Se você olhar para a folhinha aberta
em sua mesa de trabalho ou para aquela imensa e geralmente horrível que muita
gente costuma pendurar na cozinha vai perceber que o ano novo começa amanhã. O novo ano, aquele de trabalho, responsabilidade,
ainda muitos feriados e até alguns sonhos, está começando agora. Provavelmente
com muitas dores de cabeça provocadas, não pela ressaca de carnaval, mas sim
pelo desemprego e essa terrível economia que nos arranca as entranhas, as
decepções com amigos que nos arrancam o coração, a hipocrisia de algumas
pessoas nas quais você acreditava muito.
Mais
tarde mesmo que o trabalho tenha começado pra valer, estaremos todos ainda discutindo
o resultado do desfile das escolas de samba, como se com nossa opinião
pudéssemos mudar o que está sacramentado por sacrificados jurados que só
aparecem uma vez por ano e que ficam horas ali no sambódromo dormindo e
votando, votando e dormindo, bebendo e votando, votando e bebendo como se assim
pudessem realmente ver e julgar alguma coisa. O carnaval faz surgir
imediatamente após o desfile ( que é a única coisa realmente espetacular que
restou da folia) dezenas de críticos, todos experts
em desfile de escolas de samba, mesmo que tenham visto poucos, bem poucos,
durante toda a vida. Jornais e revistas despejam dezenas de comentários e o
leitor, que também se sente um crítico carnavalesco, assim como é “técnico de
futebol”, não concorda com nenhuma das opiniões impressas e prefere ficar com a
própria - essa sim a que ele acha que
pode levar a sério. Faz sentido.
Comentários e votos de
jurados, seja no carnaval ou não, nunca mudam nada. A única arma que ainda pode
mudar as coisas é o voto popular e assim mesmo se não for para as pessoas
erradas como costuma acontecer. Eleições virão aí precisamos estar atentos para
que, agora sim, possamos tentar ter um feliz novo ano com trabalho,
honestidade, dignidade e acima de tudo gratidão que esse é um sentimento que
não tem preço e que nunca é ou será pago. A não ser com o coração. Quando se
tem coração e não só uma cabeça ruim. Que nos atrapalha
Estamos outra vez na rotina da
roda da vida e sabemos que muitas coisas teremos de enfrentar para fazer um
feliz novo ano que nos permita nesse início de janeiro ter, aí sim um feliz ano
novo
* Que não se limite ao
chavão da frase feita (Eli Halfoun)
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