segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Livros de ouro em portarias são facas nos peitos dos moradores

A novidade do final de ano veio de São Paulo onde vários condomínios de luxo proibiram que porteiros e faxineiros, além de carteiros e lixeiros, enfiassem nos peitos dos condôminos os tais e constrangedores livros de ouro que praticamente obrigam os moradores a gratificarem quem não quem e, portanto, não merecem. A princípio a iniciativa pode parecer grosseira, mas não é mais agressiva do que esfregar na cara do morador uma obrigação que ele realmente não tem. Gratificar quem quer que seja é uma escolha e jamais pode é ser uma imposição como costuma acontecer até nos condomínios que abrigam moradores que mal conseguem sobreviver aos gastos do final de ano com seus míseros salários. Os tais livros de outro sempre deixam em situações constrangedoras quem não pode (por falta de dinheiro) assina-los ou não quer assinar porque acha que os funcionários que servem ao condomínio (não diretamente ao condômino) já são gratificados com o 13º salário que é o condômino quem paga. A medida tomada em alguns condomínios paulistas deveria ser adotada em condomínios de todo o país porque os funcionários do prédio querem receber gratificações de moradores muitas vezes mal assalariados e que como os porteiros e faxineiros, recebem o salário extra e não saem por aí com uma caixinha pendurada no pescoço pedindo mais dinheiro, praticamente praticando uma espécie de “mãos ao alto” nos moradores. O 13º salário é a partir de 1962 uma gratificação oficial desde que o então presidente João Goulart sancionou na época o criticado projeto do deputado federal Aarão Steinbruch. A aprovação do 13º salário mereceu restrições de jornais e economistas que previam que o que chamavam de premiação que sobrecarregaria as empresas e pressionaria a inflação. Os livros de ouro não deixam de ser uma espécie de 14º salário e esse sim pressiona o bolso do constrangido condômino que já paga um alto condomínio e é praticamente obrigado a gratificar sem ser gratificado. (Eli Halfoun)

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