CRÔNICA ----- Papo furado

Brasileiro, especialmente político, adora reunião e não percebeu ainda que se reunião adiantasse alguma coisa o Brasil seria um país resolvido, o que mesmo com muito esforço está longe de acontecer. Todo dia e toda hora tem reunião para tudo. Ou seja: para nada. Nunca se decide concretamente qualquer coisa e assim reuniões são sempre desperdício de tempo (e se tempo é dinheiro de dinheiro também).
A impressão é que as pessoas se reúnem para enganar e principalmente nos enganar que estão trabalhando, mas na verdade estão apenas jogando no lixo horas e mais horas que poderiam sim ser aproveitadas com trabalho, com realizações. Reunir-se é uma maneira esperta de jogar conversa fora. Cada reunião é um amontoado de planos que nunca são concretizados e, portanto, são apenas promessas e nada como, aliás, tos as que se fazem nesse país de muitas reuniões, muito papo e pouca ação.
Reunião só interessa ao funcionário que serve o cafezinho (várias rodadas por dia) que é o único que realmente trabalha e faz falta.
Qualquer reunião é geralmente chatíssima e uma das piores costuma ser sem dúvida a de condomínio. Reunião de condomínio não discute o coletivo: é apenas uma maneira de cada proprietário defender apenas seus próprios interesses, o que está ficando comum em tudo nessa digamos modernidade humana (humana?) de olhar somente para o próprio umbigo. Como tem sido comum em tudo, especialmnte4r nas reuniões políticas que acontecem em todo o país diariamente.
As reuniões nada resolvem, mas continuarão acontecendo. Tem sempre no noticiário a informação de que haverá tal reunião para resolver questões pendentes e urgentes. No dia seguinte abrimos o jornal e ficamos sabendo que nada foi resolvido. Façam quantas reuniões quiserem, tomem todo o cafezinho disponível que esse continuará sendo, pelo menos por ainda algum tempo, o país das reuniões, promessas e felizmente também dos sonhos. De sonhos tudo bem porque são eles que ainda alimentam a esperança. A esperança maior é a de que parem de desperdiçar horas e dinheiro com reuniões que são apenas uma boa desculpa para tomar cafezinho de graça. (Eli Halfoun)