segunda-feira, 9 de abril de 2012

CRÔNICA ----- Sábia velhice

Cada vez que vejo o anúncio em que o ator Fábio Assunção aprece velho e vai rejuvenescendo para mostrar que o preconceito juvenil contra a velhice é uma vergonha lembro que não faz muito tempo meu e-mail foi bombardeado com mensagens ofensivas simplesmente porque critiquei em uma revista um desenho japonês dirigido ao público jovem e menos exigente em termos de qualidade. Todas as mensagens escritas por jovens usuários da internet, faziam questão de me chamar de “seu velho”, como se ser velho pudesse significar qualquer tipo de ofensa e não de orgulho até porque o velho é um jovem que viveu mais tempo.
Não me surpreenderam os protestos: em uma democracia cada um tem o direito de gostar ou não gostar do que bem entender. Aprendi muito cedo que gosto não se discute. Ter ou não ter educação é que é a questão. O fato de ter sido chamado repetidamente (e ofensivamente) de velho não me envelheceu mais e, pelo contrário, acabou mostrando que se faz cada vez mais importante que a sociedade ensine aos jovens que velhice não é defeito.
Jovens sem exceção devem ter velhos nas famílias e precisam perceber imediatamente que os jovens são os velhos de amanhã. Assim talvez aprendam também a ensinar aos filhos que terão no futuro que velhice é virtude. É acúmulo de experiência e é acima de tudo sabedoria. Portanto, sábia velhice.
O país vive uma expectativa de vida cada vez mais generosa e para conviver com essa nova realidade é necessário aprender e ensinar a encarar com respeito a nova população de cabelos brancos. Realmente a maioria dos velhos não anda sendo bem tratada nem pelos jovens e muito menos pelos governos. Os jovens devem estar conscientes de que são os velhos de amanhã. Isso se conseguirem chegar até a idade que repudiam e condenam agora. Concordo que o presente e o futuro pertencem muito mais aos jovens, mas nem por isso a nova população idosa deve deixar de ser olhada com a máxima atenção e o maior carinho. Velhos não fazem o futuro ideal, mas foram eles que escreveram o passado. Só o passado dos velhos permite o futuro dos jovens. (Eli Halfoun)

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