segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Homens de peito

                              
               Ainda bem que começam a ficar comuns as campanhas de prevenção contra várias doenças. Todo mundo sempre soube que é com a prevenção que se evitam doenças e muitos outros problemas. Evitar as doenças, ou seja, prevenir-se, é ainda a melhor maneira de diminuir as filas nos hospitais e assim, quem sabe, melhorar - e com urgência - a qualidade de atendimento.
                Muitas doenças graves podem ser evitadas, ou pelo menos adiadas, com a prevenção: as campanhas públicas e de associações médicas acabam de alguma forma conscientizando o cidadão para a importância de verificar ( é a chamada oferta de ocasião) se é portador do mal focalizado na campanha e se for, da necessidade de tratar-se.
             Mas tratar-se aonde se os hospitais públicos não tem a mínima condição de atender dignamente a qualquer tipo de paciente? Essa é outra vantagem das campanhas: no momento em que são realizadas elas abrem um importante canal de atendimento em hospitais públicos ou no mutirão de médicos estabelecendo assim a única maneira de alguém ser atendido num desses doentes hospitais ou em praça pública.
             São campanhas de todos os tipos que se repetem – é preciso repetir muito para criar consciência – a cada semana, a cada mês, a cada ano. Uma das mais frequentes é a da prevenção do câncer de mama dirigida às mulheres . Ao excluir os homens desse alerta aumentas-se a crença popular (e “furada”) de que  o câncer de mama só atinge mulheres. Mentira absurda e cruel porque acaba excluindo os homens de qualquer tipo de cuidado e prevenção, o que pode ser um fatal.
            Câncer de mama dá, sim nos homens e se é verdade que o número de vítimas masculinas é mínimo (fala-se em 1% dos casos no mundo) é real que se os homens também forem alertados para a prevenção que, aliás, está ganhando alertas, esse um por cento talvez  seja reduzido para quase zero.
           Eu também, com muitos homens, não acreditava que câncer de mama dava em homem até que fui vítima de um quase fatal. E se hoje sei que câncer de mama é também uma perigosa doença masculina sei mais ainda que as campanhas dirigidas às mulheres deveriam abrir um – pequeno que fosse – espaço para alertar os homens. O sexo masculino também precisa saber da importância da prevenção contra uma doença supostamente feminina. Depois que a doenças de se instala, inclusive após a mastectomia ( retirada da mama afetada )é preciso ter peito para enfrentá-la.
          Poucos são, reconheço, os casos conhecidos de câncer de mama no sexo masculino: homem não faz, por vergonha (pode pegar mal), por machismo ou por achar que essa é uma doença feminina ( e repito: não é, não) menos propaganda. Não me lembro de ter visto qualquer homem na televisão ou em qualquer outro veículo de comunicação falando sobre câncer de mama masculino não para orgulhar-se de ter enfrentado – e vencido – a doença mas para alertar que os homens precisam estar cada vez mais conscientes de que o câncer de mama não é uma doença feminina. Aliás, as mulheres deveriam ser alertadas para alertar seus homens.

* Prevenção não diminui a masculinidade de ninguém

Nenhum comentário:

Postar um comentário