sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Novelas também precisam caminhar para o futuro e evitar a chatice da mesmice
Embora até por obrigação profissional eu acompanhe novelas há muitos anos confesso que ainda não consegui entender o mecanismo que leva os autores a esticarem tramas das quais os telespectadores já sabe o desfecho mesmo porque muitas vezes o chamado desfecho é o início de um lenga-lenga sem fim. Quer dizer a trama se desenvolve do final párea o início como se existisse uma maqui de retroceder o tempo. Agora mesmo em “Sangue Bom”, por exemplo, há um “mistério” envolvendo a paternidade do personagem Bento, que todo mundo já sabe é filho de Wilson e não de Plínio. Ainda assim os autores, que fazem um ótimo trabalho, insistem em uma trama que não faz mais sentido, se bem que agora a questão é saber como a confusão será desfeita. Sei que é necessário que as novelas criem dúvidas e mistérios para manter a curiosidade do público. Acontece que muitas vezes essa cartilha funciona ao contrário: o público que já sabe a verdade se cansa de tanta enrolação e perde o interesse pela novela, ou melhor, só volta ter interesse nos capítulos finais porque o que acontecerá até o final já não motiva tanto.
Esse viciado procedimento é que determina o sobe e desce de audiência, o que às vezes é muito perigoso porque faz a novela parecer um fracasso. Talvez o ideal fosse resolver as tramas rapidamente e criar novos momentos que possam interessar ao público, criando dentro da novela uma novelinha por semana Novelas precisam ter ritmo ágil, o que certamente seria conseguido se em vez de enrolação houvesse solução. A solução não impediria de forma nenhuma que a trama geral continuasse interessante e se desse um novo destino e uma história à cada personagem. Afinal, a vida caminha para frente e como as novelas pretendem ser um retrato ficcional (às vezes exagerado, é verdade) não podem ficar estagnadas, ou seja, também precisam caminhar a frente, para o futuro. Sem perspectiva de futuro tanto a vida quanto as novelas ficam chatíssimas. (Eli Halfoun)
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