domingo, 14 de julho de 2013

CRÔNICA ------- Amor coragem

O passado ficou para trás. Portanto quem vive atrelado ao passado não se permite seguir em frente, caminhar em busca do futuro e de novas descobertas, especialmente as emocionais que são sempre o combustível mais eficiente de nossa existência. Todo mundo sabe disso e mesmo assim não são poucas as pessoas que só consegue viver o presente e em conseqüência a possibilidade de futuro como se o passado ainda fosse a sua única vida. É verdade que o passado tem fundamental importância nas experiências, nos planos e nos sonhos de cada um de nós, mas o que passou não pode ser a razão para viver só de momentos gravados na memória e no coração. É preciso sempre abrir espaço para que a caixa humana de memória receba mais informações. É necessário estar consciente de que o passado não pode ser o presente. Principalmente entre idosos é comum viver “amarrados” ao que ficou em outra estrada do caminho da vida. Não são poucas as pessoas que só conseguem conversar contando saudosamente exemplos de um passado que pode ter sido maravilhoso, mas que não é mais palpável. Não existe mais. Na vida só o que existe todo o tempo é o futuro. Até porque será ele, futuro que escreverá o passado mais recente. Também é comum que as pessoas fiquem ligadas ao que fizeram ontem e esqueçam o que podem fazer hoje e poderão muito mais fazer amanhã. Repare que quem se desliga, não importam os motivos, do emprego em que trabalhou durante anos continua existindo em função dos momentos que acumulou nesse emprego, o que nada lhe acrescenta além de uma profunda saudade. E saudade (sabemos todos) não faz bem nem para o futuro e muito menos para a saúde. Não é fundamental esquecer o que passou, mas é absolutamente necessário fazer do passado apenas uma história que permite escrever e viver novas histórias. É compreensível que entre idosos o passado esteja sempre presente, sem que para isso massacre o que deve viver agora. O agora é realmente o que vale. Quando idosos se encontram ocasionalmente na rua a conversa nunca deixa de ser sobre o passado e existe sempre uma inevitável pergunta: “lembra de fulano?”. O outro informa “Ele morreu”. Esse é o tipo de informação que deixa qualquer um mais próximo da morte, mesmo que para muitos a morte na só signifique o fim dessa vida. Outra vida pode estar a nossa espera. É fundamental em qualquer idade não ficar esperando prelo fim: o futuro não significa necessariamente o fim de nada. Pelo contrário: é mesmo com dificuldades um recomeço. Recomeçar significa buscar novos ensinamentos e aprender que é preciso ter coragem para amar. Amar uns aos outros e amar as coisas. No recomeçar é preciso também estar muito atento para não pisar nos sonhos (nem nos seus nem nos de outras pessoas). São os sonhos que alimentam nossas vidas. Por todo o tempo e toda a vida. (Eli Halfoun)

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