quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

CRÔNICA ---------- Vida eterna

“É hora de chorar a morte. É dia de saudar sua vida” – a frase da presidente Dilma Roussef na morte do arquiteto Oscar Niemeyer é sem dúvida o mais perfeito ensinamento para que enfim aprendamos a lidar com a partida de pessoas que de alguma forma nos enriqueceram a vida enquanto por aqui estiveram fisicamente. Ainda estarão sem dúvida perto de nós alimentando para sempre nossas lembranças, saudade e experiências. O homem ainda não aprendeu a conviver saudavelmente com a vida e muito menos com a morte, embora saiba desde cedo que mais dia menos dia as pessoas se despedem da vida, o que não significa absolutamente que morrerão definitivamente: a morte só é definitiva para os que nada deixam em vida. E todos sempre deixam alguma coisa. É por isso que é fundamental saber conviver com o inevitável fim de carne e osso. Do corpo, mas não necessariamente da alma e tudo o mais que nos faz realmente humanos. Eternamente humanos. Chorar a morte é sim um sentimento inevitável, mas não precisa ser um choro desesperadamente sofrido. Todos os que se vão deixam um vazio de presença física, mas não o vazio de não deixar absolutamente nada vivendo ainda cada momento em e de nossas vidas. Quando aprendermos a saudar a vida daqueles que estiveram (ainda estão) ao nosso lado estaremos, aí sim, prestando mais do que o simples tributo da saudade, mas a verdadeira e merecida homenagem da vida. Sempre será possível, fundamental até, manter vivos os exemplos que nos foram mostrados e ensinados por quem acabou de partir: a morte é apenas uma longa viagem sem retorno do físico, mas com uma presença cada vez mais forte se soubermos saudar a vida de quem se foi. Todos (todos mesmo) os que estiveram juntos de nós por uma longa existência física terão sempre uma vida a ser mais lembrada do que a morte. Vida para ser saudada. Só assim a morte terá sentido. E a vida ainda mais. Toda vez que formos chorar a saudade precisamos estar emocionalmente conscientes de que é preciso rir e lembrar com alegria de tudo o que foi vivido em conjunto e tudo o que nos foi ensinado por quem partiu às vezes até antes do que esperávamos (esperar sempre esperamos) Ao saudar com entusiasmo e orgulho a vida dos que partiram estaremos fazendo da saudade um sentimento muito maior do que de dor. A alegria de relembrar os momentos e ensinamentos dos que se vão será sempre a melhor maneira de homenageá-los e mantê-los vivos em nossas idas. Afinal, a morte não acaba com a vida. Apenas muda o seu rumo e quase sempre para melhor. (Eli Halfoun)

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