sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Faltar a plantão médico é quase um crime

Mesmo que a obrigatória reunião de família em casa (de preferência na casa de outro parente) seja sempre chatíssima ninguém gosta de fazer plantão de Natal, não porque prefira curtir a festa familiar, mas sim porque trabalhar na noite em que todos estão supostamente divertindo-se e enchendo a pança de comidas calóricas, vira um castigo. Sempre gostei de ser o repórter de plantão da noite de Natal no jornal Última Hora. Era só ficar ali na redação esperando acontecer alguma coisa (raramente acontecia como aconteceu a fuga do presídio na Rua Frei Caneca e que fez o meu mais movimentado plantão de Natal. Devo ser o recordista em plantões de Natal como jornalista: pedia para ser escalado porque achava divertido ficar ali com a pequena equipe que sempre organizava uma improvisada ceia. Era divertido ficar na redação sem precisar esse divertia sem enfrentar os inevitáveis os desentendimentos que parecem fazer parte da ceia familiar de Natal. Foi nesses plantões que percebi que a noite de Natal é uma das mais movimentadas nos hospitais públicos por pessoas que tentam suicídio e por quem bebe além da conta. Médicos não gostam de ficar ali atendendo casos considerados de menor importância, mas lá estavam os bons médicos para ajudar a aliviar dores e a salvar vidas – como a jovem vida que teria corrido menos risco se o médico de plantão tivesse lembrado que fez um juramento e que sua função é estar presente, mesmo contrariado, para prestar atendimento. Faltar irresponsavelmente a um plantão médico (de Natal ou outra época) é quase um crime. Entre os muitos profissionais que trabalham na noite de Natal o médico é o mais importante: sua presença pode salvar vidas. Sua ausência pode matar. Uma bala perdida poderá não fazer tanto estrago se o médico também não estiver perdido na falta de entendimento de sua verdadeira função e missão. (Eli Halfoun)

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