sábado, 9 de junho de 2012
CRÔNICA ------- Meu limão, minha caipirinha
Patrick, um suiço animado e brincalhão tinha desde os vinte e poucos anos uma mania da qual em hipótese alguma abria mão: todo ano fazia questão de vir ao Brasil passar as férias. Na Suíça dizia, como se um garoto-propaganda fosse: “Aquele é o país que tem as mulheres mais bonitas e variadas do mundo”. Gabava-se com exagero: “é uma festa sexual”. Por isso mesmo fazia questão de passar cada ano as férias em um estado. No Ceará, por exemplo, tinha conhecido uma linda morena por quem como dizia “fiquei de quatro”. Apaixonou-se perdidamente e queria até casar. Fez de tudo para levar a cearense Carla para a Suiça, ela, preferia o calor do nordeste. Nada de frio suíço. O frio suíço não era exatamente o Patrick, mas sim o frio do país que a fazia tremer só de pensar. Tinha certeza que não agüentaria - ainda mais ela que adorava exibir o bem feito corpo moreno em reduzidos biquínis nas belas praias de sua cidade natal.
Com Patrick as noites também eram quentíssimas: ele era bom de língua e não só porque falava vários idiomas. Carla não ficava para trás, embora só falasse com sotaque carregado português. Não foi por acaso que se apaixonaram.
Quando Carla recusou acompanhar Patrick para a Suíça ele sofreu um bocado, mas só até se apaixonar pela mineira Malu, que conheceu em Ouro Preto, onde também curtiu as sempre tão esperadas férias. Com Malu as coisas não foram sexualmente mais calmas: como boa mineira ela era o tipo “come quieto” que4 explodia na cama. Escaldado Patrick não a convidou para viajar com ele e não fez com medo de mais um não.
Patrick trabalhava como engenheiro eletrônico, mas como um velho marinheiro fazia questão de deixar em todas as férias um amor em cada porto, ou melhor, aeroporto. Qualquer que fosse o estado da visita Patrick fazia questão de na volta dar uma passada no Rio (“a melhor cidade do mundo”) para rever Wolk, um também suíço que morava na cidade e era um velho gozador. Em uma das visitas Patrick conheceu através de Wolk a bonita Sofia (era o nome de “guerra” que usava).Era uma bela negra por quem é claro Patrick se apaixonou logo que a viu sacudindo de costas aquela farto e queimado manjar dos deuses. Inevitável: na primeira noite atracaram-se na mesa de um bar da praia de Copacabana. Wolk separou o casal (entravam um por dentro do outro.) Patrick avisou ao amigo que ia cair fora e levar aquele manjar dos deuses para saborear no hotel.
O gozador Wolk não perdeu a chance de fazer um aviso. “Olha Patrick já saí com ela e é bom jogar gotinhas de limão nas coisas antes de partir para o ataque”. Patrick agradeceu e saiu atracado com Sofia.
No hotel e já no quarto fez questão de pedir vários pedaços de limão. Deitou Sofia na imensa cama e tratou de seguir o conselho do amigo pingando gotas de limão na companheira que estranhou, mas só reclamou quando Patrick enfiou o dedo: “O que é isso, porra. Nós viemos aqui para transar ou para fazer caipirinha?”
Patrick levou um susto,mas como já se sentia um escolado carioca, respondeu de bate- pronto: “Calma meu bem que só estou tirando os caroços”. (Eli Halffoun)
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