sábado, 9 de março de 2013
Punir o paladar é eliminar um dos maiores prazeres da vida
Sabe aquela velha história de procurar sarna para se coçar. Repetimos isso várias vezes ao longo da vida e é o que estamos fazendo agora com a excessiva preocupação em relação à longevidade. Muitas vezes ganhamos mais um tempo de vida, mas com uma qualidade bastante inferior em termos de prazer do que se levarmos a vida do jeito que queremos e sem os sacrifícios que na verdade nem precisamos ter, mas procuramos sarna para nos coçar. A quase obrigatória imposição de nos submetemos a uma dieta saudável (saudável mesmo é viver sem muitas restrições) nos atormenta cada vez mais. Nada contra optar por uma alimentação que nos dê melhor vigor físico, mas que não nos tire (como está tirando) dois dos maiores prazeres da vida: o paladar e o olfato.
Em busca de uma alimentação mais saudável (saudável é repito viver sem restrições) estamos eliminando de nossas mesas a picanha com aquela fundamental gordurinha em volta, os quitutes fritinhos na hora e tantas receitas que fizeram nossa alegria nos finais de semana e das quais hoje termos até medo de passar perto. Alem do prazer do paladar estamos também estamos abrindo mão do prazer do olfato culinário: não há nada tão agradável quanto o cheiro de uma boa comida ou até de um simples pãozinho saindo do forno (até isso está proibido ou no mínimo limitado). Repare que as comidas que nos aconselham a preferir nesses tempos modernos demais são quase todas sem sabor e sem cheiro e, portanto, nada apetitosas. Concordo que muitos dos alimentos digamos modernos podem até ficar saborosos, mas não é muito fácil encontrar essa perfeita alquimia na cozinha. Muitas vezes é necessário sim abrir mão de alguns prazeres. Mas essa não pode ser uma prática atordoante como está sendo nessa guerra das dietas saudáveis contra o paladar e do olfato. Para vive bem e muito tempo é preciso ter gosto na e pela vida.
(Eli Halfoun)
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