terça-feira, 10 de abril de 2012

CRÔNICA -------- Solidão a dois

Uma das constantes reclamações de quem vive sozinho, por opção ou por uma passageira circunstância, é a solidão. Nem sempre estar sozinho é ser um solitário ou viver absolutamente só. A grande solidão (aquela que raramente percebemos e aceitamos) é a interna, que independe de companhia física. Formar um casal e mora junto não significa necessariamente afastar e eliminar a solidão.
Na maioria das vezes, mesmo quando estamos acompanhados, a solidão se faz maior e mais intensa. A solidão mais cruel é a que sentimos quando estamos rodeados de amigos e familiares. É essa solidão interior que precisa ser entendida, combatida e vencida.
O velho ditado diz que “antes só do que mal acompanhado”, o que é verdade em parte, Só quem não consegue conviver com a solidão é que estará sempre mal acompanhado. É fundamental fazer do eu sozinho um prazer e se possível uma festa. A sabedoria popular também costuma garantir que quem tem vida interior jamais está só.
A afirmação tem lógica: preencher o que se considera solidão com a própria vida é a única maneira de realmente deixar de se castigar emocionalmente com a solidão.
Nem sempre morar com alguém significa estar acompanhado. Provavelmente é por isso que os homens precisam dos botecos para o papo com amigos e as mulheres dos shoppings para ver e serem vistas. Em muitos casamentos em que a presença de uma ou mais pessoas fazem muita gente ainda mais solitárias porque descobrem que apenas moram acompanhadas, ou seja, dividem o espaço, o que sem dúvida aumenta a solidão e cria uma necessidade quase incontrolável de sair, correr para a rua em busca de companhia.
Corrida louca e que deixa a certeza de que estamos sempre sós: a solidão é presente porque está plantada dentro de cada um de nós. A janela que a informática abriu para o mundo tem sido sem dúvida uma válvula de escape para quem se sente só e solitário (parece loucura, mas estar só nem sempre é estar ou ser sozinho).
Viajar pelos sites que nos colocam aonde bem entendermos ou conversar via chat com alguém, que nem conhecemos não representa absolutamente nada se a solidão estiver cicatrizada dentro de nós. O papo através da internet pode até ser simpático e gostoso, mas sabemos sempre que estamos conversando com uma máquina mesmo que haja uma pessoa do outro lado do mundo. Nenhum dos ótimos recursos que os avanços tecnológicos disponibilizam são suficientes para acabar com a solidão.
Definitivamente a única maneira de acabar com a solidão é descobrir que existe vida e, portanto, pessoas dentro de nós. A solidão só termina quando fazemos uso de nossas próprias vidas e prazeres. (Eli Halfoun)

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