Não é a mais animada festa do mundo
(essa fica por conta do carnaval), mas Natal é sem dúvida o encontro que
representa tudo o que a sociedade sonha para um mundo mais completo de amor, de
solidariedade e de paz. É verdade que o homem não tem feito muito para
transformar o mundo em Natal de 365 dias ao ano. Afinal, é no Natal que as
pessoas, todas as pessoas desejam (como deveria ser sempre) felicidade umas
para outras. É no Natal que as famílias (e não só as nossas) formam uma única
família e se encontram completamente para fazer a festa da esperança, da
afetividade, da troca de afeto. Natal é a festa do amor.
É no Natal que se deseja e pratica o
bem em primeiro lugar. Essa é a única época em que o homem das guerras, do olhar
voltado apenas para o próprio umbigo e do medo da morte e da vida, se mostra
inteiro em sua fé (não precisa ser exatamente a religiosa) e, o que é mais desejável
e importante, em seu afeto. O mundo que respira o clima de Natal, é o mundo que
todos procuram e, pelo menos nesse período, encontram porque é no Natal que se
perde o medo de mostrar afeto, de abraçar e ser abraçado, de beijar e ser
beijado. De ser um corpo e, portanto, uma existência, feita de amor.
Que bom se todo dia pudesse ser Natal. Depende
realmente de cada um de nós.
Se no século IV, quando começou a ser
festejado, o Natal era apenas uma festa religiosa, hoje é o encontro de todas
as religiões, de todos os povos, de todas as pessoas.
Mesmo que não tenham condições para
trocar presentes, comer do bom e melhor, no Natal todos tem uma mesa sempre
farta do mais intenso amor e da mais completa felicidade - a felicidade da paz.
Não fosse isso, que outra festa conseguiria parar as guerras por pelo menos uma
noite?
Provavelmente foi o medo de mostrar seu
afeto e a covarde necessidade de fugir do amor total que fez o homem
estabelecer a entrega de presentes como um dos símbolos do Natal, assim como
árvore que surgiu na Alemanha talvez para iluminar o amor do homem medroso.
A troca de presentes representa para
a maioria a troca de amor (amor é, sim, uma troca). O presente é apenas um símbolo,
mas jamais foi necessário e fundamental para demonstrar tudo o que Natal
significa como amor. Não importa que não se tenha condições de dar presentes,
mesmo porque o presente maior que a humanidade precisa e espera, mas só mostra
isso completamente nesse período, é que seja Natal todos os dias.
Natal virou festa no calendário da
igreja católica ocidental no século IV, mas já no século V passou a ser comemorado
também pela igreja oriental - mais uma prova de que essa não é só uma festa
cristã. É a festa-maior de todos os homens.
* De boa vontade (Eli Halfoun)
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