muitas mulheres fazem parte dessa descrença) que o eleitorado ainda não confia plenamente na atuação das mulheres na política. É preciso que as mulheres se unam em torno de um trabalho que mostre disposição e capacidade para ouvir as mulheres e assim ouvir todo o eleitorado. A voz das mulheres é que é a voz de Deus.

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