Um problema de saúde ainda sem diagnóstico definitivo tem me
impossibilitado de atualizar o blog diariamente como veinha fazwedo há mais de
dois anos desde que o lancei e no qual já postei dez mil textos para mais
fde100 mil visualizações.
A doença me deixa muito cansado
com a respiração bastante dificultada e algus dias não encontro forças paras
escrever uma única notinha. Por isso tenho sido obrigado a recorrer a textos de
arquivo (inéditos no blog) como estou fazendo hoje com o conto erótico Dono do
Pedaço que faz parte do meu livro que reúne mais de 30 contos Uma das características
dos contos incluídos no livro e que eles se mantém fiéis a linguagem, ou seja,
é português claro, que é, afinal, o que utilizamos mesmo nas horas mais íntimas.
Espero que gostem assim como espero que eu volte a ser o dono desse pedaço o
mais rápido possível e com muitaa novidades.
Dono do pedaço
Alto, forte, bonitão, bronzeado pelo sol da
praia (que frequentava diariamente) e bem sucedido (dono de alguns imóveis que
lhe garantiam de aluguel quase dez mil reais por mês, o que o fazia orgulhar-se
de não precisar mais trabalhar), Dinho era o chamado pica doce da rua Miguel Lemos, em Copacabana, no Rio, na qual foi
praticamente criado. Morava ali desde os 10 anos de idade e hoje, aos 40, era uma espécie de prefeitinho da rua. Conhecia todo mundo (do jornaleiro aos
porteiros), mas eram as mulheres, mesmo as casadas, que formavam o seu maior
fã-clube. Já tinha, pra dizer a verdade, transado com a metade das mulheres da
Miguel Lemos, mas, solteirão convicto, não queria compromisso com ninguém:
-Mulher dá muito trabalho, pega no pé da
gente, acaba com a liberdade, é, enfim,
um saco - dizia, orgulhoso, para os amigos do bar (era bom de copo, o Dinho) e arrematava:
-
Vocês estão aqui bebendo, mas daqui a pouco têm que voltar pra casa porque, se não voltarem, apanham da dona encrenca. Mulher
é muito bom para uma trepada, duas no
máximo, e depois tchau...
Ronaldo (o apelido Dinho vinha desde a infância, porque a avó materna, que lhe deixou
todos os apartamentos como herança, só o chamava de Ronaldinho) orgulhava-se de
sua solteirice e era desses machistas que fazem questão de contar em detalhes
as trepadas que dão, como se mulheres fossem simples objetos sexuais. Dinho não
acreditava em sexo com amor:
- Isso é babaquice - dizia irritado para aqueles que defendiam a
tese de que sexo e amor andam juntos. Orgulhoso, completava:
- Eu sou mesmo é uma máquina de trepar, e isso é ótimo
Jamais tinha se apaixonado, o
Dinho. Com medo de se envolver, não se dava essa oportunidade, e só para
sacanear os amigos de copo contava,
diariamente, uma nova aventura. Inventava muito, sabiam todos que, mesmo assim,
fingiam acreditar. E provocavam:
- Qual foi a última, Dinho? Conta aí, vai...
Ele adorava e contava:
-Tem uma mulher que eu estava paquerando há meses e que ontem acabou
conhecendo a minha gostosura. Sabem aquela morenaça que mora em frente ao meu prédio? Pois é: todo dia
quando eu chegava em casa ficava olhando pela janela, e ela, mesmo sabendo que
eu a estava olhando, tirava a roupa. É como se fizesse um striptease exclusivo
para mim. Sem roupa, ela ficava desfilando de um lado para o outro. Ontem eu
não resisti e também arranquei fora a minha bermuda, deixando aparecer o meu
pau duro. Eu pegava no pau e balançava o saco como se estivesse oferecendo para
ela. Quando, mesmo de longe, percebi que ela estava aflita, fiz um sinal
perguntando se ele não queria vir até o meu apartamento. Ela fez um sinal de
“vem você”, e três minutos depois lá
estava eu...
Ficava excitadíssimo, o Dinho,
quando contava mais uma de suas conquistas machistas. Fazia suspense e
completava:
- Quando entrei no
apartamento, ela já estava nua. Mas, assim mesmo, fiz questão de
pedir uma cerveja e criar um clima - disse, para em seguida entrar em
detalhes:
: - Eu estava sentado no tapete branco e
aveludado da sala, e a Betty sentou, nuazinha, ao meu lado. Engoli o último
copo de cerveja de uma só vez, e ali mesmo na sala comecei a beijá-la e a roçar minha mão nos pentelhos de sua buceta que,
em seguida, comi
sem parar. Dei umas duas trepadas e depois fui embora. É um fodão, a
Betty, mas agora eu não quero mais
saber. Já comi, e ela entrou para o meu caderninho. Deve ser a número mil.
Dinho tinha lá os seus motivos para
tratar as mulheres como objeto, para odiá-las até. Aos vinte e poucos anos
tinha conhecido, ali mesmo na rua, Daniela, de quem acabou ficando noivo. O
romance durou quatro anos e, na época,
Dinho estava tão apaixonado que insistia, embora Daniela, não quisesse, em
casar. Tanto insistiu, que Daniela acabou concordando, e ele, feliz como nunca,
comentava com os amigos:
- Agora eu vou mudar de vida, chega de galinhagem...
O casamento não aconteceu porque, dias
antes, Dinho flagrou Daniela trepando
com um amigo seu, e ainda por cima em seu
apartamento, do qual ela tinha a chave. Foi um escândalo. Difícil mesmo
foi explicar para os amigos, mas Dinho arranjou uma desculpa:
- Eu não nasci para esse negócio de casamento. Agora tá tudo bom, mas daqui
a pouco ela vai querer mandar em mim e eu vou ficar babacamente prisioneiro,
como vocês. É melhor pular fora antes que a desgraça aconteça.
Desde esse dia, Dinho passou a
frequentar menos os bares da rua. Para fugir do noivado desfeito ia a bares distantes e só queria mesmo
era sair com as putas. Justificava para si mesmo:
-
Puta não se envolve, não deixa eu me envolver, e se amanhã passar por mim na rua finge que nem me conhece. Além do
mais, eu posso comer uma diferente
por dia, que, afinal, buceta só serve para isso mesmo.
De vez em quando, fazia
discursos inflamados contra as mulheres que
são uma filhas das putas e só servem
para trair os homens. Só de lembrar o chifre que tinha levado da Daniela
ficava possesso e gritava :
-
Não tem mulher fiel nesse mundo. Até puta trai a gente. Todos vocês já foram
corneados - dizia, como se estivesse
apontando para todos os homens no bar.
Desse dia em diante, o revoltado Dinho saiu à
cata de uma mulher fiel. Convencido de que não existia mulher, fiel acabou
comprando, numa sex shop, uma mulher inflável. Pagou feliz, pensando,
essa sim vai ser só minha e vai
fazer tudo e só o que eu quiser. Na
mesma noite, deu a primeira trepada com a
mulher inflável, que batizou
de Samantha, e adorou. Samantha estava sob seu total domínio:
não falava, não reclamava, fazia tudo o que ele quisesse, fodia na hora que ele
bem entendesse e, o que era melhor, não poderia traí-lo. Certo de que tinha,
enfim, arranjado a mulher ideal (aquela que ele tinha na cabeça), Dinho voltou a frequentar, com a
assiduidade anterior, os bares da Miguel Lemos, e contava para os amigos que
tinha encontrado a mulher de seus sonhos.
A
boneca não tinha vida e, portanto nem expressão, e muito menos emoção, mas ele
descrevia Samantha para os amigos como se fosse uma deusa. Dessa vez estava, sim,
apaixonado e nem precisava casar. Os
amigos começaram a ficar curiosos e a perguntar tudo, tudinho sobre essa deusa. Pela primeira vez em sua vida,
Dinho, que (da boca pra fora) se dizia um liberal, morria de ciúmes, mesmo
consciente de que, com Samantha, não
seria traído. Mas a fama de galinhão
falava mais alto e Dinho continuava paquerando, só para se mostrar na frente
dos amigos, as mulheres da rua, até que conheceu Lucy, um banquete louro para 400 talheres.
A
paquera deu certo, e no dia seguinte, lá estavam Dinho e Lucy em seu
apartamento. A Samantha vai entender, pensava Dinho, enquanto beijava os
olhos, os ouvidos, a boca de Lucy que,
ao contrário de Samantha, reagia com emoção. No quarto, os corpos de Dinho e
Lucy se entrelaçaram. Ele chupava aquela buceta viva, ela chupava seu pau.
Gemiam os dois, mas Dinho estava com a consciência culpada e não sentia o mesmo
prazer das outras noites. O pau de Dinho
estava quase explodindo de tão duro. Lucy, excitadíssima, oferecia a xoxota, e
quando achou que Dinho ia, enfim, enfiar aquela caceta dura, ele jogou o braço
para baixo da cama, puxou Samantha e
foi nela, que permanecia, como sempre, imóvel, que enfiou seu pau do qual
jorrou imediatamente uma grande quantidade de porra.
Sentada na beira da cama, Lucy
não entendeu nada. Achou que valia menos do que um objeto. Sentiu-se um lixo de
carne e osso, enquanto Dinho dormia abraçadinho e feliz com a impassível Samantha. (Eli Halfoun)